sábado, 28 de maio de 2011

"COISA DE MULHER....haverá quem não me entenda?? rsrsrs"



Pois...uma tarde no seu melhor em matéria de todas as agressões possíveis, climatericamente falando : chuva torrencial, trovoada de fugir, granizo a dar com um pau!!...
Ah pois...porque agora estamos muito finos... Cada vez que chove, vem uma "saraivada" a anunciar-nos que a próxima "era glaciar" está aí à porta!!! Ahahah

Tirei parte da tarde ( que remédio), para levar a bom porto algo que é das maiores "estuchas" por que passo duas vezes ao ano, e que sempre adio enquanto posso: trocar as roupas, os sapatos e as malas, de roupeiros...inverno-verão.....verão-inverno, estão a ver?

Isto é uma tarefa de fazer suar as estopinhas a qualquer um, dado o recheio "substancial" p'rá troca, como ainda porque é um verdadeiro feito, "enfiar o chamado Rossio, na Rua da Betesga"!...
Eu empurro, eu subo a bancos, eu espicho-me quanto posso para chegar ao topo do armário, eu transpiro que nem uma doida, eu blasfemo e eu pasmo também...
Aliás, a estupefacção é o primeiro "abanão nas bases" que experimento.
"Como é possível, meu Deus, como é possível...aqueles trapinhos todos e sempre acharmos que não há nada para vestir??!!..."

Eu deliberei que não mais olho montras, até porque já tenho "roupinha" inclusive que chegue à "mortalha", mas ainda assim...lá se claudica de quando em vez!!

Ultrapassada a fase da estupefacção, há depois o êxtase...
Aquela tralha do ano passado, do antes do ano passado, de há cinco, se calhar com um bocadinho de jeito, de há dez temporadas atrás, "renasce das cinzas" qual fénix!!

Tudo ( por esquecido pelo menos meio ano no roupeiro), surge totalmente "reabilitado"...novíssimo em folha...Ficaremos um deslumbre, seguramente...
Pelo menos... pelo menos, até ao momento em que começarmos a tirar as pecinhas do "encavalitanço" das cruzetas. Porque aí, serão "outros quinhentos"....
O nariz torce-se porque afinal a toilette não "brilha" lá essas coisas...os quilitos que entretanto bem provavelmente acumulámos, já não lhes dão "aquele toque" que esperávamos, aquele "glamour" desejado, e...voltamos ao princípio : "Afinal, não tenho lá grande coisa p'ra vestir!!!..."

Oh gente da moda...que "pisam e dançam em cima"!!....Oh imaginações de um raio!  Se fossem gozar p'ra....p... q...os....p.....!!! (Isto tem que levar o "ózinho" no canto do monitor)...
É que se no ano passado era amarelo, este, seguramente será azul.... Se a saia era comprida...agora será curta...Se os sapatos eram de bico...este ano, quanto mais redondos melhor!!!
Não há quem aguente!!!

Neste momento, estou exausta!!

Não almocei sequer, comi uma droga de uma fruta que não se chegou bem ao corpo e dois bombons (essa, a parte deprimente da coisa, ou a mania que as mulheres têm, de se compensar com chocolate...)
Bom, o tempo não melhora. São seis da tarde; por este andar, daqui a pouco anoitece e eu pergunto : "O que é que me sobrou deste sábado, a brincar de esconde-esconde a Verão???!!!...

Anamar

quinta-feira, 26 de maio de 2011

SEM COMENTÁRIOS..... SIMPLESMENTE..."MAGNIFICENT"!

Chegou-me via e-mail.

Chegou-me e "esmagou-me" literalmente...
Óbvio que não comento....óbvio que é mesmo SEM COMENTÁRIOS, pelo simples facto que é   "MAGNIFICENT"....
 
PARA VOCÊS REFLECTIREM E SE SENTIREM PEQUENOS como eu me senti.........



Anamar

"AVULSAS"

Saiu de casa e viu o cachorro ao sol, preso a um banco, com a trela quase a sufocá-lo tantas voltas já dera em desespero, de ali estar só, do calor impenitente, da sede...
Já vinha a ouvi-lo desde casa, antes mesmo de descer à rua. Os seus ganidos já a haviam trazido até junto da janela, para tentar perceber  o que se passava, o que eram aqueles gemidos de aflição.

A revolta avassalou-a, o sol era implacável para quem a ele se expunha, mesmo sendo um cachorrinho.
Estava muito assustado, era demasiado meigo, excessivamente dócil e portanto não reivindicativo.
Tentou desembaraçar-lhe a trela, de início a medo, porque não conhecia a possível reacção; o coração do bicho, o seu arfar, o cansaço do "choro" que o dominava havia tempo e tempo, levaram-no a encostar o seu corpo ao dela, submisso, doce, agradecido...
Trouxeram-lhe água, tentaram localizar o "dono"...um indivíduo completamente "out"....drogas, químicos evidentes, que o impediram de reagir quando questionado...
De novo junto ao dono, o cachorrinho preto dessedentou-se ...e foram embora...

Viu-os seguir e pensou..."até para se ser cão é preciso ter sorte!!..."

Regressou um par de horas depois. No mesmo banco, estavam outra vez, ao sol de mais de 40ºC, agora, dono e cachorro preto.
O dono continuava "pedrado" e não dava pela canícula que se sentia. O cachorro deitado a seus pés, em paz, apesar do calor, apesar da ausência de água, se calhar de comida, se calhar de afecto...

Sempre a maldita "fidelidade canina..."



"Os homens não nos ligam nenhuma!..." - dizia uma à outra, frente a um prato de caracóis, entre dois goles de cerveja bem gelada.

Trabalho terminado por hoje, "portas" encerradas até outro dia repetido a papel químico, amanhã.
Mágoas carpidas à fresca, debaixo das ramagens do Campo Pequeno.
Falavam de tudo e de nada, muito mais de desencanto do que de encanto.

"Estamos nós preocupadas com a celulite, as banhas, os pelos...eles nem vêem!... Iludimo-nos a pensar que podemos contar-lhes as nossas mágoas, falar-lhes dos buracos do coração....eles "pairam" por cima de tudo isso!...
Não é nada disso que os interessa, nada disso que os preocupa, esses não são os "laços" que procuram. Aliás...eles não procuram "laços"!...
As pessoas hoje não querem "correntes". Não há mais "nós", dados com duas pontas bem apertadas. Só há "retalhos", pedaços, peças de puzzles que nunca o serão..."

À medida que a cerveja "subia", a alegria "descia" e uma nostalgia dolente como a tarde fervente, instalava-se.
O olhar de ambas também atraiçoava o que se calhar queriam esconder..."Bolas...é isto a VIDA??!!"...



Esperava no Centro de Saúde que a chamassem para a consulta. Janelas abertas, ar irrespirável, tanto mais, à medida que a "colmeia" enchia.

Na rua, uma caravana eleitoral anunciava-se aos berros, como convém, naquele gasto de gasolina inerente, megafones ao máximo. Música e frases bombásticas a esmo, agressoras dos nossos tímpanos.
Ridículas, no mínimo ridículas...

Perguntou-se: "mas será que esta gente acredita mesmo neste circo? Será que aceitam pacificamente esta forma debilóide, esta figura de palhaços tristes que encarnam??!!
Não haveria maneira de, nesta altura do campeonato, em que o país está de "calças na mão", em que estendemos miseravelmente a mão aos de fora que nada nos são, e por isso nos sentenciam sem dó nem piedade, não haveria maneira (até porque conhecemos as atoardas de tantos outros carnavais), de pelo menos nos pouparem a esta poluição sonora??!!...."

Anamar

sábado, 21 de maio de 2011

OS VELHOS "MENUS"....


Um dia de chuvinha no meio de dias de sol que pareciam convencer-nos que o Verão viera já para ficar.

Estou particularmente irritada hoje. O tempo mudou, as minhas maleitas também, eventualmente o meu treino foi p'ro espaço. Dou por mim no "tal" pequeno almoço "ajantarado" que conhecem....sentada à mesa do "tal" café, a "soprar", como quando se alivia a panela de pressão.

Há alturas, momentos, dias na rotina diária, em que há verdadeira conjugação de factores trucidantes sobre o nosso estado de espírito.
Parece criar-se uma conjugação "astral" qualquer, francamente negativa, que consegue pôr "em franja" a nossa melhor boa disposição.
É coisa aqui, coisa ali, coisa além...nenhuma na verdade importante, mas todas juntas a formar um bouquet de margaridas murchas...

Outra coisa que me está a irritar, para melhorar o estado de espírito, é exactamente este "chove não molha" deste meu nada para dizer e necessidade de o fazer, o que prevê um futuro negro para esta crónica de hoje.

Passei agora pelo "Escudeiro", sempre passo diariamente... As obras estão em fase de finalização.
O espaço interior está muito agradável, tenho que ser honesta, moderno, maior, luminoso, convidativo...
Mas faltava lá o "meu" Escudeiro!!

Olhava o actual, e visualizava o antigo...
Olhava o que serão as pessoas ali, futuramente...e via-me a mim, ao balcão...
Imaginava os novos empregados no atendimento e "estavam lá" o sr. Alexandre esperançoso e o sr. Veloso, rabujento...

Falhou-me, em relação ao Escudeiro, algo que se não conseguir ainda realizar, me deixará desasada do coração!!  Porque deveria ter-me lembrado!!
É o tipo de coisa que ou se faz agora, ou nunca mais se consegue fazer...do género das despedidas aos nossos defuntos. Ou se diz em vida o que há a dizer, ou vamos remoer-nos no resto da nossa, por nunca o termos feito e ficamos amargos pela impossibilidade de não o poder fazer nunca mais.

Passo a explicar este puzzle de ideias:  Na porta de madeira pesada, rústica e conventual, de aldrabas de ferro, que dava para a rua, sempre estavam diariamente expostos, os menus do dia.
Vi hoje que a porta também não foi aproveitada pelos novos donos.
Aliás, nestas reformulações sempre se descarta até à exaustão, a "velharia", como algo, que por o ser, já não é aproveitável.
Pode ter sido bonito, ter sido útil, ter sido de bom gosto e continuar a sê-lo...mas é apenas "velharia".
Parecem os carros a saírem dos stands. Passou a porta, desvalorizou num ápice!
Ou a frota do Governo...mudou de "gerência"...mudaram os carros....quase "zerinho" quilómetros...mas meras "velharias"!!...
Afinal, já houve alguns rabos que se sentaram neles...
Não os suficientes para os tornarem poídos, para lhes tornar o veludo "ruço", sequer para lhes deixar lá a marca dos tamanhos...mas são "antiguidades"...acabou!!...

Bom, dizia eu que neste momento, o Escudeiro é detentor de uma porta nova, incaracterística, mais "chapa 3", do meu ponto de vista....mas nova!!
Com a antiga, foram-se os últimos menus, e com eles, o resto das minhas recordações materiais objectivas (porque as outras, essas nunca mais se irão.... porque eu não sou pessoa de conseguir "descartar" grande coisa!! Não elenquei ainda o Governo, é o caso!!...)

Vou tentar recuperar um que seja. Ficaria muito feliz com isso.

Já procurei por informações donde possam estar, e se for preciso irei atrás....ao contentor, ao papelão, à "lixeira da vida"....ao "Velhão"...

Com um bocado de sorte, os velhos menus, do velho Escudeiro, voltarão a ter vida  no meu ficheiro de afectos, voltarão a ser "novinhos em folha", porque imortais...no meu coração e na minha alma!!...

Anamar                                   

domingo, 15 de maio de 2011

"30 ANOS DEPOIS..."


30 anos depois o "rei" continua vivo na Jamaica...

Bob Marley morreu há exactamente 30 anos e até hoje, o "rastafari" mais carismático daquelas terras, o ícone musical do raggae, dança-se em cada terreiro, em cada praia, debaixo daquele sol abençoado, em cada "dance-café"....ecoa no embalo daquele mar sem ondas, que é apenas berço de ninar !

O rei da liberdade, da "paz e do amor", continua adorado, inviolado, venerado pelo seu povo.
Os seus temas..."One love"..."No woman no cry"...sobem-nos até à alma...
Com eles, hoje "voltei" à Jamaica, para concluir dentro de mim, que ainda terei que voltar à Jamaica...para lá das asas do sonho, para lá da força da vontade, para lá da ilusão que "aquela Jamaica" continue ali...a Jamaica de 2006 continuando à minha espera!!!...

Sei que não é nada disto!

Sei que eu hoje já não sou "aquela".....sei que a Jamaica hoje...também não!...
Mas o "rei" ainda é o mesmo, a sua voz continua a arrepiar-nos o coração!  No "Rick's cafe" todos os dias, muitos, estarão ao som e ao ritmo inesquecível do raggae, a dançar, a fumar "marijuana" e a ver o sol...aquele sol incrível, do laranja ao roxo....a tombar de mansinho na linha do horizonte...

Em "Martha Bréa", o "Ray"...o rastafari mais emblemático ...ao sabor da corrente, continuará rio acima e rio abaixo, a navegar naquela jangada!
Será ainda a jangada onde eu me passeei? O marulhar das águas nas ramagens silenciosas terá ficado suspenso até que eu regresse?

A Terra continuará a dar os únicos frutos que o homem pode usufruir, porque os rastafari sabem que Jah, o seu Deus, não lhes permite violar a natureza pródiga...apenas aceitar a sua pujante generosidade!...

E a paz da tarde abençoada pelo cair do calor implacável, os cheiros dos trópicos, a nudez e a leveza dos corpos, a dolência que os envolve e o ritmo bamboleante...tornam Marley, tornam a Jamaica, um local só MEU!!!!....

Anamar

sábado, 14 de maio de 2011

"AO ALCANCE DE UM CLIQUE"

Todos os dias àquela hora vestia o seu melhor vestido, maquilhava-se a rigor, perfumava-se, abria as portadas e esperava.
O Mundo estava à sua frente....Espantoso, como as pulsações se aceleravam, como por vezes um calor gostoso lhe subia...

Procurava uniformizar os diálogos. Não podia ter versões frágeis ou menos convictas. Regredia mais de década na idade, mudava de emprego, passava a ter metas, projectos...sonhos.
Punha-se noutra pele, "montava-se" noutro rosto...
Apenas, porque o coração era o mesmo, o "ar" sofrido, a nostalgia interior de alma, acabavam atraiçoando-a, denunciando para o "outro lado", à sua revelia, um pouco da imagem real que desejava apagar.

Esse era um lado, daquele "dois em um", que atraía muita gente, porque muita gente se identificava com ele, porque muita gente andava sofrendo por aí, andava em silêncio e em solidão pelas esquinas...

Quando soltava sem comportas essas "torrentes" e se punha a nu, deixava suspenso quem lhe admirava o "verbo" fluente, desinibido, quente e cativante, eco de vozes e vozes das noites sem fim...
Porque ela falava do que muita gente não conseguia verbalizar, embora sufocada até à garganta;  porque ela punha dúvidas, inquietações, mágoas, duma forma simples, procurando identificação do lado de lá, miscigenação com os "zombies" das noites sem lua...mas também aconchego, ombro, cólo, calor...

Pelas madrugadas não se regateia o cólo, não se questiona o companheiro de travesseiro, não se escolhe em demasia o ouvinte...sobretudo se o ouvinte nem tem rosto visível...apenas aquele que ela criara na sua cabeça.

Aquela varanda tinha dessas coisas : a construção de imagens sobre imagens, de rostos, de sons, de hálitos, de timbres de voz, de mãos, de cheiros, como num caleidoscópio alucinante, num fractal maravilhoso!
Aquela varanda deixava  que flutuasse pelo éter, sem limites ou fronteiras, apenas regida pelo sonho, apenas comandada pelo instinto, apenas impelida pelo coração!
Era, mas já não era mais ela, anonimamente saltitando de nuvem em nuvem, de estrela em estrela, rodopiando num baile lúgubre, de mãos dadas com os esfomeados de afecto, com os desencantados dos sonhos, com os cépticos dos amanhãs...
 
Por isso, àquela hora, ela sempre vestia o seu melhor vestido para ali assomar.
Jamais sairia dessa varanda...
Se o fizesse, destruiria o fantástico, o imaginário, o extraordinário e incrível que era, ter o Mundo apenas ao alcance do clicar de uma tecla!!...

Anamar

quarta-feira, 11 de maio de 2011

AFINAL HOJE ESTOU PARA "ALFORRECA"!!...



Constato que ando a escrever muito pouco.

Devo andar naquela fase lunar em que a Lena diz que "alforreca"... 
Eu não "alforreco" exactamente, se é que o "alforrecar" dela é tanto quanto o entendo...
Em relação a mim...acho que "encaracolo" ou "entartarugo"...muito mais adequado.
Entro na fase atípica de uma hibernação morna, e fico assim, em banho-maria, até que...até que...pois, essa a questão.
Não me ocorrem ideias, nem decisões, não sinto nenhum "frisson" a amarinhar-me...logo eu, que sou a mulher que vive de prego a fundo, no máximo das rotações emocionais...

Não é que na minha vida não aconteçam coisas, não haja balanços do barco que quase me deitam borda fora. Nada disso...De facto neste "turbilhão" nada temos de sossego; os desafios colocam-se-me diariamente, a necessidade de satisfação e de paz interiores não me dão folga.
A escolha de caminhos, as encruzilhadas a desfilar à minha frente, as rotundas que contorno, contorno para vislumbrar a melhor saída, deixam-me como barata tonta, mais baralhadinha das ideias do que nunca, de "olhos em bico" e neurónios em "baile de máscaras"...

Realmente na minha vida, e se calhar na vida de toda a gente, raramente nada tem o timing certo, raramente nada tem os condimentos desejáveis para preparar consentâneamente uma boa refeição.
Se há isto, não há aquilo, se há aquilo, quem sabe não era melhor haver isto??!!

E o ser humano no arame da vida, a olhar entre o equilibrar-se lá em cima e o abismo que o espera, mesmo por baixo!...

Estou, para variar, naquele café do pequeno almoço, aquele café de população fixa e reconhecidamente "típica"...já vos falei sobejamente!
Agora pensava eu: "Nem sei como o país ainda está em crise...Tanto "economista" bom a apontar saídas!... Tanto "político" credenciado a parir ideias brilhantes... Tanta solução a dar "sopa" e ninguém aproveita!!!"

De facto, este café, se calhar este Portugal, resume-se a política e futebol.
Sobra pouco espaço devoluto, muito pouco espaço para sonhar, para escancarar os olhos e ver o que está à nossa volta, muito pouco espaço para pensar, pensar com o coração...muito pouco espaço para "sentir" e deixar penetrar até à alma este sol de Verão, que parece ter vindo sem bilhete de ida...

Talvez seja este clima de solução adiada "sine die", de túnel de luzes fundidas, de inquietação de coisa que espera em fogo brando, que está em mim, que estará em muitos de vós, que está na sociedade e se calhar no Mundo...que me deixa assim, tipo no banco da estação a "vê-los" passar, tipo no "banco da Vida" a vê-los escoar...tipo doente de hospital com respiração assistida...

Uma droga...isso sim!!!...

Constato que ando a escrever muito pouco...e que acabo de parir um texto pobrezinho, pobrezinho, irrelevante que dói, junção de palavras com estados de espírito, de estados de espírito com melodramas pessoais sem solução à vista...

Bolas....Acho que afinal sempre atingi o meu melhor estado possível de "alforreca"!!...

Anamar

quinta-feira, 5 de maio de 2011

SONHAR ACORDADO ! ! ...

Olhava há tempo perdido para uma revista de viagens, daquelas que no sonho, se buscam nas Agências, sempre a pensar que se arranja dinheiro para se ir por aí...concretizar o que prende nas brumas do sótão, no nevoeiro do coração...
Olhava da direita, da esquerda, sublinhava, calculava os recursos cada vez mais parcos que a crise instalada lhe deixava.

Quem diz que não se viaja assim, numa mesa de café, entre um pão e uma chávena, com uma revista à frente, ou numa cama, com o "Travel Channel" aos pés a fazer "negaças"...ao deitar??!!

Anda por aí e já tem "barbas",  um e-mail humorístico, negramente humorístico, que se denomina : as "férias dos portugueses"...
Tristemente humorístico, diria, quase macabro!
Nele, está um "português", deduz-se, devidamente equipado em traje de praia, óculos escuros, chinelas nos pés, uma bebida de palhinha à frente, refastelado numa poltrona, frente a um PC que lhe mostra imagens de ilhas paradisíacas do imaginário de todos nós.
E o portuguesinho, de charuto na boca, deixa voar o sonho por aí fora, até ao Índico, ao Pacífico, às Caraíbas...e fica sempre por ali, naquela sala ou naquele quarto...

Num filme revisto um destes dias - "Colisão" - um taxista tem consigo, na pala do tabelier do carro, um postal com uma vista das Maldivas, e nos momentos de repouso, entre dois clientes, visualiza, ao jeito de carregar baterias, aquela paisagem onírica...
Também ele sonha, também ele se deixa ir para lá daquelas viagens, nas noites escuras de LA...

A mente e o seu "vaguear", o sonho, a liberdade individual de ir....o Governo, a Crise, o FMI...ainda não conseguiram penalizar, tributar, "cortar".....já que os jornais, esses, todos os dias são mais pequeninos, quase minúsculos...se os avaliássemos pelos "cortes" com que nos infernizam a vida!!!...

É um crime não poder de facto amarinhar para as asas da sua gaivota, "acertar" com ela o preço da "corrida" ( se calhar só de ida ) e simplesmente ir com o vento de jeito, numa "emigração" sem retorno...que este país não está para nada!!! - pensava.

Se pudesse, deixaria de comer...hibernava...até poder deitar a cabeça de fora e seguir...
Tantos destinos a visitar, tantos pores e nasceres de sol à sua espera, tanto mar de águas mansas e quentes, tanto verde esbanjado, tanto céu de turquesa, tanta natureza pródiga e gratuita, essa sim, ao alcance de uma mão...ao alcance de tantos euros....

Pensava em como curta era já a "viagem"...para desejos tão compridos....em como os sonhos eram do tamanho do Mundo, com o Mundo a encolher a olhos vistos!!!....

Anamar

quarta-feira, 4 de maio de 2011

"ESTA NOITE TIVE UM SONHO...."



Esta noite tive um sonho.

Não foi um sonho qualquer;  a sua intensidade foi na proporção da insónia que o havia antecedido, e "retratou" tudo aquilo em que matutei durante o tempo de vigília, em que rebolei na cama, com posição, sem posição, com frio, com calor...sei lá!! 
Era um sonho tão vívido, mas tão vívido, daqueles que nos passam com total fidelidade tudo o que se calhar não queríamos que fosse apenas sonho. as imagens, as sensações, os sons, os desejos, a paz...

Desses sonhos, o pior é acordar e constatar isso mesmo: que embora os lembremos em pormenor ( o que normalmente na maioria das vezes não acontece, porque mal abrimos a pestana o sonho já foi, e já não estamos lá para lhe juntar os retalhos...), eles foram, de facto, só isso...uma miragem que nos povoou a alma, um afago que nos "massajou" o coração e uma raiva daquelas, por termos sido indecentemente "ludibriados" por uma história bem contada demais!!!

Foi exactamente o que pensei ao acordar, já depois de ter saído do torpor ou do embalo desse sonho : "Era bom demais para ser verdade!!!..."

E senti-me usada e devassada abusivamente pelo reino de Morfeu!!!

Ontem pensava eu também : os defeitos da visão desfocam e adulteram essa visão...todos sabemos. Quando a vista começa a ficar desfocada para lermos o jornal da manhã, tentamos compensá-la afastando o jornal, "encompridando" o braço...e depois, até isso, já não chega!

Para nos vermos no espelho, exactamente igual; a nossa imagem nítida de outros tempos, fica "providencialmente" (digo eu), mais e mais indefinida.
Se pudéssemos sair do espelho e vermo-nos cá de fora era mais fácil, teríamos maior rigor e acuidade de análise.
Como se pudéssemos abandonar a "moldura", e de fora observássemos acutilantemente o "boneco". A objectividade trazida pela distância, seria por certo, maior.

Por vezes vem-me à cabeça uma teoria defendida por quem acredita na reencarnação, e portanto na multiplicidade das vidas após as vidas....e em que se diz que cada ser, ao morrer, liberta a sua "essência", alma, energia, o que quiserem, a qual, abandonando o corpo que "habitava", "assiste" ao seu próprio enterramento.
Paira e observa...

Não me pronuncio sobre isso, não tenho opinião, ideia formada a propósito.
Penso no entanto que gostaria de me poder observar também, com distanciamento, porque ele trar-me-ia maior isenção e análise, estou certa.
Assusta-me muito a miscigenação ou "promiscuidade" de mim comigo mesma, porque me tira capacidade de saber onde "começo" e onde "acabo"...
Assusta-me muito a perda da noção de fronteiras, de realidades, de conveniências até!

É como se as dioptrias se fossem estendendo dos olhos à cabeça, toldassem irremediavelmente a razoabilidade, os princípios e até valores...
E a droga é que para o coração ainda não inventaram óculos adequados...e o meu, está cada vez mais cego!!!...

Olhem, isto hoje está demasiado hermético???  Não sei...só pode ter sido porque esta noite tive um sonho...

Anamar