REQUIEM PARA WUHAN
Hoje foi um domingo de sol em Wuhan.
Foi a esperança que mo disse. A doçura de um sol frouxo penetrou pelas vidraças veladas, fechadas há muito, na reclusão de quem foge ao horror lá de fora.
Sente-se o silêncio da condenação dos condenados, nos hospitais, nas casas ... nas ruas ...
Experimenta-se o medo ... o pavor de quem foge aos tentáculos monstruosos que pairam por ali ...
Agoniza-se de terror pelo ar que se respira, pela mão que se toca, pelo monstro gigante que espreita em cada esquina ... e emudece-se sepulcralmente ...
Experimenta-se o medo ... o pavor de quem foge aos tentáculos monstruosos que pairam por ali ...
Agoniza-se de terror pelo ar que se respira, pela mão que se toca, pelo monstro gigante que espreita em cada esquina ... e emudece-se sepulcralmente ...
Percebe-se a exaustão dos que lutam, dos que se excedem e se ultrapassam na ânsia de chegar primeiro. Antes dela ... da morte !
Mas a esperança ainda lá vive.
A esperança dos que se sentem abençoados pelo simples facto de amanhecerem, por cada dia.
A esperança dos que se sentem escolhidos, só porque, mesmo através da vidraça, podem ver o verde que ponteia naquela cidade amaldiçoada e mártir, de onze milhões de penitentes..
Uma planície aluvial de colinas, lagos e lagoas, antes pujante de vida, hoje o epicentro infernal de mais um descaso atroz do destino !...
Uma planície aluvial de colinas, lagos e lagoas, antes pujante de vida, hoje o epicentro infernal de mais um descaso atroz do destino !...
E o sorriso ...
O sorriso dos que ainda conseguem sorrir ...
O sorriso dos que ainda conseguem sorrir ...
... só porque em Wuhan há pegas azuis, que não desistiram de gorgear e de enfeitar hoje, ainda, um céu que foi azul também...
Anamar
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