E escureceu em céu e terra ...
De vermelho se pintou o universo
Vermelho, cor de sangue, cor de inferno
vermelho, cor de morte, cor de guerra ...
As ondas de loucura que avançavam
nos espasmos de um vento aterrador
sacudiam, destruíam e vergavam
as árvores que clamavam em estertor ...
A trenodia da floresta murmurava
súplicas aos homens e aos deuses
indiferentes ...
De desespero e impotência soluçava,
no estrépito langor da morte que cercava ...
mas como sempre, são os deuses, seres ausentes ...
E a noite que era noite, ficou dia
e acendeu de horror a escuridão
foi das árvores silentes, agonia
foi um grito de revolta,
um coração sangrante, moribundo e estropiado
abraçando os troncos ainda erguidos
que p'la natureza-mãe foram paridos
e pela mão do Homem, sepultados !
Erectas sobre a encosta, amordaçadas,
como esfinges, árvores mortas, sonolentas ...
no verde da memória ainda gravadas,
de pé, para sempre recortadas
quais fantasmas, se acabando na tormenta !
E em tudo aquilo que restou,
não há cantos, não há sombras, não há vida
só o tempo, indulgente, dará paz ...
Silenciam os mortos que ficaram
são testemunhas injustas que tombaram
são a voz da floresta em despedida !
Anamar
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