Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...
sexta-feira, 4 de maio de 2018
" A FOTO "
Normalmente nas minhas escritas adiciono uma foto, um vídeo, enfim, algo com que acho valorizar o que escrevo.
Desta feita, escrevo sobre uma foto ... esta, exactamente esta !
Tem esta foto, gratas memórias para mim. Digamos, que memórias gratas por inusitadas, por incomuns, por engraçadas ... memórias vivas.
Remontam a um período da minha vida sui-generis, já lá vão alguns, razoáveis anos.
Um período em que me pus em pé, depois de tormentas atravessadas. Um período de reabilitação e ressurreição, depois de uma turbulência sem tamanho. Um período de me repintar, depois de um cinzentismo nebuloso e insípido me ter tomado, parecendo não haver mais luz ou cor à minha espera.
Talvez por isso, ou mesmo por isso, escolhi para mim, na altura, como fetiche, esta imagem espantosa, de plenitude, esperança, vida, sonho, liberdade ... Tudo o que eu precisava desencavar então, do buraco fundo onde me encontrava.
Tudo isso eu precisava voltar a vivenciar . Tudo isso eu agarrava então, com toda a força preênsil dos meus braços, com toda a ânsia das minhas mãos, com toda a fé do meu coração.
E fi-lo com uma "fome" de vida que urgia voltar a sentir.
Fi-lo, com uma entrega de alma que me animava o âmago.
Fi-lo, num mergulho alucinado, de cima da falésia, não importando se me salvava ou me perdia, não importando se encontrava rocha ou tapete de flores à minha espera.
Era preciso que me sentisse viva, apenas !
Atravessei um tempo estranho, incomum, desconhecido, insuspeito. Saltei baias, desafiei limites, enjeitei convenções. Tapei os olhos, os ouvidos e a boca e deixei-me ir, na doçura do bote à deriva nas águas mansas de um riacho sereno.
Fiz descobertas, medi-me, tomei-me o pulso, alucinei-me talvez ... saboreei o sal, o doce e o amargo.
E sinto-me muito grata por isso.
Fiz uma travessia no desconhecido e sinto-me abençoada por o ter feito. Descobri ilhas inóspitas, galguei montanhas, desci ravinas, percorri desertos ... Voei com o condor, senhor dos rochedos. Planei com as gaivotas, no auge de liberdades plenas. Tornei-me muitas, sendo uma só. Senti-me sufocada de emoções. Desafiei o escuro com o sol a pino ...
E saí-me bem. De tudo me saí bem. Mais feliz, mais mulher, mais eu !
E sinto-me privilegiada, incomensuravelmente privilegiada, porque posso olhar para trás e sorrir docemente, cúmplice com a vida que foi generosa comigo e me mostrou valer a pena vivê-la, sempre, porque tudo é sempre surpreendentemente ENORME, pelo facto de nos sentirmos vivos !
Anamar
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário