O ser humano é resiliente.
Talvez seja apenas uma questão de sobrevivência, não sei, mas sempre arranjamos estratégias para aligeirar cargas, para reganhar optimismos, para ultrapassar dificuldades e manter o ânimo imprescindível à vida.
A existência de cada um é moldada desde a nascença, por muitos e determinantes factores.
Desde logo o pacote genético que independe de nós, e que transportamos nos cromossomas que nos formam.
Essa herança genética enraíza-se lá para trás, numa transmissão continuada de sinais, de informação e características que retrocedem gerações fora, muito além dos nossos progenitores, a antepassados tão recuados quanto impensável.
Como uma árvore que se alicerça na raíz, progride nos ramos, ascende à folhagem, engalana-se nas flores e multiplica-se pelos frutos, assim é o ser humano, cuja estrutura, poderemos dizer, ser semelhante.
Essa, a origem biológica da espécie.
Depois, o Homem integra-se numa família, numa tribo, numa comunidade, numa sociedade determinada.
E aí, toda a aprendizagem recolhida pelo "modus vivendi" dessas estruturas grupais, esculpe e delineia cada perfil, de "per si".
As culturas, que incluem linguagens, religiões e toda a panóplia de regras sociais, morais e antropológicas, os media e todos os instrumentos que conhecemos, manipulam e formatam cada ser .
Finalmente as relações inter-pessoais, quase sempre difíceis, paradoxais e contraditórias tantas vezes, as relações emocionais e afectivas, particularmente sensíveis, continuam a burilar as personalidades e a fazer de cada um, aquilo que ele é.
Essa aprendizagem incessante, estabelece balizas, dá limites, socializa em suma, o ser vivo. Fornece-lhe aprendizagens, transfere-lhe competências, como sejam o diálogo, a troca de opiniões, a dialéctica, de preferência construtiva, no sentido de uma valorização pessoal e social, no sentido da construção de uma estrutura sólida.
Felizmente que as imposições biológicas conflituam frequentemente com a bagagem cultural de cada indivíduo, conferindo-lhe a liberdade de não ser liminarmente reduzido a robot.
Nessa dicotomia, cada ser reganha a capacidade de livremente, ser aquilo que escolhe ser.
Daí a diversidade humana.
Daí advém a sua forma e a sua capacidade para enfrentar a realidade.
É portanto com toda esta panóplia de "armas", com toda esta diversificada bagagem, que o Homem se faz à estrada, lutando pela sua sobrevivência na base de um equilíbrio, quantas vezes periclitante e precário.
E aí a resiliência, o poder de aceitação, a superação, a coragem e a determinação, são as nossas mais valias, na luta do dia a dia.
Quem as tem, terá seguramente uma visão da vida menos amarga, mais despreocupada, optimista e "soft".
Quem as tem, é um resistente e consequentemente, um sobrevivente nesta saga que é o estarmos vivos !...
Anamar
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