segunda-feira, 23 de setembro de 2024

DE NOVO OUTONO ...



Chegou o Outono, outra vez ...

Nasci nele mas sempre me angustio ao senti-lo nos calendários.  Na verdade, não é bem angústia daquela doída que nos espreme o coração.  É sim uma coisa mansa e doce manifestamente entristecida, é algo que tem muito de interioridade, de introspeção, de silêncio ...

Parece que tendo o Verão fechado portas, a natureza baixou a luz, reduziu o som, aquietou-se como que preparando um sono repousante e morno para breve.
As cores dulcificaram-se, os tons pastel passaram a imperar, os campos aveludaram nos dourados, nos ocres e já nos primeiros castanhos. 
Agora a pintura é a sépia.
Os cheiros que são de fruta madura no ramo, de compota doce nas prateleiras, de castanhas assadas nas esquinas, enternecem-nos a alma.
Aguarda-nos uma espécie de hibernação, uma sonolência de calma e paz à nossa volta.  Os pássaros já se ouvem menos pela mata, há bandos que em formação migratória atravessam os céus em caminhos definidos, o sol já procura guarida mais cedo lá longe, no horizonte desenhado, e tudo amodorra e silencia ...
O Inverno virá depois, as suas agruras hão-de recolher-nos ao ninho.

É inevitável que o Outono na natureza seja uma extensão do Outono da vida.  É inevitável que à nossa revelia sejamos levados a compará-los, e é talvez por isso que eu fico assim, melancólica e nostálgica.

E passa tão depressa, que já chegou o Outono outra vez !...

Anamar