Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
" UM DIA DE CHUVA ... "
O dia amanheceu finalmente em "modo" inverno, depois de ontem nos ter sorrido primaveril, diáfano, de céu transparente e azul, sem que sequer um fiapo de algodão o pintalgasse ...
Hoje o firmamento carregou-se de nuvens dantescas, ameaçadoras e choronas, que ainda não pararam de verter água cá para baixo. Felizmente. Obviamente de forma feliz, para nos amenizar a preocupante e ameaçadora seca severa que se estendeu temporalmente além da conta, de uma forma contra-natura para a época.
O frio também fez jus à estação que atravessamos. E eu diria que até sabe bem ...
No meu posto habitual, que é como quem diz, o meu "miradouro privado", frente ao tal casario inexpressivo que se estende aos limites do horizonte ( permitindo que os meus devaneios nunca sufoquem por aqui ) ... olho as nuvens no alto, que se deslocam ao sabor da aragem, vejo algumas gaivotas intrépidas que ousam planar desfrutando a intempérie ... ( ou não fossem elas pássaros de falésias, de mar encapelado e de salpicos de espuma endiabrada nos areais ), assomo por instantes breves, tentando ver se o meu Farrusco se atreve, no terraço lá de baixo ... constato uma outra vez que o meu plátano atrevido se desnuda mais e mais, despudoradamente ao sabor do vento que o sacode e lhe eleva as folhas mortas ao nível do meu sétimo andar, e penso ...
Penso como na verdade a vida é interessante, curiosa, desafiadora, estimulante !...
Reli ao longo desta tarde, alguns posts meus, com tempo de escritos. Remontam a alguns anos atrás.
Revisitei-me assim, à distância que o tempo permite.
Re-olhei-me com a isenção e o desapaixonamento possíveis, de alguém que se analisa cirurgicamente. A que eu era, a que eu fui, como o fui, por que o fui. De fora para dentro, sem complacência ou pieguice.
Reflecti, maturei pensamentos, auscultei posturas. Esgravatei emoções, mexi em sonhos que me povoaram, percebi dores e sofrimentos ... pacificamente ... e não me penalizei por isso.
Convivi com a vida real. Com as escolhas reais. Assentei e firmei os pés bem no chão, por forma a catapultar-me ao futuro, com esperança e confiança.
Porque o futuro é afinal o desconhecido que nos espera, a partir do presente que vivermos. Há por isso que valorizar cada momento, enfrentar corajosamente cada atribulação, deixarmo-nos surpreender com os desafios, acreditar que a vida é como as marés ... depois da maré baixa, sempre uma preia-mar chegará ao destino e que, tal como este tempo atmosférico de sol radioso seguido de um abençoado dia de borrasca ...
" um dia de chuva é tão belo como um dia de sol ; ambos existem ... cada um como é ! "
Anamar
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
" E A RODA RODOU DE NOVO ... "
Época estranha esta !
Mesmo os mais resistentes, sempre se deixam envolver e "mexer", por um clima global de sentimentos, emoções, reflexões, balanços contraditórios.
Todos sabemos racionalmente que o 31 de Dezembro é igual ao 1 de Janeiro.
Todos sabemos que a escorrência do tempo prossegue segundo a segundo, com a inevitabilidade do que nunca é reversível. Mas de repente, porque o Homem criou fronteiras, balizas, bitolas, achamos que pulámos de uma qualquer margem para outra, promissora margem de valer a pena, miraculosamente diferente e seguramente melhor !
Olhamos para o Novo Ano como auspicioso, como um paraíso que nos pisca o olho, a nós que ainda estamos num ano já rançoso, já gasto, que já deu o que tinha a dar ...
E agora sim, os milagres da mudança, da reconstrução, do aperfeiçoamento e consequentemente da felicidade ... aquela que nos foi escorregando das mãos nos 365 dias transactos ... aquela que nos espreitava e fugia num esconde-esconde sádico de jogo de promessa ... vão propiciar-nos finalmente a almejada existência que sempre acreditámos merecer ...
E melhor ... numa espécie de passe de mágica, na proporção das Boas Festas que fomos pulverizando profusamente, com o coração cheio de bonomia e generosidade, por amigos, conhecidos e até desconhecidos ...
Só que esse "balão" insuflado de ingenuidade esperançosa, de boa vontade a rodos, de solidariedade magnânima, irá inevitavelmente esvaziando com o transcurso das horas, dos dias, dos meses ... até que outra passagem recarregue as expectativas, os sonhos, a fé e as vontades.
Até que outro rio de esperança se reabra à nossa frente !
Até que volte a ser Dezembro de novo, e a "roda" complete a caminhada !...
Agora ... bem, agora que o Ano está fresquinho de recém-chegado, criança de nascido, vemos, revemos, rebobinamos as nossas histórias. As histórias das vidas, porque todas as vidas sempre são enredos mais ou menos felizes de histórias ... as nossas !
Só nós as conhecemos no recôndito do privado. Só nós lhes conhecemos os cheiros, as cores, os risos e as lágrimas. Só nós lhes podemos dar nomes e reconhecer as personagens. Ninguém mais !
E temos que as abordar sem severidade, acredito. Temos que as encarar com tolerância, carinho e aceitação. Porque foram seguramente as que conseguimos escrever, como conseguimos escrever, com a convicção de que cumpríamos o designado.
E depois, sim ... pacificados com a nossa alma e de boas relações com o nosso coração, podemos então calmamente, fazer uma "arrumação de casa", uma "faxina" de decisões, um "cardápio" de sonhos ...
Mas sobretudo, é desejável que esse processo de intenções seja permanentemente dinâmico, actualizável, corrigível, questionável, aperfeiçoável, fazível ... ao alcance das nossas forças, das nossas incompletudes, de acordo com as nossas vontades, longe das utopias e angústias da perfeição, envolto no acreditar que passa por nós e apenas por nós, a capacidade da renovação e portanto da melhoria !
Só dessa forma fará sentido o balanço que nos propomos com perseverança, ano após ano, no esgotar dos doze meses que nos são concedidos !
Anamar
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