quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

" PEQUENOS / GRANDES TESOURINHOS "





Este tempo gélido embora ensolarado que nos remete para o aconchego de casa, encaminha-nos por vezes, para actividades nem sempre previsíveis.  Entre ler, passar e repassar a visualização de fotos de arquivo, até ao vasculhar mais exaustivo do computador em busca de esquecidas memórias, fiquei-me hoje perdida por vídeos que testemunham eventos, momentos ou circunstâncias que, já com alguma longevidade, fazem parte indestrutível da história da minha vida.
Verdadeiros pequenos / grandes tesourinhos que nos adoçam a existência !...
 
Não direi tratar-se de efemérides absolutamente felizes, ou totalmente feliz aquilo que reportam. Trazem-nos contudo, momentos que foram inteiramente felizes aquando foram vividos e partilhados.
Um deles, a reportagem do casamento da minha filha, já lá vão vinte e dois anos.  O outro, o baptizado do António, meu primeiro neto, juntamente com o necessário baptizado em simultâneo da tia, a minha filha mais nova, para que a mesma "amadrinhasse" o primeiro evento, passando desta forma de tia simplesmente, a madrinha do rechonchudinho menino então com quase quatro meses.

Ambos os eventos decorreram em Viseu, o primeiro na Igreja da Misericórdia dessa cidade e o segundo numa outra igrejinha menor, cujo nome não retenho.

O casamento, com total pompa e circunstância, desenhado ao pormenor nos mínimos detalhes pela noiva, teve de vida cerca de dois anos apenas, e o bebé nascido em Agosto de 2001, "assistiria" à separação dos pais, já pelo Natal desse mesmo ano !

Pode perguntar-se, uma vez que se adivinha muito de dor e sofrimento em todo este aparente conto de fadas desfeito ... castelo ruído em tão curto espaço de tempo, por que então eu reincido, masoquistamente parece, em ocupar tardes ociosas, a rever e a deleitar-me com imagens que talvez não acarretem memórias muito doces ??!!

Pois bem, além de me deliciar efectivamente, vendo e revendo uma e outra vez todos os pormenores, os mais ínfimos,  totalmente concebidos e gerenciados pela protagonista principal, revejo, bem ali pertinho de mim ( parece ), tantos rostos, tantas vozes, tantos gestos, tantas histórias que de longe se tornam próximas outra vez !
E porque a ilusão é meio caminho andado para a felicidade, como me sinto feliz, revendo tantos que já partiram e dessa forma regressam momentaneamente ao meu convívio, tantos a quem os vinte e dois anos projectaram da infância à idade adulta, e tantos outros  ( então ainda remoçados pela idade que detinham mas também pela alegria que se desfrutava ), e que hoje ocupam a galeria sénior à qual também pertenço !

São muitos os que já nos deixaram.  Chegam a ser dezenas.  Esses, partiram mas ficaram gravados nos nossos corações e na nossa memória "ad eternum" !   Esses, hoje, são apenas uma saudade que dói ...
Histórias inacabadas, vidas que seguiram cada uma nos seus trilhos, rotas que eram cruzadas, se interligavam e que se desviaram definitivamente ... amizades e amores que se interromperam ...
Tudo por ali passa, no visionamento de cada imagem, no olhar cada sorriso, no escutar de cada gargalhada ou na partilha de cada pedaço de conversa ...

E percebendo os caminhos que pareciam obviamente abertos e não o foram, e olhando a imprevisibilidade dos destinos daí em diante, vendo a efemeridade dos tempos desenhados e incumpridos no que pareciam rotas certeiras ... claramente entendemos como a vida faz e desfaz, brinca e judia com tudo e todos ... dá e tira ... promete e não cumpre ... sem que nada possamos fazer, a não ser continuar sempre a sonhar, a tecer ilusões e castelos de nuvens de algodão, quais carneirinhos soltos nos céus, que sempre nos levem mais além, no sopro da aragem !...

A isso, chama-se esperança renovada !...

Anamar 

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