Enviaram-me ontem um texto/comentário ao meu último post, aqui do blogue.
Era um texto bem escrito, sem dúvida, mas cuja linguagem não identifiquei como pertencente a alguém conhecido, alguém cuja forma de expressão, me fosse familiar.
Afinal este blogue, sendo publicamente aberto, raramente cria pontes de comunicação com a autora, neste caso eu ...
Há anos atrás, quando eu ainda era bafejada por paciência, curiosidade, até gosto empático por quem eventualmente estivesse do outro lado, dava-me ao trabalho de satisfazer o meu ego, vendo os milhares de leitores que se davam ao trabalho de aqui vir. Existe uma ferramenta que já esqueci, que isso permite.
Eram muitos, como se vê no ainda presente contador de acessos, provenientes dos cinco cantos do mundo. Alguns, de sítios tão improváveis, que eu me maravilhava com essa constatação. Costumava dizer para mim própria que de facto há portugueses em todo o buraco do Universo ...
Acresce que este blogue é muito particular nos conteúdos dos posts, já que não persegue nenhuma linha de pensamento definida, é totalmente aleatório e livre, abordando aquilo que me ocorre, quando ocorre, anarquicamente exposto, aliás, um pouco à minha imagem e semelhança ...
Neste momento escrevo cada vez menos e consequentemente essa instabilidade retórica também dissuade, ou pelo menos, não prende literalmente o leitor, obviamente ...
Mas confesso que o conteúdo texto me aguçou a curiosidade, e a generosidade do mesmo também estimulou o meu lado narcísico ... ( afinal todos temos um ) ...😁
Assim, procurei saber através de quem mo enviou, a origem do mesmo.
Ora bem, que decepção, desilusão ou balde de água fria, como queiram, pela cabeça abaixo !...
Simplesmente ( e parece que infelizmente tudo isto é simples e "normal" nos tempos que correm ... ), o texto fora escrito, em cima do teor da minha exposição, "O desapego", por uma "entidade" fantasma que de imediato me desasou a alma ... a bendita da Inteligência Artificial !
Juro-vos ... nunca me dei bem com fantasmas, nunca gostei ou sequer tentei deixar-me ser manipulada por nada nem ninguém ... mas ainda assim, GENTE !
Agora, por uma entidade abstracta, difusa, ténue, esvoaçante, cuja "cara" nunca tive o grato prazer de enfrentar, uma coisa absolutamente estranha que tem apenas dois desideratos em relação a mim ( um deles mostrar-me que efectivamente o meu prazo de validade certamente está esgotado, sendo que o outro é deixar-me em permanência a sentir que piso ovos ) ... é algo que senti duma violência absolutamente atroz, como se eu terçasse armas contra um inimigo invisível, incorpóreo, fantoche, com uma dimensão que não se compadece com a pequenez da mente humana ...
A sensação de insegurança, a perda das linhas separadoras entre a verdade e a mentira, a mágoa de não se poder nunca mais saber que dois e dois são e serão até ao fim dos tempos ... quatro ... deixa-me mais perdida ainda, num mundo onde pareço cada vez já menos pertencer !...
Dirão que me armo em "velho do Restelo", dirão que padeço de um ataque de estupidez sem tamanho, dirão que já mofo e que já tenho um pé mais p'ra lá do que p'ra cá, e que repudio e desconheço a necessidade da evolução, do progresso, do avanço...
Nunca instalei o Chatgpt nos meus veículos de comunicação, de informação, de divulgação do que quer que seja. É que para mentirosos, aldrabões e com "criatividade" exacerbada, já me chegam aqueles, de carne e osso, com quem tenho que conviver diariamente ou que a vida se encarregou de atravessar no meu caminho ...
Desculpem o desabafo, mas senti no meu íntimo mais uma traição ou brincadeirinha maliciosa, do "pseudo-progresso", com que nos bombardeiam a cada canto ...
Verdade ? Mentira ? Como rastrear cada coisa que nos chega às mãos ?
Verdade ou mentira, como ter a certeza, qualquer dia, que na minha cama não é o Jonas que dorme coladinho a mim, mas um Garfield ranhoso qualquer, criado pela bendita IA ??...
Anamar
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