Enfim ... África é "aquela coisa " ... Não se descreve, não se explica, só se sente ...
É um misto de sensações e de emoções que nos extravasam e nos deixam impregnados até à alma, de algo invisível que nos desperta os melhores acordes da essência de nós mesmos.
Conheci África nos idos anos 70. Vi-a mas não a senti, menos ainda a usufruí ... sequer desejei "tê-la".
Pela primeira vez deixara os meus pais, era uma recém-adulta, se é que os vinte anos se podem considerar já, como um período de adultícia.
Rumara a África onde não tinha ninguém, só eu e o homem com quem casara quinze dias antes.
Era uma menina acabada de sair do lar paterno, a minha vida havia experimentado uma reviravolta total. Tudo mudara, tudo era desconhecido, enorme, avassalador, eu estava verdadeiramente num trapézio sem rede ... e África esperava.me.
Vivi dois anos em Luanda e aprendi, com algum sofrimento, a conhecer aquela terra ardente, de chão vermelho, de acácias e embondeiros, onde os limites e os horizontes estavam sempre mais além, onde o apelo da terra era um chamamento de cheiros, de cores e de sons estonteantes e irrepetíveis em qualquer lugar do mundo e onde a única palavra definidora era liberdade !...
Reencontrei África muitos anos depois, mas igual a si própria, envolveu-me de novo naquele abraço de carinho, de afecto, de calor humano, tão grande quanto aquele que abrasa a savana, tão generoso quanto o céu negro pontilhado de fogueiras acesas em cada estrela que o ilumina, tão misterioso e indizível quanto uma mágica que não se consegue alcançar nunca, porque os mistérios também não se explicam !
África é o cólo primordial, é o útero materno indefectível, é o irrecusável chamamento ás origens ... é o silêncio doce dum berço sem tempo, rumo à eternidade !...
Anamar
1 comentário:
Muito bem, novamente escrevendo.
África é outro mundo.
Grandes espaços e natureza.
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