sábado, 22 de agosto de 2009

"ENTRE O MICRO E O MACRO..."





Uma das magias que as Caraíbas têm, é a capacidade de num piscar de olhos, nos oferecerem um sol que impiedosamente nos fustiga até à alma, seguido de uma chuva tropical abençoada e envolvente.

Foi assim hoje.

Um céu com nuvens encasteladas, o calor do sol a atravessá-las forte, as cores das Pitons de um verde menos contrastante por isso mesmo, abraçados os seus cumes pelo "algodão" que plana mais abaixo...até o vermelho das acácias, provocador, não tão flamejante como antes...e repentinamente, como em surpresa, as bagas grossas de chuva tropical, aquela chuva que não deixa dúvidas de que o é, "despencam" fortes e ininterruptas, de um céu que se tornou uniformemente plúmbeo.

A praia, subitamente deserta...

Por que será que as pessoas sempre fogem da chuva?
Aqui, não consigo entender. Dou por mim a pensar que danos me fará esta água purificada, solta do céu, sem obstáculos que a detenham a não ser as ramagens dos coqueiros ou os chapéus de sol, sabiamente "tecidos" em palma-cana seca para o efeito??!!...

Deixei-me ficar, encarando o céu, bem de baixo, olhando uma Piton, que vista assim, se agiganta mais e mais, ouvindo a voz dos pássaros na mata, inquietos com o ribombar profundo e estrondoso de um trovão de quando em vez, nesta baía desenhada, escutando o silêncio que se instalou nas gentes, oferecendo cada centímetro da minha pele, provocadoramente desnuda, a esta chuva generosa e quente, pedindo que ela pudesse inundar-me de paz até à alma...

É mágica mesmo, quase mística, inalcançável como num santuário, a espécie de vida "suspensa" que por aqui se definiu...momentos de evasão, de interioridade, de simbiose com a Natureza, em que nos sentimos apenas e só, mais um insignificante grão da areia desta praia...

Anamar

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