sábado, 13 de agosto de 2016

" ESTE INESQUECÍVEL MÊS DE AGOSTO "




Foi um Agosto tão quente quanto o que ora se vive.

Lembro que por esta altura, eu já não me mexia, arrastava-me.  Na cama, não me voltava ... rebolava. Tinha um "barrigão" daqueles, que para olhos sabedores, vaticinava a chegada de um rapagão.
Barriga de primeira gravidez, numa altura em que o controlo do peso não parecia ser coisa preocupante.  Comer por dois ... era ainda o lema !

Ecografias não existiam. O sexo da criança haveria tempo de saber-se.
Menina era o que eu queria ... menino, o que as pessoas afiançavam iria ser.
Pelo sim pelo não, roupinhas em defensiva ..
Nada de muitos rosas ou azul-bébé comprometedores.  Uma coisa assim mais para os azuis escuros, vermelhos, amarelo pintainho que eu detestava, ou mesmo verde, o que era pior ainda !...

E Agosto contemplou o meu desejo.  Uma rapariga com quase três quilos e meio, caíu-me no colo !
Uma menina de porcelana, de cachos loiros e olhos verdes. Uma boneca, para os meus vinte e dois anos ...

Muitos anos já passaram entretanto ...
Esta história já contei vezes de mais !  Mas sempre me enterneço ao relembrá-la ...
Agora ela aí está, mãe por três vezes ... duas delas em Agosto !

Somos uma família mínima, hoje em dia.  Sete pessoas apenas, que se ligam estreitamente por laços de sangue ... Três, a aniversariar em Agosto !

O António, o primogénito da escadinha dos três, não foi de modas.  Escolheu o dia do aniversário da própria mãe, para também ele, conhecer este mundo.
Assim, o 13 de Agosto traz-me o "pack" duplo !

Quando o relógio marca   00 : 00 , sempre  telefono. É tradição cultivada .
A mãe diz-me : " Já são muitos, mãe !"...
O António surge-me do outro lado, com a voz totalmente mudada, nos seus quinze anos.
Voz de homem num rapazinho de corpo espigado, quieto, de poucas palavras.  
" Obrigada, avó" ... em escala de graves... ( rsrsrs )
Idade complicada esta !...

Fiquei meio sem jeito.
Onde está o menino que eu adormeci, para quem tocava os discos infantis, o menino também ele loirinho, em fotocópia impressionante da mãe ??!!!
Por onde ficou aquela criança que me povoa a memória e que não consigo já sobrepor a este jovem, que tenho à frente ???!!!

O tempo !...
O tempo vai contando as histórias, vai fazendo as vidas, vai-nos deixando assim, meio perplexos, atontados, gostosamente estupefactos e enternecidos, como se de repente, sem que o tivéssemos percebido, os caminhos se tivessem desenrolado  à nossa frente, embora à nossa revelia ...

Parabéns Cláudia !  Parabéns António !
Prometo ficar mais atenta, para que não me cresças assim, como se eu não desse por isso, e nem sequer tivesse sido convocada para esse milagre !!!
Dia imensamente FELIZ para os dois !

Anamar

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