quarta-feira, 26 de abril de 2017

" A DESTEMPO ... "






A  DESTEMPO ...



O destempo do tempo da minha vida
é condenação por mim vivida ...
nunca nada é, se eu quero que fosse ...
É fruta verde de uma árvore que tombou
É flor de um jardim que alguém roubou
É dor enlouquecida amarga e doce

É chuva de Março no Verão,
que promete refrescar a solidão
mas que chega quando é hora de partida ...
É vento do deserto que me embala
descompasso em desespero que se cala
É franja de maré entretecida ...

É búzio abandonado na areia
É turbilhão de maré cheia
que chega e parte, descontente ...
É verso inacabado no meu peito
É loucura esquecida no meu leito
quando o ontem se quer  tornar presente !

E sempre é a destempo o meu viver
Interrogo a razão do meu sofrer
Ironia e brincadeira do destino ...
É pirraça de existência que me foge,
Um passado que esbraceja p’ra ser hoje
Desacerto alucinado e peregrino !...

Anamar

Sem comentários: