quinta-feira, 4 de julho de 2024

" TALVEZ SEJA URGENTE ... "


Dia 2 de Junho passado, foi, ao que consta, o último dia em que postei algo por aqui.  Mais de um mês entretanto decorreu.

Tenho tido um problema de saúde que pareceu mais grave do que afinal será, contudo trata-se de uma questão algo incapacitante na medida em que é limitativa da locomoção, além das dores que transmite.
Contudo o meu maior receio, que seria a existência de uma hérnia discal, dissipou-se, e as dores têm-se atenuado com as tomas sistemáticas e ininterruptas de analgésicos e anti-inflamatórios. 
No fundo trata-se apenas de um problema de comprometimento a nível da coluna, afinal apenas típico da idade, fruto dos maus tratos que ao longo da vida infligimos a nós mesmos e que nem sempre acautelamos ou valorizamos.
Toda essa situação me tem retirado ainda mais a disponibilidade física e emocional durante as últimas semanas, e se o meu estado de espírito nos últimos tempos não tem facilitado ou propiciado a minha vinda a este espaço, nestas circunstâncias, obviamente menos ainda.
O malfadado PDI, com que brincamos tantas vezes, mas que com o avanço do tempo, mais e mais se acentua na nossa realidade de vida !

Entretanto deixei também de fazer as caminhadas mais ou menos programadas na minha rotina semanal, o que não ajuda nem física nem psicologicamente a vivência de um percurso saudável .
A natureza, o ar livre, a mobilidade que activa todas as funções orgânicas e que durante a pandemia da Covid 19 consegui manter e respeitar integralmente, desapareceram, e se eu já atravessava um período propenso ao isolamento, à ausência de convívio, ao confinamento doentio entre as paredes desta casa, à falta de paciência  para ouvir mas também para falar ... agora tudo se agravou.
Exaspero-me facilmente com as conversas, diminuí drasticamente a tolerância aos diálogos e busco no sono o conforto de uma tão almejada quanto doentia paz.
Cada dia me levanto mais tarde, o que reduz os dias a um acordar seguido quase de um deitar, vingo-me e busco arrego numa alimentação desregrada, pois a compensação e o conforto vêm duma procura insana e desenfreada, sobretudo de doces ...
Sejam bolachas, sejam gelados, sejam sobremesas nas refeições, tudo o que for doce me aconchega e conforta ... 
Depois vêm os problemas de auto-análise, de auto-censura, de raiva pela inércia, pela  incapacidade absurda de ausência de reacção, como se me estivesse nas tintas pela falta de controle, de resistência e de lucidez face a um cavalgar de descalabro nos meus posicionamentos.
O peso mostra-se descontrolado, o desgosto face à devolução da imagem por parte dos espelhos, o desamor por mim própria, remetem-me a uma espécie de política de terra queimada em que até pareço castigar-me voluntária e masoquistamente, em que pareço querer punir-me selvaticamente de uma culpa fantasmagórica qualquer ...

E vivo triste, num crescendo de uma desistência face à vida, como se nada já me valesse a pena.  Apenas esperar que se cumpra o que me estiver destinado, num descrédito e num desapreço face a este pântano fétido onde me sinto mergulhada.
Nada me motiva, os sonhos inexistem, a esperança que nos ergue todos os dias sossobrou também, vivo como em hibernação, como se nada valesse a pena começar, porque já não tenho tempo útil de qualidade para o usufruir.
Espero, portanto ...
Os meus dias são assim, descoloridos, sem encanto ou fé ! Amanheço e anoiteço ... não faço quase nada além de deixar rodar os ponteiros do relógio.  Vivo estritamente de emoções passadas, de memórias e de mágoas também ...
Ah ... e de medos, como se um ameaçador monstro perverso me aguarde e me mostre que garantidamente, sempre será pior ... 

E assim arrasto os meus dias em silêncio, neste abandono doentio e assustador, com uma incapacidade sentida de conseguir driblar este percurso anunciado ...

Sei que estou doente.  Este calvário é muito meu conhecido, infelizmente, só que agora abate-se no caminhar do Inverno da vida, onde a escuridão já se instala, onde a via sacra ainda é mais dura de percorrer e as forças também já faltam ...

Terei que lançar um grito de socorro ... talvez seja urgente !...

Anamar

1 comentário:

Anónimo disse...

Isso passa