segunda-feira, 29 de setembro de 2008

"PARA LÁ DO UNIVERSO"

Hoje acordei com uma vontade louca de me ir embora...

E pensei: "Devem ter sido elucubrações como esta, comichão na sola dos pés e nos neurónios, que levaram o Cabral, o Gama, o Gonçalves Zarco, o Vaz Teixeira (aprendíamos isto tudo na escola), a fazerem-se "à pista"...

Bom, eu hoje se tivesse uma mochila, ninguém no meu Mundo e alguns cobres no bolso, ia mesmo à busca do outro Mundo, aquele que para lá da vidraça que é a vidinha de todos os dias, me acena "safadamente" com um ar miserável de pirraça por saber que eu não vou...

Este mês de Setembro, com um sol já tímido e que promete ir sumindo em exponencial até ao Inverno, lança pelo ar já, o desejo das próximas férias (as que teremos ou que gostaríamos de fazer); os sonhos empanturram-nos despudoradamente com destinos, destinos e mais destinos com a vontade a aumentar (apenas, na razão inversa do encolher do dinheiro );
os sonhos, que por enquanto são a única coisa legítima que possuímos e não paga imposto, a fervilharem-nos nas mentes e a espicaçarem-nos o desejo, levam-nos assim, logo ao abrir da pestana, a ficar com aquela vontade "marada" de ir mesmo embora...

Juro-vos, invejo "à séria", aqueles seres bafejados e predestinados que, porque não têm amarras, âncoras ou fateixas em nenhum porto ou areal, com a tal mochila nas costas, um cantil na cintura e mais meia dúzia de trastes...(eu, que por mais que me esforce nunca reduzo as minhas bagagens abaixo do irrazoável...coisa de mulher, será?!), partem mundo fora, transformando-o numa aldeia por onde se passeiam em lazer, sem hora de partida ou chegada, sem rota, meta, ou itinerário, apenas num desvario de sentidos, à descoberta de cada gente, de cada local, de cada céu, de cada sol...de cada desafio...

Sim, porque os céus, os sóis, até o vento, têm rota diferente e cheiro distinto em cada canto deste nosso espaço.

Adoraria poder perder-me, só por me perder, em cada pracinha, em cada banco de jardim, em cada dez centímetros de erva, em cada nesga de luz, em cada sardinheira de balcão...

Adoraria embebedar-me nas vidas, nas culturas, nas histórias que sempre nos contam espontaneamente, aqueles que as têm "aos molhos" e que também têm todo o tempo do mundo para as narrar...

Adoraria provar dos sabores e dos sons, da língua, da nostalgia ou da alegria, da luta, em cada retalho deste puzzle aleatoriamente criado...

Adoraria também falar-lhes do meu sol, do meu verde, do meu espaço generoso, de uma natureza quase sempre sorridente e mãe...

Também lhes ensinaria, que apesar disso sempre carregamos genericamente uma tristeza e solidão, sempre carregamos genericamente "cruzes" e conhecemos e cultivamos um sentimento de tradução difícil...SAUDADE!...

Adoraria "empacotar" por cá este destino e guardá-lo num sótão que não tenho, esquecer o que fui e sou, quem tive e tenho e rumar para lá do Universo...

Dirão que o meu "sonho" nada tem de original e será um sonho partilhado.

Está bem, não digo que não;
esta "panca" de marinheiro, aventureiro e descobridor, este "salsifré" que nos empurra para estradas não percorridas, para veredas e falésias inóspitas, para "mares" alterosos ou "flat", deve estar-nos nos genes mesmo... sei lá!...

Só sei que hoje, eu acordei com uma vontade louca de me ir embora...

Anamar


NOTA: Apesar de algumas fotos serem minhas, a grande maioria resultou duma exaustiva recolha na NET. Bem-haja a tão brilhantes autores que assim me permitiram tão profusamente ilustrar este post.
























































































































































































sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"ESTRANHO MUNDO ESTE..."

Não sou fã das iniciativas que presidem ao Guinness.
Para mim, são meras curiosidades, às vezes especulativas e valem o que valem, tão só...
De certa forma, repugna-me também o aproveitamento de algum tipo de aberração que mexa com seres humanos, para este tipo de fins.
Mas ao ler a notícia a que se refere este post, e apercebendo-me que os intervenientes nela, estão a fazer da situação um aproveitamento económico em benefício próprio, os meus escrúpulos minoraram significativamente e resolvi trazer aqui o curioso da questão...

Talvez não me chamem de incoerente...espero!


O menor homem do mundo encontra-se com a mulher com as maiores pernas

O mongol He Pingping e a russa Svetlana Pankratova em Londres...
O chinês He Pingping e a russa Svetlana Pankratova... O casal perfeito para o lançamento da nova edição do livro dos recordes, o "Guinness book"....









Pingping, de 20 anos, nascido na província da Mongólia Interior, é o homem mais baixo do mundo.
Ele tem apenas 74,61 centímetros de altura!

Svetlana, de 36 anos, tem as maiores pernas do planeta (1,32 metro), mas não é a mulher mais alta da Terra - longe disso, ela tem "apenas" 1,96 metro.

Os dois posaram para fotos na movimentada Trafalgar Square, no centro de Londres. Mas não houve clima de romance entre eles... A loura não tem a menor chance: Pingping está comprometido e disse sentir saudades da amada.

O chinês começou um programa na TV do Japão em 2007 e tornou-se celebridade nacional. Depois do sucesso, ele agora só aceita posar para sessões fotográficas, por um "chorudo" cachê.
No ano passado, protagonizou um outro encontro curioso, com o homem mais alto do mundo, o também chinês Bao Xishun.





Anamar

"O TALISMÃ"



Isabel vagueava por ali há largo tempo.

Absorta, olhava aquele espaço agora sem vida, deserto, solitário…uma espécie de paisagem lunar, com terra revolta, pedras espalhadas a esmo, desde que as minas haviam sido desactivadas.
Os operários já não circulavam, o ruído das máquinas já se não fazia ouvir, o “brouhaha” das vozes silenciara…uma espécie de “day after” de um qualquer cataclismo.

Isabel não sabia porque voltara àquele lugar, porque voltara a procurar aqueles terrenos para passear, sem destino, ausente nos pensamentos, distante na alma…
Talvez o silêncio, aquele silêncio audível que por ali pairava, misturado apenas com um leve sussurrar de uma brisa abençoada naquela tarde de Agosto, convidando-a à introspecção, a tivessem arrastado até às minas de pirite.

Isabel retroespectivava a sua vida, os últimos dias, os últimos anos, antes dele partir.

Sentou-se no que já fora uma cancela, puxou um cigarro, protegeu o rosto do sol impiedoso que lhe feria a vista.
Baixou-se para apanhar um fragmento rochoso que parecia ter caído do nada, aos seus pés.

Era um pedaço pequeno, cinzento, ou talvez dourado…era compacto, pesado, com cristais sabiamente desenhados e esculpidos, embutidos numa massa informe, porém totalmente reluzente, como se totalmente polvilhada a ouro estivesse.
O sol, ao bater-lhe, tornava-a fosforescente e cada face de cada cristal exibia um brilho que o tornava só por si, uma jóia irisdicente.

Pedro atravessou-lhe a mente com uma intensidade tal, que não soube explicar;
o amor que os unira “caiu” ali, de repente, na palma da sua mão, lado a lado com a pirite que segurava.

O efeito daquela pedra era magnetizante e à medida que a olhava, mais e mais as suas ideias se aclaravam e o coração se pacificava…

Agora entendia tudo…

O amor que haviam vivido era um pouco como aquela pedra...
Fora um amor sem regras, sem talhe, à margem de padrões ou figurinos convencionais, porém tão bem desenhado quanto os cristais daquela pirite.

Fora um amor sólido, primário, rústico e rude como aquela massa sem forma…porém tão iluminado quanto ela, tão “poderoso” quanto o seu brilho, tão fascinante quanto o mistério nela encerrado…um universo de luz, bem na sua frente, na concha da sua mão…

Por que o deixara ir??...

Agora Isabel sabia…
Aquela pirite ali, caída aos seus pés, numa terra de ninguém, só podia ter sido um “talismã” à sua espera…

Anamar

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"SÓ P'RA QUE O MEU CANSAÇO AUMENTE..."







Caixa Geral de Aposentações


Marques Mendes - Novo Pensionista !!!


Aos 50 anos de idade e com 20 anos de descontos como Deputado, Marques Mendes acaba de requerer a Pensão a que tem direito, no valor mensal vitalício de 2.905 euros mensais!!!


Contudo, um trabalhador normal tem de trabalhar até aos 65 anos e ter uma carreira contributiva completa durante 40 anos para obter uma reforma de 80% da remuneração média da sua carreira contributiva...



"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas...'"


Guerra Junqueiro escrito em 1886





DEVE SER ESTE O NOSSO "FADO"...


Anamar

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"CANSAÇO..."



Não é vulgar eu vir aqui a esta hora.

Nem é vulgar nem era previsível...Apenas, tive que vir escrever...nada, porque nada/tudo é o que tenho p'ra escrever aqui e agora...

Subi da rua no "início" de mais um dia, após mais um pequeno almoço mascarado de almoço que também o não é.
Subi e era previsto ir trabalhar para a secretária, em coisas mil vezes já trabalhadas, até que chegue a hora que rotineiramente me leve para a escola.

Apenas...o dia ficou de repente de "cara" ainda mais feia do que as negaças que já me havia feito à uma da tarde, quando subi a persiana deste quarto...

Um dia cinzento, bem outonal, como convém a uma estação que não é "carne nem peixe", que torna as paisagens descoloridas, o mar pardo, o céu indefinido...e a mim...sempre teve o condão de me "escurecer" ainda mais.

Respeito inteiramente quem "ama de paixão" este tempo atmosférico...
Respeito, juro! E até acho que esta "frescura" de sempre culpabilizar o diabo do tempo por isto e por aquilo, é coisa de gente que não tem preocupações acrescidas, que não tem mais o que fazer...ou é tontinha...em cujo grupo me incluo...
Sempre se ouve, como justificação p'ra quase tudo: "o tempo está horrível! Sufoca-se com este calor!"..."o tempo está pesadíssimo...a carga atmosférica adivinha trovoada"..."que horror...como se pode estar bem com estas oscilações atmosféricas??!! Depois os ossos ressentem-se"...e etc, etc, etc...
É um desfiar de insatisfações e impropérios contra um tempo, que nunca é o que devia ser!...
A sorte é que "lá por cima" os desígnios divinos não nos ligam nenhuma...

Pois é...eu estou exactamente como "este" tempo...

Pareço um peixe a nadar num riacho em época de seca brava...a "minha" gaivota quando quer planar e não tem brisa que a leve...ou um surfista que chega à praia...e o mar está "flat"...

Sinto-me sem "braçadeiras" numa borrasca insensível.

Sinto que não vou levar nada para contar, se houver alguém para me ouvir...

Sinto que isto, aqui e agora, é só mais um dia, não de tempo, mas de vida pesada, que vai passar no meu calendário do Google, escarrapachado à minha frente a dizer-me que o único 24 de Setembro de 2008 que se conseguiu arranjar, está a ir...cinzento, pardo, indefinido...

Coisa de quem não tem mesmo nada para fazer...ou é tontinha!...

Desculpem lá!
Como já tenho sugerido, virem a folha, mudem de página, façam "delete", não leiam nada destas "baboseiras" inconsequentes...

Mas eu tinha que vir aqui escrevê-las, já que o "fecho éclair" do meu peito encravou e está a faltar-me o ar...

Já que não estou no deserto p'ra fazer uma covinha na areia...
E gritar...
só mesmo p'ra vizinha de baixo, que chamaria os homens do INEM, com colete de forças p'ra me internarem...

Já que nem "olhos da alma" hoje tenho, para os dourados, os ocres, os vermelhos flamejantes...ou os amarelos esbatidos das folhagens ainda resistentes nos troncos, ou para as primeiras folhas que o Outono arrasta pelas alamedas dos jardins, (brevemente despovoados)...

Anamar