segunda-feira, 29 de março de 2010

"QUE ALTAS, QUE BAIXAS...."



"Que altas, que baixas, em Abril calham as Páscoas...."

Sempre ouvi este ditado popular, da boca da minha mãe. Este ano, felizmente, ainda voltei a ouvi-lo, de viva voz...
Haverá tempo em que será a memória do coração que mo lembrará....a este e muitos outros. É assim que se cria a memória colectiva, que é um património de um povo, penso...

Estou há quatro meses em casa, com uma depressão, isto, para explicar da irregularidade da minha vinda aqui.
Passei a saturar-me das coisas que mais gostava, quando trabalhava...e o PC foi uma delas. O sono, a falta de disposição, a saturação, têm-me impedido até de respirar o oxigénio de que dependo...escrever!

Bom, entretanto a  Primavera está aí, meio encolhidita, sem a pujança que todos ansiamos.
A fazer jus ao companheiro, de má memória que nos deixou, deverá ser para valer, e breve breve, tudo quanto é borboto rebentará, tudo quanto é botão dará flores e flores, o tempo amainará e, dizem, o ser humano também começará a senti-la germinar dentro de si...

A minha gaivota é que, sem borrascas no mar, não recuará a terra, e duvido que venha por aqui ver a minha presença, trazer-me os seus sonhos longos de asas estendidas, porque não terá como planar, haverá muito peixe bem à beirinha da praia, e no próximo Inverno, logo virá por aqui, ver se eu ainda aqui moro...

Faz exactamente um ano, no dia de hoje, eu estava bem longe, no Gerês, numa daquelas fugazinhas que dificilmente repetirei....respirando aquele outro mundo, vivendo aqueles outros dias, aqueles cheiros, aquelas cores, aquela natureza "à borla"...e recordo que tudo estava já muito florido...inclusive a minha alma!!!

Este ano, por dentro e por fora, estou tal como a minha saúde, e este fim de tarde, chuvosa, desabrida, desconfortável!!!

Lembrei agora...será que o alecrim da minha infância com que se atapetava o tempo, naquela vilória do Alentejo, lá do fundo, já floresceu?
Será que a glicicínia e a flor da Páscoa, imaculada, que rodeava festivamente o andor da "Senhora de ao pé da Cruz" já floresceu?
E olhem que eu sou agnóstica....mas na minha tenra, muito tenra infância, fui, de asinhas, coroinha, descalça e com um cestinho de pétalas nas mãos, ao lado da "Senhora"....a quem eu se calhar, ainda atribuia todos os poderes de, pela vida fora, me vir a tornar, senão total, imensamente feliz!!!....

Anamar

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