Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...

quinta-feira, 11 de abril de 2013
" A TORRE DE BABEL "
Cada história é feita de muitas histórias e cada história conta muita histórias.
Seja o que for que contemos ou que escutemos, essa narração sempre terá muitas versões.
Primeiro, objectivamente, será a história que queremos contar, ou que no-lo querem contar.
Contamos o mesmo episódo, inconscientemente até, de formas diferentes, consoante o ouvinte que temos do outro lado.
A este, enfatizamos isto, àquele omitimos aquilo ; aqui, acrescentamos este pormenor com que a história melhoraria, além retiramos aquele outro, que possivelmente tornaria fastidiosa a narrativa.
Há coisas que alguns entendem, e outros ... nem pensar !
Historinhas dentro da história principal, estruturam-na, conformam-na, dão-lhe sentido, explicam-na.
Muitas vezes tornam-na mais perceptível pelo receptor, outras, tornam-na enjeitada pelo mesmo, por excesso de pormenores, maçantes e dispensáveis.
Frequentemente, acrescentamos-lhe o tal "ponto" de quem conta um "conto", embora estejamos convencidos, que não narramos mais nada, além da versão "verdadeira" ... a nossa.
Simplesmente, porque como achamos que foi exactamente aquela que vivemos, apossamo-nos da mesma, e passa a ser a "nossa história" !
Mas tudo é absolutamente subjectivo.
E o "filme" que juramos ter visto e sentido na nossa cabeça, ao mesmo tempo, na mesma sala de cinema, à mesma hora ... não foi nada do que o espectador que estava ao nosso lado, viu e sentiu.
Eu vi "assim" ... ele viu "assado".
E para ele, a história que ele viu, é que é "a história" !...
Obviamente, será a partir dela que ele criará as suas versões, para posteriormente contar e recontar, claro que de forma diferente, por cada vez que a conta !...
E no fim da cadeia narrativa ... se calhar o que fora preto, já está branco de neve !
Depois há também a subjectividade de que o narrador da história a vai imbuir, de acordo com o seu próprio estado de espírito, do momento.
A mesma história fá-lo-á sorrir ou irá magoá-lo, aparecer-lhe-á iluminada de sol, ou escura de tempestade, consoante ele próprio o esteja por dentro, e consequentemente, consoante seja a sua receptividade à mesma, no momento.
E nem sequer é porque ele o queira, conscientemente. É porque a "vê" assim, inteiramente à sua revelia.
E dependendo disso mesmo, ele a passará adiante, dentro desses parâmetros, querendo ou não ...
Ou seja, a história não existe mais de "per si", mas apenas tem vida, pela mão, ou melhor, pelas palavras do "contador" da mesma.
Como tal, a sua adulteração é inevitável.
Mas posso perguntar : " Que adulteração " ?
Porque a verdadeira história, ninguém sabe qual é !
Não será a que eu vi, a que o outro viu, nem sequer a que o "realizador" concebeu, até porque, se calhar, nenhuma é real ... embora muitos estejam convictos, que possuem o conhecimento da veracidade do enredo ...
E assim, nunca ninguém se irá entender neste Mundo !
Sempre discutiremos o que foi, como foi, se foi, quem está certo, quem está errado, o valor da minha verdade, o valor da tua verdade, da verdade individual ou da colectiva ...
Por isso é tão difícil entender, valorizar, julgar, porque à partida é difícil interpretar, e consequentemente mais difícil ainda, decidir ou tomar qualquer posição, com isenção ...
... porque isenção, é outra coisa que não existe, na verdade !!
No filme "A vida de Pi", inquirido, Pi teve que narrar duas histórias diferentes, do seu percurso, aos mesmos ouvintes.
Pediu-lhes então que escolhessem a que lhes interessava, a que achassem convincente; porque a real, a vivida por si, se mostrou inverosímil aos olhos e aos ouvidos de quem a escutou.
Não era aquela que eles "queriam" ouvir, afinal !!!...
Já imaginaram - nos mais de sete bilhões de seres humanos que ocupam o planeta Terra, pressupondo que cada um terá a sua história, feita de muitas histórias e contada por tantas outras - como é que alguma vez ou algum dia, nos poderemos entender ???!!...
Como numa verdadeira Torre de Babel ... "jamais" !!... diria o outro !!!...
Anamar
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3 comentários:
Ainda esta semana pensei algo que tem muito a ver com a tua "Torre de Babel".
Quantas pessoas se cruzam na nossa vida? Não me refiro à importância que tenham ou tiveram na nossa vida mas sim só a quantificação dessas mesmas pessoas.
Mais uma prosa deliciosa tua...
Bjs
Tens razão.
Tal como cada história é feita de muitas histórias, a nossa vida, é feita de muitas "vidas"!
Uma infinitude de seres que nos cruzam e que cruzamos. Como seria fascinante, se o pudéssemos contabilizar !
Ou pelo menos lembrar!!!
Fica no sonho, apenas!
Beijinhos. Grata por sempre me leres.
Anamar
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