segunda-feira, 1 de abril de 2013

" A FALAR ALTO ..."



Finda a Páscoa, Abril chegado, o sol espreita, muito reticente, já que ainda está muito por detrás das nuvens, e a metereologia não é animadora para os póximos dias.

Hoje, sinto em mim uma determinação, ganas, necessidade absoluta de, como numa qualquer expurgação, me deixar ungir pelas águas do Abril, que agora abriu.
É uma espécie de corte com o Inverno duro, profundo, depressivo, escuro,  e  desesperante,  como o que findou,  e me atirou, quase nos atirou  a  todos,  para  um  cansaço de alma, e uma desesperança tão penosa, quanto ele  o  foi.

As águas de Março fecham o Verão no Brasil, canta a saudosa Elis Regina ... Fecham o nosso Inverno ...
Seria desejável que o fizessem !

Estamos todos a precisar de dar uma boa sacudida de asas, como os passaritos ao saírem da poça de chuva onde se banharam,  saltarmos  para  o galho mais alto da cerejeira florida, lá donde se avista o Mundo, e acreditar que podemos voar, seja lá  isso  o que for.
Sinto hoje em mim,  uma ânsia de um qualquer fecho de ciclo, uma ânsia absoluta e imperiosa de um virar de página, um desejo de renovação e recomeço de mim mesma.
Como se eu pudesse ( quem sabe, posso ? ), fazer o meu próprio e urgente "reset".

É  verdade,  que  "empurro"  um  pouco  estes  pensamentos  p'ra  frente ...
É verdade, que estou a tentar impor-mos, não sei se com convicção que chegue ...
É  verdade, que me guerreio p'ra neles acreditar, porque como alguém sequioso no deserto, ou encontro água, ou morro ...
Como alguém que sufoca, ou oxigeno os pulmões ou sucumbo ...
E  na minha característica e habitual "bipolaridade", deixem-me ver o azul agora, porque logo à tarde, provavelmente já troveja dentro de mim ...
Eu conheço-me ...
Qualquer lampejo de sol me leva ao topo da montanha, qualquer pingo de chuva me submerge, qualquer golpe de vento me derruba ...

Neste momento, dentro de mim, é uma questão de sobrevivência.
Ou consigo fazer-me uma "faxina" na alma, ou já não me levanto. Ou consigo inventar que ainda há objectivos a cumprir, ou estaco por aqui mesmo ... Ou acredito que ainda posso ter vida pela frente, ou desisto, e mais vale parar de vez ...

Sinto, que esticar mais este adormecimento que são os meus dias totalmente desinteressantes, não é mais possível, sinto que fingir que este adormecimento em que vivo é sustentável ( quando sei que não o é, mas sim, destruidor ), é absolutamente falacioso ... Sinto que continuar apenas a fazer de conta que vivo, como uma marioneta a reboque dos ritmos que me vão empurrando adiante, só empurrando e eu deixando-me levar, só levar - sem agente ser sequer, do meu próprio destino - é de loucos !
Sinto que fazer de conta que existo ... só fazer de conta, porque afinal desempenho as funções vitais e outras, programadas para o comum dos mortais ... não é mais suportável !

Percepciono ter chegado a uma encruzilhada, não sinalizada, e tenho que decidir de uma forma determinante e urgente, que caminho escolho seguir ... porque tenho que tomar um.
Não dá mais p'ra ficar parada numa indiferença doentia, numa estagnação mórbida, numa anestesia de vida ... vendo-a como uma película a que assisto, como mera espectadora !
Não se pode fingir apenas, que se existe ...
Só nós somos agentes dos nossos próprios destinos ... ninguém mais.
E urge fazê-lo, porque a contagem decrescente está aí, segundo a segundo, na ampulheta do Tempo !...

Eu sou um  espanto ... vou ter que confessar !...

Passou talvez uma hora, pouco mais, desde que reflicto aqui no meu cantinho do café, "as usual" ...  e neste momento, já não sei bem se a tal determinação, as tais ganas e a tal necessidade absoluta de ... com que iniciei os meus escritos, ainda têm "pernas para andar" ...
É que acho que, como um balão de menino, furado, me fui esvaziando, esvaziando de mansinho ... e pronto ... agora, que são seis  da  tarde,  naquela  hora  "macaca"  em  que  o  sol  ( quando o houve ), se recolhe para dormir, eu sinto-me perdida, mas perdida mesmo ...
Perdida, de aperto no coração, a doer sem remédio, e sem rumo ou norte.
Só sei que tenho aqui no meio do peito, um buraco.
Juro que tenho ... e quem me ler só pode dizer que sou louca !

Era cómodo que o fosse ...  Mas  completamente,  porque  desta  forma,  não  está  a  dar ...  juro ...  não está  mesmo  a  dar !!!...

Anamar

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