Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
" DELETEM !... "
Estamos naquela hora em que o sol nos foge numa fracção de segundos. Apenas o tempo de procurar os óculos, para percebermos que ele já foi por hoje, naquele azul diluído num laranja-fogo, lá longe ...
Está a por-se bem mais à esquerda, no meu horizonte visual, por detrás das antenas de telecomunicações encarrapitadas incomodamente no alto de um terraço, frente à minha janela.
Ainda assim, deu p'ra ver que se deitou numa espécie de água de maré baixa, quando o mar recua, e fica aquela serenidade no areal.
Levantei-me não há muito, constatei ... E pensei como foi curto o meu dia, como se encurtando-o mo anestesiasse, doesse menos, por menos horas ter de confronto comigo mesma.
Porque, de facto, enquanto os sonhos vão e vêm na sala escura do nosso "consciente onírico", tudo desfila à revelia do real, e com sorte, deambulamos por espaços, por pessoas, por momentos que já foram, e que se não foram, muito provavelmente gostaríamos que tivessem sido ...
Estou assim ... não diria desequilibrada ... Não gosto do termo.
"Desestruturada", encaixa na perfeição.
Desestruturada é alguma coisa fora do contexto, fora do enquadramento ... fora da moldura.
Aquele pedaço de pano que esgaçou, sem hipótese de conserto, está totalmente desestruturado.
Um dia fica-se assim. Quando os olhos, o peito e a mente, não obedecem a ordens.
"Florzinha de estufa", como diria a minha filha, que tem pouca queda p'ra perceber estas coisas fora dos enquadramentos rígidos de racionalidade, pragmatismo e objectividade, na realidade em que se mexe .
Fraca capacidade de resiliência. "Frescuras" ... diria, se fosse brasileira. Falta do que fazer ... dir-se-á. "Vida santa " ... dirão os que analisam de fora ... " que não valorizo".
"Querer mais o quê ?... perguntam-se.
Tontinha, insana ... mal agradecida e parva !!!
Estão desde já, todos perdoados !
Estas coisas, não entende quem quer. Sim, quem pode. Quem é capaz. Quem percebe. Quem sente, ou sentiu .
Quase me culpabilizo por não ter uma razão comezinhamente palpável, que justifique o esfiapar deste tecido de refugo, que é a minha mente, sobretudo nestes dias coloridos a ocres e vermelhos de Outono, com o sol a dormir por detrás das antenas, só p'ra me desfeitear ...
Uma razão daquelas que fazem estatística. Que engrossam colunas. Insuspeita. De peso. Uma boa razão, de valer a pena !
Porque nos tempos que correm, só tem direito a lamúrias existenciais, quem sofrer de males maiores, aqueles que atacam as pessoas ditas normais, por azar, acidente, ou destino, nesta época de crise bravia.
Esses sim, mereceriam o nosso respeito, comiseração e solidariedade.
Só que há "males maiores", tão "mortais" quanto outros. Que uns entendem ... outros não !...
Também, não vou agora aqui discutir o sexo dos anjos !
"Em criança não nos despedimos dos lugares.
Pensamos que voltamos, sempre.
Acreditamos que não é a última vez " - diz Mia Couto.
Eu sempre olho para os lugares, bem ao contrário ... Achando que é de facto a última vez. Lamentando que o seja, quase sempre.
Por isso também, guardo uma religiosidade solene quando o sol amodorra, e os silêncios possíveis ocupam os espaços vazios por aqui. Sempre penso, que muitos o vêem deitar sem que o vejam acordar amanhã ...
E pareço ouvir aquele meu amigo ( alguém, já não sei quem foi, dizendo a sorrir, abanando a cabeça desaprovadora ) : "Lá estás tu a ver as coisas dessa forma ! Tens é que pensar, quantos lhe assistem o despertar, isso sim !"
A velha história do copo meio cheio e meio vazio ... A demagogia à solta !...
Este texto hoje, é um desconchavo mental. Uma peça de "patchwork" de má qualidade !
Retalhos mal ajambrados, coisa atamancada e perversa ...
É lava de vulcão, cujo vómito súbito seria impensado ...
É tudo, e é nada ! É só um "botar para fora", neste Outono pesado e cansativo.
Querem um conselho ??? "Deletem !... "
Anamar
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