quarta-feira, 19 de julho de 2017

" POR JUSTIÇA ... "




" Há uma vila portuguesa entre os melhores destinos medievais da Europa"

Li esta frase nos media e agucei a curiosidade.

Eu, que tenho um fetiche imenso por me perder pelos destinos inóspitos deste país ... eu, que valorizo além da conta render-me à quietude de ruelas tortuosas do nosso interior ... calcorrear o empedrado silencioso das  aldeias mágicas povoadas pela ausência de vivalmas ... eu que sonho ao som dos sinos nas avé-marias dos campanários, e me emociono com os chocalhos de regresso aos estábulos pelo cair da tardinha ...
eu, que sou apaixonada pela autenticidade de gentes e locais sem maquilhagens ou disfarces, e que detesto por isso, as grandes metrópoles, de ritmos alucinantes e ciclópicos ... fui ler, por inteiro, o texto  que a frase supra-citada titulava.

Que vila, neste caso de uma vila se tratava, cumpriria os requisitos desejáveis para ser considerada um dos melhores destinos medievais da Europa ?
Seria o caso de  por lá, eu já me haver perdido alguma vez ?

Curiosa mas não surpreendentemente, pelo menos para mim ( e tenho a certeza, para muitos ), a vila eleita para este desígnio, era exactamente a vila de Marvão !

Pois bem, em Marvão me perdi não uma nem duas vezes ... mas mais, e sempre me pareceram de menos !...

Empoleirada no alto de S. Mamede, ostentando o seu castelo medieval, lá, onde "as águias voam de costas", tomando a perspectiva indiscutível do nosso Aquilino ... Marvão é de facto uma jóia rara no Alentejo interior deste país.
Tão interior  que, paredes meias com os nossos vizinhos espanhóis, é uma janela aberta e franca ao lado de lá, para além daquela linha imaginária que desenha a fronteira dos povos.

Marvão é terra de silêncios, terra de brisa sussurrante entre  meio dos rochedos alcantilados.  É balcão que se assoma planura adiante.  É parada  de mistérios inconfessados e alcova de amores e amantes perdidos nas ruelas sem rumo ou norte ...

Marvão nunca se me explicou.  Tão só se deixou sentir-se...
Mostrou-se, despiu-se, deu-se, gravou-se na minha pele, sem pergunta nem resposta, sem dúvida ou reticência, sem tempo ou idade ...
Marvão foi lenda, foi história, foi marco ... foi destino !...
Marvão foi indelével paixão para todo o sempre !...

Anamar

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