segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

" BOM DIA VIETNAME "




O melhor de uma viagem, dizem, é o regresso a casa !
Concordo, concordei totalmente desta feita, em que duas semanas me afastaram aqui do nosso torrão à beira mar plantado.  Foi uma viagem sem dúvida espectacular, até porque fora eu que a havia elegido, mas muito exigente e consequentemente cansativa.
O oriente uma vez mais me acolheu, pois a filosofia e as histórias de vida daquelas gentes, sempre me são fascinantes e apelativas.
Já por lá andei em muitos destinos, e em todos eles, a alegria, o desapego, a inexigência, a bonomia com vidas quase sempre precárias e sofridas, maravilham-me.
Efectivamente, o oriente nada tem a ver com os princípios e os valores que no ocidente norteiam as nossas existências.

O sol desperta muito cedo e adormece igualmente cedo, pelo que, na tentativa de se rentabilizar o tempo, a "alvorada" frequentemente ocorria entre as 5 e as 6 da manhã.  Dia após dia.  Sem pausas além das utilizadas para as refeições, sempre em locais e restaurantes espectaculares, foi um "non stop" permanente.
A Península da Indochina é constituída no sentido estrito, por três países absolutamente particulares, paisagística, social e historicamente falando : Vietname, Laos e Camboja.
Três países sofridos, com marcas recentes e indeléveis de tempos injustamente carrascos.  Mais injustos ainda, se pensarmos não ter sido este conflito na realidade, mais do que um ajuste de contas entre os dois monstros políticos, Estados Unidos e Rússia, que mediam forças como sabemos, na chamada Guerra Fria, entre 55 e 75 do século passado.
As marcas da guerra, conhecida como a Guerra do Vietname, que massacrou de igual forma os países vizinhos que serviram de corredor de acesso aos bombardeamentos americanos, existem física e psicologicamente bem visíveis num país que só teve a sua reunificação entre o norte e o sul, em 1975, graças a um político e mentor venerado acima de tudo, na nação - Ho Chi Minh, cujo nome renomeou a antiga Saigão.

Sob o domínio chinês cerca de mil anos, onde bebeu os ensinamentos de Confúcio, pensador e filósofo cujos valores persistem na sociedade vietnamita até hoje, posteriormente sob o colonialismo francês, cujas marcas se reflectem notoriamente  na traça de muitos e muitos edifícios, é, religiosamente um país com uma predominância budista, embora 80 % da população se diga ateia.
A taxa de analfabetismo é muito elevada, as condições sociais muito precárias, com zonas do país onde a emigração, se permitida pelo estado, é a única saída que se configura como meio de sobrevivência.
Não esqueçamos o triste acontecimento recente, em Londres, com a morte de 39 vietnamitas num camião cisterna, que viajavam clandestinamente, em busca de uma chance.  Norteava-os a possível ajuda à família que ficara para trás.
O vietnamita coloca a família sempre à frente das suas opções pessoais.
Os mais jovens residem na casa paterna, e assumem a responsabilidade de cuidadores dos seus progenitores.
Politicamente o país diz-se socialista, e o partido comunista lidera exclusivamente, a esfera política.  É um partido único, com uma assembleia de "cartas marcadas".  Nas eleições pseudo-livres, rodam as cadeiras, previamente escolhidas pelos órgãos superiores do Partido.
A corrupção, os compadrios e os interesses particulares, estão instalados infelizmente.

A aposta na educação dos jovens, em regime espartano com grau de exigência elevada e dura, é uma medida positiva valorizada pelo estado.
Saigão, como quase todas as cidades vietnamitas tem uma super população.  11 milhões de habitantes, numa cidade que parece não dormir.
7 milhões de motos nas ruas, principal meio de locomoção adoptado, desenham um verdadeiro postal turístico  muito particular da vida daquele povo.  Nas motos tudo se transporta.  Desde famílias com quatro pessoas, a toda a panóplia de materiais, em verdadeira ginástica acrobática.
As máscaras cobrem a cara da maioria dos utentes, já que por um lado a poluição é absurda e por outro, a preocupação estética com a preservação da brancura da pele, determina a sua utilização.
O trânsito é caótico, sem regras ou sinais a respeitarem-se.  É caricato o movimento sem rei nem roque, onde passa quem primeiro chega, seja da direita ou da esquerda.
Buzina-se permanentemente, ninguém discute com ninguém.  Há uma bonomia e um respeito muito próprios na condução.  E, não assisti a um único acidente ou colisão !!!
As crianças não usam capacetes.  Quase sempre se posicionam entre as pernas do condutor, em pé, agarradas ao volante da mota.  É vulgar que uma outra, mais velhinha, circule ainda atrás, ou mesmo "ensandwichada" entre os adultos !
A passagem dos peões, na travessia das ruas, afigura-se um "suicídio" para os ocidentais, e a regra é avançar sem hesitações sempre em frente, na certeza de que seremos contornados pelos milhares de veículos ... ahahah
Fechar os olhos e seguir adiante, deverá ser a "regra" a observar ! ahahah

Enfim ... miríades de coisas eu poderia abordar, contar, e ilustrar mesmo ... com algumas das 2800 fotografias que tirei ... 😃😃😃
Estou a prepará-las, antes de as guardar ou exibir para os amigos.
Oportunamente talvez coloque algumas por aqui.

Efectivamente, uma viagem é sem dúvida um investimento cultural, pessoal e humano inexcedível.  É um ganho e um valor acrescentado que guardamos na alma para toda a vida.  São vivências que não se relatam, não se transmitem ... apenas se sentem e vivem !!!






NOTA :  Retirei este vídeo do Youtube a fim de ilustrar exactamente o que ocorre nas ruas das cidades vietnamitas, seja Hanói, seja Ho Chi Minh, antiga Saigão, visto que o Blogger não me permite postar os meus próprios vídeos.  Penso que os mesmos deveriam ser colocados primeiramente no Youtube, mas isso eu não sei !
Anamar

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