segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

" EM BALANÇO ... "




Dei por concluído mais um volume - repositório de tudo o que publico aqui  neste meu espaço pessoal - o correspondente ao ano agora findo, de 2019.
Desde que iniciei a escrita deste blogue no passado 2008, uma iniciativa que surgiu entre a curiosidade e a experimentação, já completei dezoito volumes em suporte de papel, que guardo religiosamente na prateleira da minha estante.
São testemunho vivo da concretização de um projecto pessoal, que vale o que vale, não tem nenhum tipo de pretensão ou convencimento, e que é simplesmente algo que ficará um dia quando eu partir. Será um legado meu que falará daquilo que eu sou, daquilo que foi o meu percurso, as minhas preocupações, as minhas dúvidas, as minhas conquistas e os meus desaires, os meus sentires ... alegrias, tristezas, o que foi capaz de me emocionar ... em suma, um retrato nu desta que eu sou.

Cada palavra, cada linha, cada texto que aqui foi registado, foi-o com o desassombro, com a independência que me concedo, com a liberdade que me permito, com a autenticidade que me desenha.
Cada sentimento expresso, foi-o por escorrência simples e natural da minha pele e do meu coração.  Sem censuras, sem barreiras, sem crivos ou filtros.  Sensata ou insensatamente ... prudente ou imprudentemente ... Nunca isso me coartou, preocupou ou limitou.
Tal como na vida em que nunca aceitei cangas, baias ou fronteiras, e simplesmente me assumo com a genuinidade  que me confere uma coerência e uma verdade que sempre busco e respeito, também aqui sou eu frente a mim mesma ... em espelho de lealdade e verdade, sem fraudes ou distorções.

Sempre escrevi o que a voz me ditava, nunca me obriguei ao socialmente adequado ou correcto, sempre ignorei o "ruído" exterior, fingi não perceber intencionalidades ou interesses.
Nada foi "trabalhado", retocado, travestido pelo parecer bem, pela aceitação, pela conveniência.

E só por isso valeu a pena !
Hoje leio-me, e ao ler-me reabro a estrada, espreito as bifurcações, sinto as hesitações das encruzilhadas ... percebo as dúvidas, as angústias das incertezas nesta arte de marear, tantas e tantas vezes em meio de tempestades alterosas ...
Hoje, reassumo os batimentos acelerados dos cansaços do caminho,  respiro de novo as pausas nas sombras de paz e água fresca, com que a vida ... com que as vidas alternam nos nossos percursos ...
Hoje, congratulo-me pelo crescimento que descortino, gratifico-me pela maturidade conquistada, aceito com bonomia e paz  as cicatrizes deixadas pelas horas menos felizes, enxugo as lágrimas inevitáveis escorridas pelos tempos ... aquieto o coração, vezes de mais escalavrado e sofrido ...
Hoje, ao ler-me, "vejo-me", "descubro-me", "orgulho-me" ... "reconheço-me" ...

E apesar dos pesares, não sou capaz de me zangar com esta existência de tropeços, quedas, desacertos e incompletudes, porque sei do esforço diário desenvolvido para o acerto, porque sei do desafio imposto para a superação, porque sei da luta permanente travada  para a não desistência, porque sei da coragem e da esperança que bebi às colheradas para não soçobrar no campo de batalha ...
Por tudo isto, dia a dia me agiganto, me respeito mais e mais e me admiro ... se tal me for permitido ...
Em jeito de balanço, direi apenas que esta "herança" que deixo, talvez seja a mais preciosa que poderia  deixar, porque é uma dádiva integral de mim, na globalidade física e espiritual da mulher que eu sou !...

Anamar

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