sexta-feira, 13 de agosto de 2021

" MEMÓRIAS "

 


Estamos no carismático mês de Agosto. Era "aquele" mês !

Sempre que Agosto chegava, ala que se fazia tarde para usufruir dos almejados dias fora do casulo de ano inteiro.  As férias sonhadas e esperadas ansiosamente, chegavam finalmente, e outros destinos aguardavam todos, particularmente a miudagem, cujos olhinhos já piscavam duma pressa inadiável.
Normalmente, com o fim do ano escolar, começava a programar-se o destino de praia.  Sair de Lisboa e poder ir molhar o pezinho ao Algarve ou na Costa Alentejana, já era um "must", já era um privilégio de classe média !
Era verdade que em criança, talvez fugindo um pouco do habitual na minha geração, já eu  desfrutava de destinos ao sul, onde chegava a ficar com a minha mãe, mais de um mês, num quarto alugado ou numa pensão, usufruindo a época balnear, enquanto que o meu pai que detestava praia, continuava no labor da viagem.  Mais tarde, as minhas filhas sempre tiveram a possibilidade de rumar a destinos simpáticos.  Toda a costa algarvia, começando em Vila Real de Sto.António e terminando em Lagos, foram lugares sendo percorridos nos diversos Agostos.  Porto Covo também, em saudosas férias em grupo de amigos, várias famílias com adultos divertidos e crianças imparáveis.
Eram tempos fantásticos de dias inteiros no areal, muitos banhos, muitos jogos, muita partilha de conversas e paródia, muita cumplicidade e serões de passeio após o jantar, como refrigério da canícula alentejana. 
Foram tempos ...
Depois esperavam-nos dias no campo.  Eram outras vivências, outras paisagens, outros cheiros e outras cores.  Eram as espigas de milho assadas na fogueira, era o rio e os mergulhos na água fresca, era a brincadeira interminável, era a jogatina das cartas a desoras, na mesa de pedra debaixo da tileira, sempre generosamente frondosa.

Para o estrangeiro só comecei a sair com quarenta e muitos anos.  Ainda assim, começando por tímidas digressões até ali, à vizinha Espanha, aproveitando que Ayamonte ficava à mão de semear do nosso paradeiro e sempre haveria uns caramelos a trazer.
Viagens propriamente ditas, só anos depois.  
Nada disto tem a ver com os usos e costumes da nossa realidade actual, onde os jovens começam com viagens de finalistas à discrição, inter-rails mundo fora, campismo "à Lagardère", férias de neve em grupos, não falando noutras possíveis invenções, já totalmente assimiladas na sociedade em que vivemos, e que nem surpresa já constituem, nos núcleos familiares.
Tudo mudou ... tanto mudou !
A primeira vez que andei de avião tinha vinte anos e já estava casada. Ainda assim, a viagem Lisboa-Luanda deveu-se à obrigatoriedade de para lá me deslocar. Carro próprio, também só com o respeitável estatuto de "esposa" ... 😀😀😀 Os meus pais nunca o tiveram, pese embora a minha mãe tenha ingloriamente tirado a carta !

Este mês de Agosto é de facto um mês de memórias.
Além destas poucas, avulsas, que me foram escorrendo da mente, Agosto é também um mês de festejos a nível familiar, e apesar de hoje em dia a Vida disso não se compadecer, disseminando as pessoas por aí ao sabor dos ritmos e conveniências de cada agregado familiar ( e olhem que a família é bem pequenininha ... ), assinalo que ao dia de hoje dois aniversários se comemoram ... o da minha filha mais velha e do seu próprio filho mais velho também, e de hoje a uma exacta semana, o Kiko, o mais novo desse núcleo, também aniversaria.
Todos estão em gozo de férias no Algarve, eu, por aqui, a outra minha filha na margem sul onde habita com o companheiro e a Teresa ... o pai e avô igualmente noutras paragens e sempre inacessível, restam de facto as memórias de dias felizes, de vida vivida, de tempos idos, quando a história era toda outra e nem sonharíamos afinal, como ela iria ser escrita e contada !

Anamar

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