sexta-feira, 26 de setembro de 2025

" PEDAÇOS ... "


Os dias amarelaram. No céu, de um azul pouco convincente, fraquinho, fraquinho, nuvens esparsas vão seguindo viagem. Um vento desabrido pavoneia-se por aqui e arrepia-nos o corpo.  O Outono assoma.  Hoje já cá está.
Num banco da praceta, alguém que tem como protecção apenas um cobertor, aninhou-se.  Visto cá de cima é uma espécie de embrulho que alguém ali tivesse deixado.  Talvez já se prepare para a noite que chega a passos largos apesar da temperatura o não aconselhar.

Esta época do ano, estes dias melancólicos e de silêncio que parecem esconder uma sonolência triste da natureza, não me fazem bem nenhum.  Parece que tudo deitou para dormir.  Parece que tudo fechou os estores para uma hibernação de desamparo.
Do Outono eu adoro as cores da natureza.  A "caça" aos laranjas, amarelos, castanhos e  avermelhados ou até mesmo o início da queda da folhagem das árvores e arbustos que já completaram o ciclo anual de vida, leva-me a procurar nos programas turísticos, lugares por esta Europa fora onde os encontrasse no intimismo de paisagens inesquecíveis. E sonhar ...
Recordo imagens gravadas na mente, há muitos anos, num Setembro norueguês, onde a simplicidade da vida em meio a uma natureza doce e aconchegante, chamava a passeios pelos campos em busca das flores silvestres sazonais e das bagas dos frutos vermelhos a oferecerem-se às compotas da época ...
E era muito bonito mesmo, a paz que se respirava, os cheiros que nos impregnavam a alma, aquela pacatez no meio da floresta ... os abetos e as coníferas duma forma geral, ainda verdes, erectos na espera das primeiras neves que não demora, os enfeitariam ...

Estou a atravessar uma fase da vida em que a saturação do dia a dia e a vida numa cidade horrível, totalmente descaracterizada, sem absolutamente nada de interessante e que nada tem de semelhante com tempos idos, me deprimem ainda mais.
Com uma frequência nas ruas pouco recomendável, sem um espaço verde de valer a pena, sem uma esplanada de um café para ameno cavaqueio ... nada, absolutamente nada ... cada vez mais e mais me isolo em casa, 
A solução seria sair, ir embora, procurar outros espaços, o que só por si já limita qualquer interesse ou entusiasmo de o fazer. Ter que pegar no carro, fazer-me ao trânsito, à confusão das gentes, retiram-me qualquer vontade que possa existir.
Neste momento anseio apenas por paz, silêncio, natureza ... Neste momento adoraria viver fora daqui.
Sinto-me a adoecer ... a sério, sinto-me a ficar com a saúde mental seriamente afectada.

Este post, como o nome indica, aborda apenas pedaços de mim, nada de relevante que acrescente ou retire nada a ninguém ...
Afinal não há muita escolha no registo emocional para as pessoas que, como eu,  estando já profissionalmente libertas, pertencendo a uma determinada faixa etária, e em que as opções lúdicas propostas são pouco ou nada aliciantes ... além de escrever banalidades ou registos vazios de vida, pouco ou nada interessantes !
Não sei ou me interessa tricotar, nem tenho prendas domésticas, fujo das imagens aterrorizantes das guerras que grassam e dizimam os povos, fujo das notícias catastróficas de desgraças naturais quase sempre despoletadas pelas alterações climáticas trazidas pela mão do Homem, odeio as guerras políticas que devastam os países, os continentes, a nossa sanidade mental ... vou lendo, pouco, pela dificuldade de concentração, descreio cada vez mais no ser humano e nas suas reais intenções ... sobra-me o quê?!

A mata ... o único lugar onde ainda há verde, pássaros que pipilam, gatos sem dono ou casa ... e já nem patos bravos nadam nos tanques ... porque novamente o Homem se encarregou de lhes envenenar as águas ... 😓😓

Anamar 

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