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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

" SETEMBRO "



Lá longe, ao cair da tarde
uma paz me invade
me pega e me embala ...
e cala
os tormentos da vida ...
Como em despedida,
os silêncios meus
se pintam de sombras,
de cores de doçura,
de sonho e candura,
e sobem aos céus
dizendo um adeus
ao dia que parte ...
no cair da tarde ...

Tempo generoso
de fruta e de pão,
ninho e aconchego,
meu sono e sossego,
fechando o Verão !

É assim Setembro ...
é assim que eu lembro
os dias de então !
Dourados momentos
felizes,  plenos ...
quando a quietude me invadia a alma,
o coração esperançoso sorria,
e a mágoa partia ...

Hoje,                                    
o peito cansado e doído,
na tarde se acalma
ao lembrar o que era ...
Era assim Setembro,
no meu coração,
uma Primavera !...

Anamar

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

" PARTIDA " - dedicado à Lena ... talvez a minha melhor amiga






"Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir, 
porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende ...
Amigo, a gente sente ! "

                                  Machado de Assis



Olhei p'ra ti, e pensei
que num dia que eu não sei,
tu vais estar à minha beira ...
E "irmãs" que fomos em vida,
nessa hora de partida
vais velar-me a cabeceira ...
Nos caminhos deste mundo,
tanto desgosto profundo
ajudaste a suportar
E tacteando o destino,
como a um eterno peregrino,
deste a mão no caminhar ...

Os amigos que se escolhem
são irmãos de coração...
companheiros de caminhada
círios a iluminar a estrada,
sempre nos erguem do chão !
São esteios que a vida nos dá
São faróis e são abrigos
São ombros e são bordões
São risos e são canções ...
Simplesmente ... são AMIGOS !...

E o dia será igual ...
Terá céu e terá mar ...
as estrelas irão subir,
a lua deita a dormir,
nunca nada irá mudar !...
E a gente ri, ou chora
com a indiferença da hora ...
Não será essa a razão
que a possa deixar mais triste ...
Não sabe sequer que existe
de partida, um coração !

Anamar

domingo, 7 de agosto de 2016

" CONFISSÃO "




Hoje
Preciso de uma festa urgente ...
Eu preciso de um abraço
preciso de um beijo doce
de um macio toque de pele
de repousar num regaço !
Preciso de um ombro forte
de palavras que me aninhem
de ouvidos que me escutem
de calor que me renasça
de braços que me acarinhem ...

Hoje ...
Preciso de alguém que me mate
a dor desta solidão,
preciso quem me transporte
de novo à vida,
e dê norte ...
me aquiete o coração ...
Preciso de quem me ampare
e reerga da canseira,
quem oriente no escuro
o meu caminho sem rumo ...
Quem se deite à minha beira
e me ame
e me proteja ...
Quem dê colo
e quem dê ninho ao meu coração partido
Me fale outra vez de amor,
p'ra que eu volte a acreditar
que a vida tem um sentido !

Hoje ...
Quero quem me traga uma rosa
orvalhada, do jardim ...
quem me adoce este amargor ...
À minha dor dê um fim
e silencie o meu grito,
ao beijar os lábios meus ...
Quero quem deite na alvorada
a cabeça repousada
e comigo suba aos céus
p'ra catar estrelas e luas,
apanhar sóis e cometas
receber a lua cheia
com tímbalos, aulos,  trombetas ...
Quem comigo ouvir o rio
ou a água da nascente,
quem souber olhar o sol,
a tombar pelo poente ...
Quem desça comigo ao mar
a visitar as marés
Quem comigo naufragar
sem sequer o lamentar,
tendo por guia os meus pés ...
Quero quem fale a minha língua ...
( a das aves lá da serra ... )
quem saiba sujar os pés
com a  poeira da terra ...
e ame só por amar
e bendiga o amor meu ...
Eu preciso quem agarre
a criança que há em mim
e me leve a caminhar
nesta estrada sem ter fim ...
Porque

Hoje ...
Estou exausta
estou sem força
estou sem caminho
e sem chão ...
Preciso de um beijo doce,
de me embalar num regaço ...
de um macio toque de pele
que me acalme o coração ...
preciso de uma festa urgente ...

eu preciso de um ABRAÇO !...

Anamar

terça-feira, 14 de junho de 2016

" MENTIRA "




Porque eu nasci mulher, foi p'ra sofrer
os males desta vida ... E descontente,
como uma eterna adolescente
por cada dia, acredito renascer ...
Renascer em vidas inventadas,
mentiras minhas, histórias sufocadas,
destino que criei e que me aninha ...
São sonhos que acordo nas manhãs,
são futuros imaginados, esperanças vãs,
que partem, como parte a andorinha ...
E esta coisa que dói dentro do meu ser,
de pensar que vivo sem viver,
de ser eu e ser outra, ao mesmo tempo...
é flor que estiola no meu peito,
madrugada que repousa no meu leito,
é mágoa, é cansaço e é tormento !...

Anamar

domingo, 29 de maio de 2016

" AUTO RETRATO "




Sou pássaro que à tardinha, na ramada,
repousa por instantes da canseira
de tão longa viagem fatigada ...
De estrada tão sem norte, caminheira ...
Sou búzio que o mar joga na areia
Sou alga que ele arrasta, sem piedade
Um barco a balouçar na maré cheia
Rocha já esquecida e sem idade ...
Sou poeira arrastada p'la fúria do vento
Astro perdido, de galáxia errante
Sou poalha estelar, pelo firmamento
Sonho sonhado que ficou distante ...
Sou suspiro que do peito se soltou
Palavra largada na curva do tempo
Sou chama de vela que já se apagou,
Fogueira já extinta ... Já só um lamento ...
Sou alguém sem rumo, que crê e que espera
outro alguém, que no mundo nunca encontrou ...
Um ser que na vida cansa e desespera
por um amor irreal, que apenas sonhou !...

Assim eu sou, porque assim eu me fiz ...
Mulher, em menina que nunca cresceu
Alguém que viveu e não foi feliz
Nascente já morta, de um rio que correu !

Anamar

sábado, 21 de maio de 2016

" SILÊNCIO "




Um destes dias vou falar-te de mim
Vou contar-te dos meus silêncios profundos
e dos mundos
que não entendo e não sei ...
Vou falar-te dos sonhos
que já não me dormem  no peito
não repousam no meu leito ...
nem mesmo sei se os sonhei !
Vou lembrar-te a minha história
fechada no coração ...
Quando o tempo era de esperança
e a solidão não pesava
ainda, em mim ...
Quando o sol me abraçava
e quando as flores alindavam
as floreiras do jardim ...
Será que lembras ainda, quando o mar, em pensamento,
brincava com as gaivotas,
corria livre no vento ?...
E com ele, de mãos dadas
e coração ao pescoço,
dançámos nas alvoradas
p'las madrugadas de Agosto ?!
Eu só queria que lembrasses ...
Era como se abraçasses
aquela que eu era então ...
como eu te guardo em segredo,
e te amanheço bem cedo,
na concha da minha mão ...
Por isso,
basta-me só que ainda lembres
e já me fazes feliz ...
É tão grande a solidão
que me lembra a imensidão
do que o silêncio não diz ...

Anamar

sábado, 14 de maio de 2016

" VIDA "




Viver é desassossego que não cansa
Estrada de rumo errante, atordoada,
e por ela andar, feito criança
sem ter mãos, sem ter colo ... sem ter nada !
É olhar as nuvens ...
Com elas partir quando o vento sopra e as leva ... indiferente
Velejar pelo céu e deixar-se ir
nos braços do sol ... rumando ao poente
É por cada manhã fazer uma festa,
como se uma esperança florisse no chão
Com a lua cheia, cantar em seresta
alegria nova de nova canção ...
É morrer e renascer por cada dia,
é levantar, ganhar asas e seguir
É chorar ... mas no meio da ventania,
do choro fazer versos, p'ra sorrir
É não valer a pena, já valendo
É perseguir o mar que não desiste
É ser o falcão no rochedo,
que sendo um condenado no degredo,
frente à tormenta é um barco que resiste !...

E por isso, viver é um cansaço ...
É uma história com princípio, sem ter fim ...

Mas se não viver,
como saber a força que detenho
e conhecer um pouco mais de mim ?!

Anamar

sexta-feira, 13 de maio de 2016

" A CHUVA "




A chuva que chega e que bate a vidraça
leva p'ra longe a desgraça do meu coração
É chuva-doçura que vem e que passa,
que tem dó da dor desta solidão
A chuva conhece por dentro, aquela que eu sou ...
sabe o que não digo, finge não saber ..
Companheira-irmã da sorte que tenho,
conhece em segredo, este meu sofrer ...
Dos sonhos sonhados, não diz a ninguém
Bate na janela pela madrugada
A chuva que chega que vai e que vem,
poisa de mansinho na minha almofada !
Conversa comigo ... fala-me do mar
conta como é, nele navegar ...
Fala-me da ânsia, sonho de partir,
seguir mais além ... voar, deixar-me ir
com ela que chega, que vai e que vem
e que sempre me traz, notícias de alguém ...
A chuva que chega e que parte, meus sonhos embala
Segredos trocamos, ao molhar-me o rosto
A chuva que chega em silêncio,  cala ...
mas sente e entende este meu desgosto !
Desgosto e cansaço desta vida vivida,
pedaços de vida não vivida, sequer ...
A chuva que chega, que vem e que parte
sabe como eu,  o que é ser mulher !...

Anamar

sábado, 7 de maio de 2016

" RESISTÊNCIA "





De que me serve ser guerreira do destino ?
De que me serve ser lutadora no vento ?
Para quê ser a águia lá da serra
que supõe que domina toda a Terra
e só vive a conquista de um momento ?!...
Porquê persistir nestes caminhos
e olhar a longa estrada, indiferente ?
E teimosa, enxergar apenas espinhos
quando tudo à minha volta é virente ?!

Não pode o cansaço derrubar
o ser titubeante que hoje sou !...
Porque sempre o rio procura o mar,
a ave não desiste de voar,
e depois do Inverno, o Verão se faz presente !...

Por isso é tempo de acordar e perceber
que por aqui só passamos uma vez
e que a vida que detemos, vale a pena ...
É tempo de olhar e saber ler
os sinais que a vida dá, e aprender
que esse, deverá ser o meu lema !
Tenho mais é que prender forte, o destino
Tenho mais é que enfrentar o vento norte ...
Porque se eu quiser e acreditar,
voarei bem mais alto e bem mais forte !
E resistir à tempestade, dia a dia,
deverá ser uma luta e uma vitória ...
Encarar a dor sem desistir,
esquecer as mágoas e sorrir ...
deve ser o rumo e ser a história ...

E das pequenas coisas, fazer grandes ...
De um botão, colher uma flor em cada esquina ...
Levantar, erguer do chão mesmo a doer
Tornar  destino doce, a minha sina
terá que ser o norte em cada dia,
terá que ser futuro a alcançar ...
É tempo de acordar e perceber
que a vida nos foi dada p´ra viver
e que é tempo de a viver e de a sonhar !...

Anamar

sexta-feira, 29 de abril de 2016

" ESCRITA "




Esta coisa de escrever doce e doída,
é parir um filho pelo peito
é dor da alma, desmedida
é sofrer sem remédio e sem ter jeito ...
É ter as dores de um parto que se faz
é dar vazão à alma, incontida
é morrer um pouco e não ter paz
é ser um ser errante, sem guarida ...
É ser um rio que não conhece margem
é ser vento que açoita sem piedade
é deixar-me arrastar pela voragem
é escorrência sem destino nem idade ...
E esta coisa que se impõe doce e sentida
indiferente à minha sina e à minha dor,
é parte de mim, por mim parida,
é no meio das pedras, uma flor !

Anamar

" A MESA DO CAFÉ "



Essa mesa do café
daquele café de então,
tem muito de mim guardado,
do que trago amordaçado
no silêncio e coração ...
É também escritório de sonhos
onde co'as letras converso ...
é local de passagem
de amigos desta viagem,
quando o "tempo" é adverso ...
Aquele lugar é meu
de direito e por paixão ...
Nessa mesa do café
daquele café de então
onde os versos e a prosa
voejam livres no vento ...
lá me busco e lá me encontro
lá me rasgo e me aquieto
lá me falo e me lamento ...
E a palavra escorre livre,
nem respeita mote ou rima,
desce da alma ao papel,
ao sentir, sempre é fiel,
com coração de menina !...
Não é mais palavra de ida
nem é palavra de volta,
já não é palavra dita,
é palavra só sentida ...
é palavra que se solta !...
Essa mesa do café
tem em si segredos meus ...
Nela, eu rascunho a vida,
escrevo o "guião" da partida,
como quem diz  um adeus !...

Anamar

segunda-feira, 25 de abril de 2016

" HOJE ... ABRIL "


               

                                         42  ANOS  DEPOIS ...

                                                197     42     016

Abril é poesia
coisa de um dia, de um só coração
Abril foi aquele ...
Abril-geração !
Que falta me faz lembrar esse Abril
p'ra levantar e partir
rumo ao futuro e sonhar ...
Já não te entendem, Abril
Vives na nossa memória
estás a perder-te na História
cansado de caminhar ...
E hoje, o Abril que amanhece
é um Abril que anoitece
na madrugada de então ...
Abril foi poesia ...
foi mesmo coisa de um dia ...
teve a cor de uma nação !

Anamar

domingo, 17 de abril de 2016

" NAÏF "





Queria enviar-te um beijo,
dos que guardo por aqui,
nas asas de um beija-flor
que conhece, meu amor,
o caminho até aí ...
Mas na verdade não sei
se o poderás aceitar,
porque há muito já esqueceste
todo o amor que prometeste
teres guardado p'ra me dar !...
Nas cambalhotas da Terra,
do nascer ao por do sol,
eras tu que me guiavas
e do chão me levantavas,
eras bússola e farol ...
E fui vivendo por ti
sonho a sonho, dia a dia ...
fui aprendendo a esperar
o que não sabias dar ...
e fiquei assim vazia !
Hoje, restaram-me uns beijos
na arquinha do destino ...
O beija-flor já passou
nem sequer aqui poisou ...
acha que eu perdi o tino !...

Anamar

terça-feira, 5 de abril de 2016

" MELANCOLIA "






Quase noite, em mais um dia que se fez ...
No horizonte, o sol cansado já poisou
O silêncio e a penumbra vão descer
no caminho de quem caminho muito andou
Mais um dia que o destino já cumpriu,
menos um, nessa estrada a percorrer ...
Pássaro livre que me deixou e partiu,
um regato que correu veloz p'ro rio,
foi flor solta no vento, a fenecer !
Porque quem já caminhou, não tem p'ra caminhar ...
nem sonhos e ilusões tem p'ra viver ...
E quem muito cansou sem nunca descansar,
é barco que veleja à toa pelo mar,
é sol que busca o ocaso p'ra morrer ...
Ontem já é hoje, hoje é amanhã ...
Pressuroso,  o tempo varre o coração
com  uma impiedosa e insensível fria aragem,
como um incontrolável e rude furacão,
que nos arrasta  os sonhos como em turbilhão,
como um caudal insano que galgou a margem ...
Assim a nossa vida vai partindo ...
Os dias, o destino vai cumprindo
um a um ... vão seguindo a sua vez ...
A quietude e a paz do fim do dia,
são embalo, são doce melancolia,
em mais um fim de tarde que se fez !...

Anamar

domingo, 13 de março de 2016

" POR QUE ESCREVO ? "



Por que escrevo ?  E eu sei lá !
Por que corre o rio p'ro mar,
nasce o sol em cada dia,
canta cedo a cotovia
e não cansa de cantar ?!
Por que acasalam as aves
se chegou a Primavera ?!
Por que despertam as flores,
renascem novos amores
e a Natureza não espera ?!
Alguém pergunta ao pardal
por que salta, em vez de andar ?
Alguém pergunta à gaivota
que notícias traz do mar ?
Alguém sabe por que a serra
sobe e desce de cansada ?
E nas planícies, os trigos
levam vida espreguiçada ?
Nasce a urze pelos montes ...
Entre pedras, o ribeiro ...
A água corre das fontes,
recusa ter horizontes,
desconhece cativeiro !
E a aurora sempre desponta
mesmo da noite mais dura ...
Entre as nuvens, o luar
desce à Terra a iluminar
toda a madrugada escura ...
Não se prende a borboleta,
ou  cala o melro, que trina ...
Se das pedras desabrocha
a flor que rompe a rocha,
é porque era a sua sina !...
Eu escrevo porque respiro ...
e escrevo para respirar...
Como as ondas lá do mar
deixam na praia um suspiro,
com saudade de voltar !...
Escrevo,  porque o que escrevo
e é espólio do meu viver,
se alinha, sem perguntar ...
sempre que estou a escrever !...
E assim sendo, não perguntem ...
porque não sei responder ...
Escrevo, porque ao nascer,
minha mãe ao dar-me o peito
percebeu este meu jeito ...
e deu-me a escrita p'ra viver !...

Anamar

sábado, 5 de março de 2016

" HOJE "




Hoje tirei o dia p'ra morrer
nesta coisa cansativa de existir,
neste nada tenebroso que é viver,
nesta  louca  vontade de partir ...

E o sol que já parte, inda chegou,
a quem nunca pergunto de onde veio,
é testemunha de uma vida que girou
à volta de uma história que não leio ...
As palavras que se perdem no passado
e os sonhos que ficaram por contar,
são destinos que jamais se vão cumprir
como um rio que não alcança nunca o mar ...

Neste dia impreciso de sentir,
neste tempo confuso de se ser,
neste frio ... no silêncio do vazio
destes tempos que não deixam de doer ...
Hoje, parei  nesta esquina  da vida ...
e alonguei o olhar pl'a  imensidão ...
Depois, olhei-me  e percebi
como companheira a solidão !...

Fiquei com saudades de um futuro
que sei jamais ir conhecer ...
Nesta coisa cansativa de existir
hoje tirei o dia p'ra morrer !...

Anamar

domingo, 7 de fevereiro de 2016

" CARNAVAL"




"E depois de tudo, o que é uma mentira? 

Apenas a verdade mascarada." ♡♡

Lord Byron




Esta inexplicável coisa de querer ser
por baixo do disfarce, alguém diferente
Brincar de ser feliz, e de parecer
que se sente o que de facto não se sente ...
Esta absurda utopia colectiva,
esta avalanche de loucura breve e tonta,
finge-nos vivermos em três dias
sonhada vida de fazer de conta !...
E a histeria que do triste faz alegre,
e do pateta uma sumidade,
inventa histórias, cria fantasias ,
e da mentira constrói estranha verdade !...
O grotesco e efémero desvario
que cola em despudor um rosto ao teu,
que te dá a ilusão do poderio
que a máscara inventada, prometeu ...
por momentos te faz acreditar
que és aquele que afinal não alcanças...
E nesta miragem que é fugaz,
vives um sonho infantil de crianças !...
Mas o tempo voa e a vida acorda ...
Amanhã já é depois ... e o tudo é nada !
O traje cai por terra, o palco fecha ...
porque tudo não foi mais que uma imensa MASCARADA !!!...

Anamar

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

" HOJE ... MAS "




Hoje

Queria escrever-te duas linhas
Queria dar-te emoções que foram minhas
e torná-las nossas, como antigamente ...

Mas

As emoções secaram no meu peito,
As palavras esqueceram qual o jeito
do passado voltar a ser presente ...

Hoje

Queria dar-te as minhas mãos pelo caminho
Envolver-te num abraço de carinho
Colher p'ra ti, outra vez, aquela flor ...

Voltar a ser o teu porto de abrigo
Dar-te um colo, um ninho, um ombro amigo,
Sussurrar-te ao ouvido, o meu amor ...

Hoje

Queria lembrar-te tantas histórias que conheço,
os sonhos como rendas que entreteço,
quais canções de embalo e de ninar ...

Mas

Ficaste naquela curva da estrada
Perdeste o norte da caminhada,
e esqueceste qual o rumo p'ra voltar ...

Hoje

Somos donos dos silêncios que detemos
Somos escravos das palavras que dizemos,
quais pássaros fugidios ... alvoroçadas ...
Como folha arrastada  pelo vento
carrego  comigo este lamento
e com ele, trespasso a madrugada !

Anamar

sábado, 7 de novembro de 2015

" UM IRRELEVANTE POEMA DE AMOR " - Irrelevante ... como quase todos !...







Os mistérios da minha cama
guarda-os em segredo, o mar
Nas rendas da maré baixa
vens de barco a navegar ...
E o meu corpo que te espera
que te anseia e adivinha,
fecha os olhos e adormece
quando em teu peito se aninha ...
O vento sopra baixinho,
seja nortada ou suão,
promessas do teu amor,
na concha da minha mão...
os gemidos da savana
e o silêncio da caatinga ...
Adoça-me o coração
a água fresca da moringa
que trazes p'ra me prendar ...
quando vens na maré baixa
dentro de mim, naufragar ...
Eram vales e planícies
eram grutas, eram montes ...
foram estradas e caminhos
foram florestas e fontes,
que sabias ... percorrias
pé ante pé, com vagar ...
os mistérios da minha cama
guarda-os em segredo, o mar !...
E ...  amor, vejo os teus olhos
na água pura das nascentes ...
e o fogo do teu olhar,
no vermelho dos poentes
que me foge, que adormece,
que me morre a cada dia ...
Não partas de mim, amor ...
Não me mates de agonia !...

Anamar

terça-feira, 6 de outubro de 2015

" POEMA DE AMOR "



Não há tempo para olhar o firmamento,
nem há tempo p'ra escutar a voz do vento
e sonhar ...
É um tempo de sombras e de silêncios,
em que o sol deita cedo,
junto ao mar ...
Era o tempo de seres cais e eu ser navio
Era o tempo de navegar o teu rio
de águas doces, da nascente até à foz ...
Era o tempo de viver acreditando,
De acordar com os pássaros cantando,
Tempo de elos, de promessas e de nós ...
Era o tempo de dormir no teu regaço
De sonhar e me envolver no teu abraço,
e me perder ...
Houve um tempo em que partiste, e me deixaste
na beira do caminho que trilhaste ...
Foi um tempo de morrer ...
E na cama que era meu ninho e meu porto,
no desenho do teu corpo
cabia perfeito, o meu ...
Mas o tempo que é o meu tempo presente,
seguiu o seu rumo indiferente,
e indiferente, me esqueceu ...
E agora ... Qual tempo é o meu tempo ?
Já não escuto a voz do vento ...
Já não navego o teu mar ...
Nas mãos, só tenho a saudade
que espalho pela cidade,
qual veleiro a naufragar !...

Anamar