sábado, 20 de dezembro de 2008

O HOMEM DO "PAPILLON"



Um pouco na sequência do que postei anteriormente, fui confrontada com este artigo que aqui deixo, e que sem dúvida corrobora as minhas angústias, amarguras e desânimos, pelo estado de coisas a que chegou este nosso "cantinho" à beira-mar plantado...
Ele retrata fielmente a preto e branco (porque já não há outras cores na paleta), a realidade, aqui e agora, deste nosso Portugal de braços caídos.

Desde jovem sempre me "cruzei" por gosto, admiração, empatia, consonância, com as ideias debitadas por Baptista Bastos.
O "homem do papillon", igual a si próprio, coerente nas análises e posturas, sempre me encantou com o seu estilo claro, escorreito, despretensioso como ele mesmo.
Homem desassombrado, incorruptível, frontal, sempre me /nos presenteou com uma escorrência de ideias concisa, objectiva, imparcial.
Sempre chamou "os bois pelos nomes", e isso, cada vez mais nos tempos que correm, é uma rara qualidade, numa sociedade mais e mais feudo de mentiras, desonestidades, compadrios, em que tudo e todos, objectivamente têm um preço.

Assim, é com imensa honra e sem mais delongas, que vos passo...reflexões brilhantes de BB...


"Cada vez mais nos afastamos uns dos outros. Trespassamo-nos sem nos ver.
Caminhamos nas ruas com a apática indiferença de sequer sabermos quem somos.
Nem interessados estamos em o saber. Os dias deixaram de ser a aventura do
imprevisto e a magia do improviso para se transformarem na amarga rotina do
viver português e do existir em Portugal.

Deixámos cair a cultura da revolta. Não falamos de nós. Enredamo-nos na
futilidade das coisas inúteis, como se fossem o atordoamento ou o sedativo
das nossas dores. E as nossas dores não são, apenas, d'alma: são, também,
dores físicas.

Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz - os que lêem. As
televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma
pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos
problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os
ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação.

Um amigo meu, professor em Lille, envia-me um email. Há muitos anos, deixou
Portugal. Esteve, agora, por aqui. Lança-me um apelo veemente e dorido: 'Que
se passa com a nossa terra? Parece um país morto. A garra portuguesa foi
aparada ou cortada por uma clique, espalhada por todos os sectores da vida
nacional e que de tudo tomou conta. Indignem-se em massa, como dizia o
Soares.'

Nunca é de mais repetir o drama que se abateu sobre a maioria. Enquanto dois
milhões de miúdos vivem na miséria, os bancos obtiveram lucros de 7,9
milhões por dia. Há qualquer coisa de podre e de inquietantemente injusto
nestes números. Dir-se-á que não há relação de causa e efeito. Há, claro que
há. Qualquer economista sério encontrará associações entre os abismos da
pobreza e da fome e os cumes ostensivos das riquezas adquiridas muitas vezes
não se sabe como.

Prepara-se (preparam os 'socialistas modernos' de Sócrates) a privatização
de quase tudo, especialmente da saúde, o mais rendível. E o
primeiro-ministro, naquela despudorada 'entrevista' à SIC, declama que está
a defender o SNS! O desemprego atinge picos elevadíssimos. Sócrates diz
exactamente o contrário. A mentira constitui, hoje, um desporto
particularmente requintado. É impossível ver qualquer membro deste Governo
sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é
inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar
verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza
do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas
de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos
jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a
iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.

Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se
que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que
recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se
que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis
consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu
timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se.

Bem gostaríamos de saber o que dizem Mário Soares, António Arnaut, Manuel
Alegre, Ana Gomes, Ferro Rodrigues (não sei quem mais, porque socialistas,
socialistas, poucos há) acerca deste descalabro. Não é só dizer: é fazer, é
agir. O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a
maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em
escalada. O paliativo da substituição do sinistro Correia de Campos pela
dr.ª Ana Jorge não passa de isso mesmo: paliativo. Apenas para toldar os
olhos de quem ainda deseja ver, porque há outros que não vêem porque não
querem.

A aceitação acrítica das decisões governamentais está coligada com a
cumplicidade. Quando Vieira da Silva expõe um ar compungido, perante os
relatórios internacionais sobre a miséria portuguesa, alguém lhe devia dizer
para ter vergonha. Não se resolve este magno problema com a distribuição de
umas migalhas, que possuem sempre o aspecto da caridadezinha fascista. Um
socialista a sério jamais procedia daquele modo. E há soluções adequadas. O
acréscimo do desemprego está na base deste atroz retrocesso.

Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso,
seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de
José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa
que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses.
Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez
mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta."


Tristemente reparemos, como epílogo, quanta actualidade tem agora este texto do grande EÇA...escrito em pleno século XIX...

Ontem como hoje...que raio de destino o nosso!!...

Anamar

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"ESTA LISBOA QUE EU AMO..."



Fui à Baixa de Lisboa...à Baixa Pombalina onde já não ia há alguns anos, tantos quantos os que medeiam entre o encerramento do túnel do Rossio e hoje, em que decidi, que seguramente encontraria no comércio que lá "deixara", um presente especial de Natal para alguém que também foi especial na minha vida e está de partida...

Fiz-me portanto a Lisboa, aproveitando para fazer a minha "vistoria" às obras do túnel.

E "desaguei" em pleno Rossio. Um Rossio inundado de um sol luminoso de Inverno, emoldurado pelo velhinho castelo de S. Jorge, vigilante sobre as colinas.

Deambulei por ali, porque as três da tarde ainda tardavam um pouco, e com elas a expectativa da abertura de lojas encerradas para almoço.

E senti Lisboa "fria", senti Lisboa algo só, senti Lisboa uma cidade desconhecida...
Começavam a instalar-se-me um "desconforto" e uma melancolia crescentes.
Os meus olhos vasculhavam os lugares, perscrutavam os ambientes, procuravam o que não encontravam.
Parecia haver décadas que não visitava aquele espaço, parecia que 1755 regressara a Lisboa para, desta vez, não lhe deixar "pedra sobre pedra"...



Lisboa está povoada por uma multidão que eu desconhecia.
Uma miscigenação imensa de raças, de tipos, de gentes, faz desfilar figuras ímpares que vão das cores às vestes, dos semblantes aos idiomas, da solidão às verdadeiras tribos.

Vi africanos com indumentárias a rigor, vi árabes de turbantes e barbas, vi mendigos sem pátria nem terra, a dormir em cartões, em pleno meio do dia, nas arcadas do Teatro D.Maria.
Vi concidadãos de espaços que não este, a beber cervejas, promiscuamente sentados por ali, ao sol, gesticulando, rindo, falando muito alto, num linguajar efusivo, a enganar solidões que não se deixam enganar...
Vi brasileiros com ar triste e acabrunhado, a venderem bujigangas que ninguém compra nunca, na esperança de uns trocos com que se aconchegue o estômago...e pedem, sempre pedem:"ainda não comi nada hoje"... e a "cidade maravilhosa" lá tão longe!...
E vi velhos, muitos velhos, de rosto apagado e inexpressivo, com sonhos a fugir pelo pregueado da pele sem luz...na espera, sempre na espera do decurso do tempo.
"Eu, todos os meses compro o 123 para a terceira idade...a minha reinação é vir até aqui todas as tardes. Vou até à rua da Madalena, dou a volta ao Terreiro do Paço"...e não escutei o resto...

"A minha reinação"!...Triste epílogo de vida!...
Nem os pombos já querem saber dos idosos, e os idosos também já não têm mais milho para os pombos...

O indiferentismo, a ausência, o cansaço, a resignação habitam os rostos dos idosos...os mesmos que, irónica e dramaticamente, têm que seleccionar em cada mês, os remédios que aviam na farmácia (do longo "cardápio" prescrito), com os recursos a encolher todos os dias...




Lisboa está a divorciar-se do Tejo...
Os cinco "dedos" da sua mão que sempre apontaram para o rio, estão a envelhecer e a ficar sós.
Não há vida naquelas ruas, muitas e muitas lojas estão fechadas ou a trespasse, o "brouhaa" das gentes passantes está a silenciar-se, a animação de rua que lhes dava rosto, desapareceu, algumas (poucas) esplanadas...desertas...; até as vendedeiras de flores das esquinas, sumiram.

E é assim, da Rua da Madalena à do Ouro; é assim, da Praça da Figueira, do Largo de S.Domingos, da Barros Queirós ao Martim Moniz...
A vida fugiu da Baixa para outras zonas, talvez...
Eu diria, injustamente deixou de pulsar na zona nobre e coração desta Lisboa, e passou para os centros comerciais, para as grandes superfícies, onde se "fazem" familiarmente, entre paredes, fins de semana inteiros, onde se passeia, onde se compra, onde se come e onde todos parecem "divertir-se" à grande...

Já não existe a Pensão Glória da minha meninice, mas salvou-se o "Hospital das Bonecas"...meu Deus, o "Hospital das Bonecas" ainda existe!...
Continua resistente à hecatombe, lá, na Praça da Figueira, com uma montra repleta de brinquedos de lata que me aqueceram a alma...

O resto...bom, o resto foi frio...vazio...uma cidade em silêncio, descaracterizada e cinzenta, justamente numa época do ano que foi de ouro e fulgor noutros tempos, na correria de mais um Natal que se avizinha...

Mas hoje, eu perguntei-me todo o tempo: "Afinal o que foi feito desta Lisboa que eu amo??!!..."




Anamar

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

"TANTO OU TÃO POUCO..."








Olhando estas imagens,um misto de sentimentos e reflexões me atravessa o espírito: perplexidade, incredulidade, comiseração, incompreensão, angústia, espanto...

Já viajei por alguns países em que realidades como a que as imagens espelham, não são estranhas.
Países da América, países da Ásia ou da África.
Em todos eles, as franjas da sociedade mais débeis, menos bafejadas pelas comodidade e segurança económicas, vivem efectivamente desta forma, relegadas para uma quase marginalidade, de tão precária a sua situação.

Lembro indistintamente os meninos de Cuba, da República Dominicana, de Salvador da Bahia, de Phuket, de Chiang Mai ou de Malé...meninos do calçadão do Rio, das favelas, do Pão de Açúcar, ou ainda meninos dos musseques de Luanda...

Meninos todos, seminus, descalços, meninos de olhos grandes e doces, meninos de ranho até à boca, de rostos sujos, de pés informes das pedras e agruras dos caminhos...
Meninos de mãos estendidas, para quem um punhado de rebuçados ou algumas moedas, desenham sorrisos que incendeiam rostos.

Recordo habitações indescritíveis, condições higiénicas inexistentes, alimentos expostos em bancas improvisadas na beira das ruas, carnes pingando sangue, cobertas "normalmente" por moscas e poeira...porque lá, a vida é assim mesmo.

Lembro claramente toda essa precaridade, que ainda assim, à luz da nossa sociedade mais desfavorecida, parece mera cena de ficção.
Recordo flashes perfeitamente inconcebíveis e inaceitáveis, no século XXI em que já vivemos, em plena época da ciência e tecnologia...

Mas, de tudo o que vi há algo que sempre me intriga:
apesar da "miséria mais miserável" com que coexistem, apesar quase só da sobrevivência que enfrentam, apesar da inexistência de qualquer qualidade de vida, todos esses povos, toda essa gente, transmite uma leveza de ânimo, uma (pelo menos aparente) ausência de angústia, uma alegria contagiante, uma festa permanente no coração e na alma, que ficam a anos-luz do "fado", da "cruz", da "desgraça" que nós, portugueses carregamos, que ficam a anos-luz do "cinzento-negro" com que pintamos o nosso quotidiano.

Será porque esses povos são privilegiados com um sol que procura colmatar tudo o resto que lhes falta?
Será porque são abençoados com uma natureza pródiga e farta, capaz de lhes suprir as faltas no seu dia a dia?
Ou será pura e simplesmente, porque são almas simples, despojadas, que não conhecem as "necessidades" imperativas, crescentes e nunca satisfeitas, de uma sociedade de consumo que nos envenena e nos consome, como um polvo gigante que nos envolve até nos sufocar?...

Seguramente o inconformismo, a depressão e a insatisfação que arrastam consigo angústias, infelicidades, auto-destruição, são fruto de sociedades cada vez mais desumanizadas, robotizadas, consumistas, competitivas, em que o ser humano é trucidado pelas exigências e pseudo-valores que ele próprio criou.

Ao reler o que escrevi e olhando de novo para as imagens iniciais, até parece que fiz aqui uma inflexão no discurso, até parece daqui a pouco, que acabei por fazer a apologia "ingénua" do "estomatologista" de rua...

Não sejamos simplistas...
O meu texto poderia resumir-se sim, a uma única frase, a uma única pergunta, a uma perplexidade: "Porquê eles não têm nada e são felizes...porquê nós, que temos tudo ou quase tudo, o desvalorizamos, nos deprimimos, sofremos...nos "suicidamos" afinal, com tudo o que temos ao nosso alcance??!!..."

Anamar

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

"OLHO POR OLHO...FICAREMOS CEGOS..." - GHANDI

10 de DEZEMBRO de 2008


SÓ PARA LEMBRAR...


Mundo comemora os 60 anos da Declaração de Direitos Humanos

VATICANO
TAIWAN
FRANÇA
MYANMAR
MARROCOS
ÍNDIA
ALEMANHA
CUBA



Lisboa, 11 Dez (Lusa) - O Nobel da Literatura, José Saramago, considerou quarta-feira que "nada mudou" nos últimos dez anos em relação aos Direitos Humanos e acusou os Governos mundiais de nada fazerem em prol da defesa do indivíduo.

"A situação piorou nestes últimos dez anos, nada mudou, a situação piorou", declarou José Saramago no final da cerimónia de homenagem ao escritor, dez anos passados da atribuição do Nobel.

Saramago acusou os governantes de nada fazerem, de apenas "acenderem charutos uns aos outros e de trocarem condecorações".

No entender do escritor, "muito se podia fazer se os cidadãos se mobilizassem em torno da temática dos Direitos Humanos"

"A Declaração Universal é geralmente considerada pelos poderes económicos e pelos poderes políticos, mesmo quando presumem de democráticos, como um documento cuja importância não vai muito além do grau de boa consciência que lhes proporcione",





Anamar

sábado, 6 de dezembro de 2008

"O QUE NÃO SE EXPLICA..."



Voltei àquela cidade...
Voltei em busca "daquela cidade"...Sempre assim volto.
Busco um espaço que não foi meu berço, simplesmente porque lá não nasci. Mas foi berço dos meus sonhos de menina-adolescente, meu repositório de memórias, minha primeira noção de me sentir pessoa, meu primeiro local de alegrias e tristezas, talvez sem o saber...

Vivencio por antecipação o que vou encontrar, degusto de véspera o que vou vivenciar, "remexo" na mente tudo o que irei rever...

E depois, chego, olho aquele céu, olho aquele sol...e pergunto-me: "onde está tudo"?...

Ausculto as pedras da calçada, das calçadas que foram por mim pisadas há mais de quarenta anos...e elas estão silenciosas, já não ecoam os meus passos...
Olho as árvores...e aquelas folhas, também não estão lá...
Busco o casario...e "naqueles sítios" estão outros sítios que eu já não sei...
A chaminé do Fomento, bem frente à minha janela de tardes de sol, foi embora...e levou com ela as cegonhas que todos os anos, mal a Primavera aportava, me vinham visitar...

As pessoas...as pessoas que povoaram os meus anos de então...que é delas???!!!
Bem lhes balbucio os nomes...os nomes que me saltam da "arca" da memória...mas ainda assim, não me respondem.

Parece um sacrilégio...parece que saquearam a minha cidade!...

Onde foi o leiteiro que nos vinha à porta, com bilhas de folha, vender o leite à medida??!!...
Para onde se escapuliu a sra. Mariana que já não me põe ameixas, cenouras, ou um feijão verde na alcofinha de compras do meu mercado de menina??!!...
E o liceu, que me traíu e virou Universidade, não sabia que tinha que ser "o meu liceu" toda a vida??!!...
As vitrinas das notas afixadas, a Sala dos Actos (de sessão solene de início de anos lectivos)...de certeza não tem lá já nada meu...Parece mentira!!...

Bom...e que direi das arcadas, da Praça do Giraldo que o não é...do café Arcada, da Papelaria Nazareth dos livros de quatro tostões, da Bijou com os rins de chocolate de prémio por uma boa nota escolar?!...
Que direi da Fonte Nova, esconderijo dos primeiros amores clandestinos, ou da Fonte das Portas de Moura, em vizinhança com a Igreja do Carmo de missas de domingo, de Crisma e Comunhões?!...

E procuro, e procuro e sempre procuro...

Os meus passos estão lá, os meus sonhos estão lá, os meus creres infantis também...As pessoas que eu amei, as pessoas por quem então me partilhei, as pessoas com quem me dividi...por que não me esperam??!!...

A minha casa, de portas e janelas hoje cerradas, com a caliça da parede a esboroar-se, sem a chaminé a fumegar, sem os vasos das flores que a minha mãe punha nas sacadas...ainda assim por lá ficou, naquela avenida que também já não o é...

Só não percebo por que sinto este "desconforto", só não entendo por que sinto este peso no coração, só não sei explicar por que esta tristeza me devassa...e ainda menos por que o meu pai, não há meio de chegar à nossa porta vindo da viagem, para eu o abraçar e beijar outra vez!!!...

Anamar


"QUANTO MAIS CONHEÇO OS HOMENS..." - 5



Poderia apor um sub-título a este meu post: "ANJANA, a "mãe" que todos gostariam de ter..."

Graças a um amigo, fui alertada para mais uma ternurenta e já não direi inesperada notícia do reino animal: Anjana, uma chimpanzé, adoptou voluntariamente dois filhotes de tigre branco, separados de sua mãe pela passagem do furacão Hannah.

Acarinha-os, protege-os, cuida-os, brinca com eles, como qualquer mãe deverá fazer com os seus filhos.
Anjana, parece ter em si o dom natural da maternidade, já que em circunstâncias similares, nunca negou o seu amor a outras crias igualmente órfãs.

Transcrevo a notícia, tal qual circula na Net, e tenho a certeza que ela, infelizmente, pode deixar muitos humanos reduzidos a uma insignificância atroz!!...











"Chimpanzé "adopta" filhotes de tigre na Flórida"

Macaca brinca, dorme e até oferece dedos para felinos usarem como chupeta.

No Jungle Park, na Flórida, uma chimpanzé, Anjana, adoptou dois filhotes de tigre branco, Mitra e Shiva, recém-chegados de outro parque na Carolina do Sul.

Os pequenos Mitra e Shiva, que ainda não se adaptaram ao calor de Miami, desde a sua chegada, encontraram na macaca Anjana uma espécie de mãe adoptiva.

A treinadora China York conta que a chimpanzé oferece os próprios dedos para os tigres usarem como chupeta quando estão chorando e que os três bichos dormem e brincam juntos.

A expectativa é que o relacionamento especial entre a macaca e os tigres continue até que eles cresçam e se tornem perigosos demais para conviver com a chimpanzé.

Esta não foi a primeira vez que Anjana adopta filhotes de outras espécies. Segundo a administração do parque Jungle Island, ela também já tratou de leõezinhos e de leopardos.



Anamar