sábado, 20 de junho de 2009

"SÓ CONHECEMOS O QUE CATIVAMOS..." - Saint Exupéry


Hoje ofereci ao António "O principezinho"...

O António tem só sete anos, mas é escorreito na leitura, no vocabulário, na interpretação.
O António expressa-se com uma maturidade bem acima da sua idade cronológica, é rico nas palavras que utiliza, compreende sem dificuldade.
É vulgar, sempre que sente falta, ouvi-lo inquirir os pais ou quem tem por perto, sobre o significado de um vocábulo, ou o sentido duma frase.

Além disso, o António é puro de alma, como acredito, o serão todas as crianças.

Há dias, li com atenção e surpresa, frases soltas por ele escritas, sobre os amigos e sobre o que para ele faz sentido numa amizade.
Foram frases que me emocionaram, foram palavras soltas, que se percebia terem jorrado daquele coração e daquela cabecinha (agora já sem caracóis), do meu "cientista maluco"...como carinhosamente o chamava.

O António ainda não "experienciou" à séria, esse milagre na vida.
Talvez já saiba o que é trocar conversas, partilhar jogos e brinquedos, com o Diogo, que elegeu para o seu melhor amigo.
Talvez até já tenha consolado e sido consolado, numa aflição, num desaire, num desgosto, pequenino como ele.
Porque, felizmente, o António ainda não sabe o que são mágoas, desilusões, tristezas grandes...porque essas, estão justamente guardadas para gente grande...

Chegará a altura em que vai perceber, como diz Saint Exupéry, que a linguagem da alma é a que vem do coração, que as coisas importantes da existência, os olhos não vêem, apenas o coração as sente...que para "conhecer" é preciso "saber cativar" e que essa verdade, passa despercebida a muitos e muitos...

Chegará a altura em que vai perceber que um Homem nunca será pobre se tiver amigos...
É uma frase feita, mas é uma verdade absoluta e magnânima.

E vai perceber ainda, que "guardar" esses amigos para a vida, é um acto de inteligência, de sabedoria, de generosidade.
Terá que saber perdoar para ser perdoado, entender sem julgar, dar, mesmo que não receba proporcionalmente, saber ouvir sem precisar de concordar, ser forte para poder levantar, mas também rir desbragadamente quando a alegria chega e não há barreiras para tamanha Felicidade!!!...

Qualquer dia, daqui a algum tempo, hei-de conversar calmamente com o António.
E ele há-de dizer-me se o "meu", agora também "dele", Principezinho, lhe tocou o coraçãozinho de criança, como me tocou o meu, há muitos e muitos anos atrás...
e qualquer dia, daqui a algum tempo, quando eu já não conversar com ele, gostaria que o menino do asteróide, pudesse ser uma referência, uma lembrança doce, na sua estante de livros...

Anamar

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ana:

Primeiro de tudo, desculpar a minha ausênçia.
E dar-te um beijinho mesmo ausente.
Depois discordar de ti.
Nós não sabemos o que cativamos.
E muito menos o conhecemos.

é a minha experiênçia, meia torta mas experiênçia.

Fernando

colibri disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
anamar disse...

Olá Fernando
Já me perguntara o que era feito de ti.
Depois concluí que tal como para mim, o fim de ano escolar é lixado.
Então estás perdoado!...
Quanto ao "saber", "conhecer" e "cativar", acho que daria uma longa dissertação...
Beijinhos e vai aparecendo.
Anamar