quarta-feira, 28 de outubro de 2015

" AS DORES DE CRESCIMENTO "



Faz muito tempo que não consigo escrever.
Pareço uma ramada seca, vazia que estou, de ideias, de emoções e de reais sentires.
Uma ramada frágil que oscila à ventania, que verga acima e abaixo, descomandada, enrodilhada, açoitada com despudor.
Uma haste atontada, sem vontade, que se deixa ir, entorpecida ... de raiz no solo e folhas decrépitas.
É a raiz que ainda existe, que a aguenta, que ainda a firma, apesar do despautério do temporal.

Acho que estar numa ressaca, seja isto !
Vaguear entre uma mente parada, adormentada ... uma mente que se recusa sequer a pensar, exaurida e sem força ... e torrentes de pensamentos desarticulados que se atropelam, em desordem súbita, num vórtice incontrolável, como caudal impetuoso que assusta e intimida.  Que provoca uma vertigem violenta, que alucina e nauseia ...

O "olho do furacão", a cratera do vulcão, o remoinho ciclópico da tempestade ... é isto, onde estou sentada !...

Tempos bem difíceis estes, embora se diga que reais problemas, são os de saúde !
São-no, de facto.  Seguramente os mais complicados de enfrentar, resolver e ultrapassar.
Para tudo o mais, há remédio, ainda que no fim, de nós só restem cacos !...

No meio desta tormenta que me parece infinita, no meio desta luta com muitos contornos e muitas frentes, no meio deste desnorte sofrido ... como em tudo na vida, sabe-se  que nem tudo é totalmente negro ou totalmente branco.
Nem tudo é totalmente mau ou totalmente bom.
E os períodos de provação  mais não são do que períodos de crescimento pessoal, de maturação, de aprendizagem, de reflexão profunda ... de sofrimento ... talvez redentor ...
Não sei !
Mais não são, muitas vezes, do que ondas agigantadas e devastadoras, que varrendo as nossas vidas, testam muito de nós.
Avaliam da nossa capacidade de resiliência, da nossa determinação, da nossa envergadura na luta e na superação ...
São barómetros da nossa força interior, da nossa convicção em valores e princípios que defendemos e em que acreditamos ...
São parâmetros analíticos sobre a nossa fibra enquanto seres humanos, aferidores de quão pacientes e lutadores conseguimos ser, da nossa persuasão e coragem ... da força da nossa esperança, das nossas auto-estima e confiança na busca de caminhos, de rumos e saídas com luz, em percursos frequentemente demasiado escuros ...

E se lhes sobrevivermos, e se não soçobrarmos entretanto,  seguramente experimentaremos um advento de vida, um fortalecimento da nossa identidade, e  a  regeneração gratificante, perante nós mesmos, do respeito pela imagem com que nos vemos.
Alcançaremos um convívio pacífico, com o ser tão imperfeito e frágil que sempre somos, restituindo-lhe  o equilíbrio e a tranquilidade tão fundamentais e determinantes à  sua  existência ...

... porque tudo isto, afinal, são as "dores de crescimento" que nos estão destinadas no caminho !...

Anamar

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