domingo, 13 de agosto de 2017

" A VIDA TEM DESTAS COISAS ..."




E por aqui vamos estando ...
Mais um ano passou e estamos de novo num outro 13 de Agosto.
Sempre o assinalo, sempre escrevo alguma coisa sobre esse dia do calendário redundante na minha vida.
A esta hora, aquela bébé loirinha, frágil, meio porcelana meio gente, já cá estava há meia hora.
Pelas três e dez de uma segunda feira de um Agosto genuinamente Agosto, quente e ensolarado como convém, fez-se ao mundo e a esta pista de obstáculos que é a Vida.
Quarenta e quatro anos já foram, já são muita história, já são uma fatia importante de tempo !
"Uma desgraça" !... diz-me ela, brinca não brinca ...

Vinte e oito anos depois, como também já contei, outro bébé loirinho, frágil, de novo meio porcelana meio gente, entrou-nos nas vidas.  E hoje, como a própria mãe ironiza, já fazem sessenta anos !... ( rsrsrs )

Falei há pouco com o António pelo telefone, para o parabenizar, já que esta data, mês de férias e ausências, sempre nos apanha afastados uns dos outros.
Saíu-me aquele vozeirão que me deixa incrédula e abananada.  Os graves, denunciadores de uma adolescência totalmente instalada, sempre me deixam surpresa, sem jeito, um pouco baralhada ... como se me tivesse distraído da vida e aquele menino a quem eu tocava a "Joana come a papa", ainda ontem, não devesse ter crescido !
É assim como que um milagre da Natureza, desembrulhado à minha frente e à minha revelia ...
O ontem e o hoje, a misturarem-se depressa demais... A escorrência do calendário, súbita, urgente, como se eu não tivesse já pernas para o agarrar ...

Com os netos creio que essa "descoberta" , consciencializada duma forma que sempre nos surpreende, é muito mais marcante do que com os filhos.
Com esses, convivemos em permanência, assistimos-lhes aos tropeções, aos sobressaltos, partilhamos  as evidências e as dificuldades em tempo real .
E porque ali ao seu lado  também somos obrigados a escalar, a esbracejar, a descobrir, a rir e a chorar ... somos actores permanentes nas suas vidas, de muito perto.

Os netos estão-nos dois degraus adiante.  Olhamo-los dos bastidores, de uma rectaguarda reforçada. Não somos interventores directos,  não temos que o ser ... Acompanhamos as suas existências em surdina, com a bonomia, a paz e a tranquilidade da sabedoria do tempo, de uma tribuna privilegiada, curiosa e disponível ...
A realidade corre-nos  por isso, paulatinamente e é mais mansa.
Mas sempre nos parece impossível que o tempo das fraldas, das papas, das cólicas e dos dentes malvados a nascer, já tenha passado.
E levamos então um soco no estômago, quando um belo dia, ali, postado à nossa frente está um jovem, quase um homem que se "atreveu" a ficar gente crescida ... parece que sem que tenhamos dado por isso, ou sequer nos fosse perguntado ...

E também por tudo isto, e porque hoje é mais um 13 de Agosto, resta-me dizer : " Parabéns Cláudia !  Parabéns António !  Obrigada por serem também uma razão para eu existir !...

Anamar

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