quarta-feira, 4 de abril de 2018

" CONVICÇÃO "





Enquanto virmos a mesma lua, nunca estaremos tão longe assim ...

Tenho para mim que as vidas se fazem e desfazem, sem na verdade se desfazer aquilo que as povoou, as construíu, as coloriu e as preencheu.
O tempo avança, escoa-se, dobra esquinas, vence horizontes.  Os caminhos da serra permanecem intocados, os córregos que se escondiam entremeio às amoras bravas, persistem.  O gorgolejar das águas escorrentes por entre a penedia, ecoa na mata e o vento que esvoaça para cá e para lá, irá esvoaçar para cá e para lá ao sabor das memórias.
Os sítios são os sítios, para sempre.  E "sempre" é muito tempo ... muito mais do que um Homem vive !
E aquilo que se viver em vida, transformar-se-á em eco, na eternidade !
E a eternidade, essa sim, não tem medidas nem tamanho. Essa sim, tem a medida do "sempre" !

As pessoas encontram-se, cruzam-se, interpenetram as vidas e afastam-se muitas vezes.
As pessoas desfolham sonhos, desenham estórias, pintam esperanças ... As pessoas acreditam ...
E depois, as pessoas perdem-se por aí.  As palavras já não galgam as montanhas.  Os sons já não viajam nas nuvens.  As emoções já não trepam a copa das árvores.
As lágrimas transformam-se em rio de caudal incontrolável.
A linguagem encalha nos escolhos da maré.  E parece não ter mais sentido.
As pessoas que foram muito, que foram quase tudo, desconhecem-se.  E injustamente já não sabem ler no livro do amanhã !

Assim são as vidas de quase todos, acredito.
Mas  porque as vidas se fazem e desfazem, sem  na  verdade se desfazer aquilo que  lhes  pertenceu, também acredito que enquanto virmos a mesma lua no firmamento de breu,  estejamos onde estivermos, nunca estaremos tão longe assim !...

Anamar

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