quarta-feira, 8 de julho de 2020

" AQUI DA MINHA JANELA " - HISTÓRIA DE UM PESADELO - mais um dia !





Continuamos indefinidamente no mesmo lugar, na mesma rota ...ou seja, sem rota e sem rumo ! Num sentido proibido de vida e de esperança !...
Não tenho sobre o que escrever.  Os meus estados de espírito são recorrentes, os sentimentos de angústia e de cansaço repetem-se em círculo ... a chamada "síndrome pescadinha de rabo na boca" ...
Excepto uma assustadora e progressiva degradação psicológica que me noto ... tudo o mais é cinzento, é anódino ... é turvamente indiferente, quase ...

Continuamos no estado de calamidade.  Pertenço à mancha das dezanove freguesias da área metropolitana de Lisboa, abrangidas superiormente por esta medida, dadas as estatísticas penalizadoras ditadas pelas contagens e mais contagens da DGS.
Apesar do verdadeiro "molho de brócolos" em que se tem tornado a divulgação oficial diária dos casos respeitantes à pandemia, e dos desacertos dos mesmos na busca do acerto das contagens ( o que não beneficia uma certa urgente e necessária paz de espírito da população ), os números não são de facto, tranquilizantes ...
Assim, tudo igual !

Estou-me nas tintas já p'ra tudo isto !  O que é verdade é que estou saturada de análises, gráficos, interpretações, teorias, opiniões ... verdadeiras teses contraditórias quase sempre, de especialistas ou não, de jornalistas ou não ....
Toda a gente opina, e o cidadão comum balança, balança nesta corda bamba da multi-informação aspergida sobre as nossas cabeças, como os aerossóis do corona ... que a OMS veio agora considerar serem forma possível de transmissão via aérea, até distância razoável ...
E é uma "poluição" de dados e pareceres  nacionais e internacionais, em tratados, artigos de opinião, fóruns, debates ... de quem terá legitimidade para os proferir e de quem talvez não a tenha ...
É uma toxicidade nociva, a adoecer-nos o corpo e a alma !...

As nossas cabeças em "fritura" permanente, dois passos adiante, três para trás, são um nó cego de neurónios a estoirar pelas costuras !...
Na  verdade,  a  nossa  capacidade  de  resistência,  está  como  os  hospitais ... à  beira  da  ruptura ...
Não dá para muito mais !  A minha, não dá ... garantidamente !

Entretanto, os países europeus que abrem agora fronteiras e corredores aéreos à circulação de cidadãos em turismo, "brindam-nos" com notícias "fantásticas" :  Inglaterra primeiro, agora Escócia, Bélgica e acabei de ler ... Finlândia ... consideram inseguro permitir a circulação de portugueses, sem o devido rastreio e quarentena à chegada ao seu território.
Dessa forma, uma machadada brutal é desferida sem apelo nem agravo na recuperação da nossa economia, que deitava agora a cabeça de fora e tenteava os primeiros passos da recuperação imprescindível à nossa sobrevivência ...

Por cá, ontem mais uma vez a Teresa me acalentou com a sua doce presença das sete da manhã à meia-noite.  A mãe, na frente "de fogo" de um hospital central de Lisboa, faz-se presente onde inevitavelmente faz falta.
E é aquela angústia, aquela incerteza, aquela ansiedade ... aquele MEDO ...
As notícias são as conhecidas, num local onde a saúde e a doença, a vida e a morte, são as peças de um jogo de xadrês que se joga ao limite, e onde, uma escolha mal feita, um lance mal jogado, um descuido na avaliação, pode conduzir a um inglório e irreversível xeque-mate !

Escolho não pensar muito.
Escolho brincar com a Teresa, conversar com ela, cuidá-la, escutá-la ( nos seus três anos ) falar dos "bichinhos" !... Lava bem as mãos, avó ... por causa dos bichinhos !...
Teresa, não mexas, não toques, não te encostes ... Uma realidade de filme de ficção !!!
Cada dia destes que vivo agora, transmite-me uma sensação estranhíssima.  Analiso-me à exaustão ... dói-me a cabeça, tenho calor... terei febre? Estou cansada, exausta ... o que será ?
E pergunto : Catarina, está tudo completamente normal contigo ?  Ocorreu alguma situação mais preocupante por lá?...

E é como se fosse ali comprar uma raspadinha e viesse verificar com o "suspense" inerente, se o "prémio" estava lá, nas figurinhas raspadas lentamente ...
Ainda não foi desta !!!...
E o espírito pendurado na corda da roupa, a baloiçar ao vento !  E a sanidade mental, sujeita a uma pressão excessiva e prolongada por demais, a escoar-se pelo ralo !...

Bom ... esta a realidade que vou vivendo em mais um dia, de um Verão a ir-se também, num ano que desliza à velocidade da luz, umas vezes ... na lentidão do caracol, outras ...
Um ano que não conta, não pode fazer número nas nossas vidas, porque na verdade, será sempre um ano não vivido ...
Paradoxalmente, ou não ... talvez o que virá a ser o mais marcante "ad eternum", nas nossas existências !...

Até amanhã !  Fiquem bem, por favor !

Anamar

Sem comentários: