quarta-feira, 2 de março de 2022

" GUERRA NA EUROPA "

 


Século XXI -  Portugal  -  o mais ocidental retalho da Europa

O que parecia impossível acontecer nos tempos que correm, afinal aconteceu bem debaixo dos nossos olhos, aqui na "nossa casa", a Europa : a guerra, outra vez, volvidos já tantos anos após a Segunda Guerra Mundial !
Numa sanha megalómana e uma ânsia de poderio desenfreado, o ditador russo psicopata e louco Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, numa agressão gratuita de um estado a outro estado soberano e livre.

O leste europeu, nomeadamente depois do desmembramento da hegemonia soviética, com a independentização das diferentes Repúblicas da ex - União Soviética, sempre configurou um barril de pólvora, constituindo uma ameaça latente e sem descanso para esses mesmos Estados recém-formados, quiçá para o Mundo.
Todo o conhecimento que a História nos disponibiliza é duma insegurança total.  A aproximação ao ocidente nas políticas adoptadas nesses jovens países democráticos e livres, passou a representar uma ameaça real para o Kremlin e para a cabeça doente do ditador.
Depois de já  se  haver revelado nos propósitos  perseguidos, aquando  da  anexacão  da  Crimeia em 2014 e da Geórgia, bem como as Repúblicas do Donbass, Donetsk e Lugansk, Putin não esconde a sua intenção de voltar a alcançar a reunificação da antiga e de má memória URSS.

Como um inimigo na sombra, frio e calculista, preparou cirúrgica e silenciosamente este assalto à Ucrânia, lenta e antecipadamente, reforçando ao que parece, a economia russa em termos de reservas que pudessem fazer face às presumíveis retaliações-resposta, nas sanções impostas pelos países mundiais, à invasão concretizada. 
500 mil milhões de dólares será a almofada económica disponibilizada para fazer face às dificuldades que, em consequência se possam vir a sentir.
O "gigante", arrogante e poderoso, portanto, nem chegará a abanar !...

E de facto, esgotadas as negociações envolvendo os Estados Unidos, Inglaterra, Israel, Japão, Austrália, todos os países da União Europeia, integrando a Nato e não só, como a Suécia e a Finlândia, ela que faz igualmente fronteira com a Rússia ... depois de uma posição de neutralidade e não condenação do ataque por parte da China, Índia e Emirados Árabes Unidos ... na madrugada de 24 de Fevereiro, pelas 5 h , de surpresa, as tropas russas entraram na Ucrânia por várias frentes : Bielorrússia, no intuito de alcançarem Kiev rapidamente, fronteira do Donbass, via Crimeia e nordeste do território.
As sirenes, silenciosas desde a Segunda Grande Guerra, voltaram a ecoar, avisando a população da necessidade imperiosa de protecção em caves, estações de metro, bunkers, igrejas ... enfim, todos os lugares que pudessem representar alguma segurança.
Além das tropas terrestres, os raides aéreos com mísseis e bombardeamentos calculados, alcançaram lugares militares chave, de comando, aeroportos, e centros nevrálgicos importantes.
Mas a população civil também não tem sido poupada e a destruição aleatória operada em zonas residenciais dos arredores de Kiev e de outras cidades importantes da Ucrânia, tem causado perdas materiais mas também humanas.
Desde então o caos tem vindo a espalhar-se por toda a Ucrânia, com as comunicações a falharem, os bens fundamentais a começarem a escassear, o recolher obrigatório e as baixas acentuadas já, dos dois lados.
O assalto a Kiev ainda não foi consumado mas a destruição da cidade é devastadora.  A população em magotes, fustigada seriamente, debanda em direcção à Polónia, Roménia, Moldávia, Hungria e Eslováquia, por todos os meios possíveis ... carros, a pé e em combóios esperados por desesperadas horas e horas.  O espaço aéreo está encerrado. 
São já mais de meio milhão os que sem norte, rumo ou dia de amanhã, simplesmente fogem ao horror dos bombardeamentos! E virão a ser muitos mais.
Levam uma mala, bebés ao colo, crianças de tenra idade pela mão.
Os peluches, uma ou outra referência afectiva são a única coisa que poderá confortá-las, no meio de um desconhecido que não conseguirão jamais entender !
Os animais domésticos, companheiros da vida não ficam esquecidos.  Cães e gatos, também eles sem que o percebam, dividem com todos, os subterrâneos protectores ...
As famílias separam-se, as mulheres, crianças e idosos deixam para trás os homens entre os dezoito e os sessenta anos, impedidos de deixar o país, para que o defendam !
Há mulheres que transportam as suas crianças e as crianças de parentes ou amigos.  Há que salvá-las da barbárie .
Foram distribuídas milhares de armas à população civil e o Presidente Zelensky apela à defesa da Ucrânia por parte de todos !  Ele mesmo, recusou a sugestão  dos Estados Unidos para ser retirado do país :
" A guerra é aqui -  terá dito - preciso de munições, não de boleia ! "

Os apoios humanitários não se fizeram esperar.  No país e nas fronteiras onde chegam, os refugiados têm o apoio possível e o auxílio por parte de Organizações Humanitárias.  
A Cruz Vermelha, a Cáritas, os Médicos do Mundo, a Unicef, são algumas das ONG que desceram ao terreno .
Os países de toda a Europa abrem portas para receberem os refugiados. Em Portugal agilizou-se o mais possível a passagem de vistos de entrada no nosso país. As famílias ucranianas sediadas há anos como emigrantes assimilados na nossa comunidade, aguardam de braços abertos, a chegada de quem foge ao horror.  As autarquias têm criado postos de acolhimento onde tem sido possível.  Angariam-se todo o tipo de géneros e contribuições para poderem acorrer à difícil situação dos ucranianos, que se mantêm.

E o Mundo impotente, reza, chora, paralisa com o terror e a violência gratuita que se abate sobre um povo paciente, resiliente, trabalhador, sério e honesto, habituado a sofrer, e que ainda assim, no meio do inferno encara os repórteres com um sorriso no rosto e pede que não o esqueçam, não o deixem só entregue à sua sorte, porque afinal, o seu crime é exigir o direito à esperança, à liberdade e à democracia !...
O Santo Padre, depois de ter chamado o mundo inteiro à oração, dirigiu-se pessoalmente à representação diplomática russa no Vaticano, intercedendo e apelando à razoabilidade dos dirigentes russos, no sentido de ser rapidamente alcançado o fim do flagelo, serem abertas negociações visando um imediato cessar fogo.

Os desenvolvimentos são ao minuto.  A Turquia, habitual aliada da Rússia, decidiu fechar à passagem da marinha de guerra russa, os estreitos de Dardanelos e Bósforo.  A Suiça, saíu da sua neutralidade e colocou-se ao lado dos países da Nato, corroborando das decisões tomadas.
A própria UE resolveu financiar e enviar equipamento militar com armas letais para as fronteiras da Ucrânia, situação que ocorre pela primeira vez depois da Segunda Guerra Mundial,  já que no terreno não pode ser um parceiro activo.  Pelo menos por ora.  Porque o envolvimento directo, em combate, enfrentando os russos, pode desencadear uma resposta imprevisível, demasiado arriscada e suicida por parte de Putin, que continua a reiterar ir até onde tiver que ir.  
Por alguma razão já fez ameaças claras e muito sérias, sobre a possibilidade de usar o "nuclear", se necessário for.  Para isso já colocou em prontidão o grau dissuasor elevado, no âmbito das cerca de 6500 ogivas necleares em seu poder ! 

Não consigo desligar de todos estes acontecimentos.  O mundo, fragilizado pelos mais de dois anos de uma devastadora pandemia que ainda não nos deixou, vê-se agora a braços com uma guerra feroz, ferindo de morte o coração do velho continente ...
Não esperava vir a viver ainda nada disto, nesta minha curta passagem pela Terra ...

Em suma, pode dizer-se que na Ucrânia falta tudo, menos  CORAGEM !...

SLAVA UKRAINI  !!!






Anamar

2 comentários:

Anibal disse...

Muito bem, onde quer que te encontres, continuas a escrever bem e a ter uma voz lúcida.
Jonas

Anibal disse...

Sem dúvida