Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento...
É de mim, para todos, mas também para ninguém...
É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...
Para que não seja tudo a preto e branco neste meu canto, porque para cinzento, neste momento, chega o tempo lá fora e a Vida, deixo-vos esta delícia, porque quero, que de quando em vez, fiquem bem dispostos com o que aqui coloco.
Para todos um abraço de fim de semana ... e já agora ... VEJAM LÁ SE DESCOBREM O ZÉ !!!!...
Troveja lá fora, e a chuva bate torrencialmente na minha vidraça.
O silêncio e a escuridão, prevejo que sejam totais. Só prevejo,
porque não me dirigi à janela.
Acordei de supetão, de um sonho absolutamente vívido.
Não era sonho, era pesadelo ! E acordei por cansaço, porque chorava
compulsivamente nesse mundo, onde estava a viver.
Acordei como detesto acordar. Com aquela sensação de susto, de medo,
de perda indefinida, não sei sequer onde, porque os sonhos retiram-nos muitos
pormenores identificadores, ou inventam-nos cenários que nunca víramos antes.
Há sonhos que parecem premonitórios. Eu tenho muito disso, e
apavora-me sonhá-los .
E este meu sonho, eram lágrimas. Lágrimas que despencavam,
como aquela cascata em Samaná, do alto de um rochedo, num caudal bipartido,
como se brotassem exactamente de dois olhos, por um rosto abaixo ...
As lágrimas lavam a alma, deveriam lavar o coração ;
às vezes aliviam-nos por instantes, a pressão sentida no peito. Outras
vezes, fazem-se manhosas, e não saem, quando deviam sair, e deixam-nos à beira
de uma sufocação total, de uma angústia trepadora.
Veio-me agora à ideia, uma frase que era proferida numa oração que aprendi
na catequese, imaginem há quantos anos ! Não sei se ainda está na
"validade" ou não ...
Verifiquei num exercício mental rápido, aqui mesmo, na mesa do café, que
quer a Avé Maria, quer o Pai Nosso, já vêm a custo, lá das profundezas ...
Parece-me só poder pertencer à Salvé Rainha, que já não articulo de todo, embora a frase me tivesse "saltado do baú" : " A Vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas "...
Será que eu sabia o que isto significava, quando a recitava, como recitava a lenga-lenga da tabuada ?
Será que as criancinhas o sabem, se ainda o rezam ??
Hoje, eu sei que bate certo.
Sei bem que esta coisa onde fomos lançados, e onde acordamos e dormimos, dormimos e acordamos, é efectivamente um "vale de lágrimas" !
Não preciso de o proferir, para o pressentir.
As lágrimas que cada pessoa chora ao longo da sua vida, juraria serem suficientes, para a afogar.
As minhas, tenho absoluta certeza ... As que escorrem, e todas as outras que ficam retidas na garganta porque não conseguem romper, dariam para encher aquele lago, onde nos banhámos, em Samaná ...
Rezar ...
A minha mãe não falha noite que o não faça. Não aquela coisa de terço, mas as suas "oraçõezinhas", como costuma dizer, quando me olha com ar censuratório de quem encara uma hereje,uma sacrílega, totalmente perdida ...
"Vocês não acreditam ... mas eu tenho cá a minha devoção " !...
Ora bem, eu acho que rezo, sim.
Acho que oro, à minha moda. Obviamente não desfiando rosários ou ladaínhas, mas pensando, elevando o pensamento a nada nem a ninguém em particular ( porque não acredito em entidades divinatórias ), mas quando, de mim para mim, reflicto, reavalio, medito, faço contrição.
A meditação é, para mim, uma forma de oração.
Incoerentemente, parece, procuro com alguma frequência, igrejas, fora do "horário de expediente" ; quando o silêncio e a solidão imperam, quando os ecos dos passos se ouvem no empedrado, quando a luz difusa se coa pelos vitrais e rosáceas, ou apenas por simples frestas, para o interior, gerando aquele intimismo de "encontro" ... quando o mundo cá fora não tem capacidade perturbadora !
Sempre privilegio a dignidade, a imponência, a solenidade e a genuinidade das antigas igrejas, aquelas que não são feitas na "contrafação" que pariu as igrejas ditas modernas, de formas ousadas mas incaracterísticas, sem carisma, frias ...
Uma casa com Santos ou Cruzes estilizados, e pouco credíveis, por ali espalhados.
Uma casa de linhas direitas, sem história, sem os altares de talha dourada, em renda de tecedeira sábia, sem órgãos trabalhados em obra de arte, as cadeiras do Cabido, as cancelinhas em madeira pesada ( a cheirar à árvore que a deu ), a reservarem os espaços mais sagrados, do pisar dos laicos ...
Sem os púlpitos, onde o padre subia e pregava, por forma a respeitosamente ser ouvido "de baixo" (repare-se no significado disto ... ), por todos os fiéis.
Aquelas igrejas com Custódias e Cálices em ouro genuíno, igrejas com velas de cera a sério, e não as eléctricas, movidas a moedinhas, claro ...
Igrejas com Pia Baptismal, de pedra esculpida por mão de artista., à entrada, numa pequena capela retirada, quase sempre do lado esquerdo ...
Igrejas com Turíbulos, a espalharem incenso também a sério, Caldeirinha para aspersão da água benta, e campainha a tilintar na Comunhão ...
Igrejas de bancos corridos, de cedro ou mogno, com algumas almofadas em veludo, marcando lugares praticamente cativos, dos "habitués" diários, de missa, novenas ... Mês de Maria ...
Igrejas de lajes no chão, por vezes autênticas lápides, cobrindo campas mortuárias de outros séculos ... em suma, igrejas com " I " maiúsculo ... afinal, as igrejas da minha infância !!!...
Nessas, os indiferentes, os agnósticos e até os ateus, se deixam mobilizar e sensibilizar por algo de sobrenatural, espiritual que por ali paira, e respiram mesmo, até ao âmago, o ar bafiento, mas de uma religiosidade que "voeja" nos claustros ...
Entro, sento-me sempre no último banco ( não sei porquê ), e também sempre do lado esquerdo ( ainda sei menos porquê ), e apenas olho perdidamente, perto e longe de tudo aquilo, e penso, com um pensamento que parece um pardal aos saltos p'ra frente e p'ra trás, desfilando com ele, muitos, muitos "filmes" ... enquanto uma paz ( que eu imagino igual à do repouso final ) me invade ...
Não procuro nenhuma entidade em particular, como disse ; não invoco ninguém ; às vezes "converso" com o meu pai, que andará algures por aí ( a quem sempre peço protecção, ajuda, apoio, forças ) ... com quem me zango às vezes, que interrogo tantas outras ...
Mas isso também faço em casa, ou em qualquer lugar ( aliás, é para a sua imagem, que vai o meu olhar ao deitar, numa espécie de "até amanhã" ) ...
Mas seguramente, o que me leva a intencionalmente procurar uma igreja ( com uma sensação de necessidade urgente, e até alguma ansiedade ), é tão simplesmente procurar-ME nela, encontrar-ME a mim mesma lá ... se é que em algum lugar, algum dia, conseguirei achar-me !!!...
Anamar NOTA : Fotos tiradas por um amigo,
e patentes ao público, numa exposição na cidade de Évora, no âmbito
da divulgação e conservação do património religioso local . Obrigada
Esbarrei-me com a data, ao olhar a agenda, para relembrar a data de pagamento de mais uma das benditas contas mensais, e verifiquei que estávamos a 24 de Outubro.
Ando meio perdida no tempo, coisa de quem não tem muitas obrigações, com hora ou dia.
Casei-me no dia de hoje, faz 42 anos.
"Espantoso, pensei ...estaria quase a fazer "bodas de ouro" ... porque as de prata ainda cumpri.
O dia estava mais ou menos como o de hoje, também. Um sol meio envergonhado, meio encoberto.
Não choveu, penso ... aliás, tenho a certeza ! Afinal ..."casamento molhado, casamento abençoado " ...
Era uma menina então.
Quando me olho nas fotos do dia, a mini-saia, a coroa de flores no cabelo apanhado, mas sobretudo aquela figurinha de noiva, que mais lembra a de uma menina na Primeira Comunhão, não me magoo ... enterneço-me.
Não tenho por que escrever nada disto aqui, mas apeteceu-me.
Afinal esta data, é uma espécie da que vivencio no último dia de cada ano.
Nessa altura , tenho tendência a "repassar" na cabeça, o ano cessante ; hoje fui empurrada a "repassar" uma vida !,,,
Reitero ... era uma menina !
Em pleno início de faculdade, os horizontes de uma filha única, de pais já "velhos", mas sobretudo excessivamente focalizados em mim ( vivendo dos meus insucessos e êxitos, projectando em mim, tudo - eles e a vida deles ), levaram-me a viver uma realidade sempre "acolchoada", sempre excessivamente protegida, sempre em "incubadora".
Verdade ! Eu acho que nunca abandonei verdadeiramente aquela "incubadora", ou aquela redoma.
Afinal, eu era a "princezinha", naqueles três, que era a nossa família !
Nunca deitei a cabeça de fora, qual Bela Adormecida na torre do castelo ...
Sabia lá como era isto por aqui ! Sabia lá a dureza e o desencanto que nos esperam a cada esquina !...
Lembrava o pássaro que temos na gaiola, e que se o soltarmos, ele morrerá, pela razão tão simples de que não sabe sequer procurar o sustento, porque não foi preparado para o identificar e encontrar.
Tanto quanto consigo lembrar ( já lá vão tantos anos ! ), era uma adolescente sonhadora, ingénua, crente, inexperiente, confiante, para quem seguramente a Vida seria mãe, e não madrasta ; que acreditava que os sonhos sonhados, sempre se realizam, desde que lutemos para os alcançar.
Pobre de mim, que não fazia ideia da força da correnteza, de facto !...
Lera os livros da literatura naïve, tipicamente femininos, literatura cor-de-rosa, ou de preparação para uma mulher, esposa e mãe, de acordo com os parâmetros sociais, morais e familiares, a típica "fada do lar"...
Ouvia Adamo, Hallyday, Silvie Vartan, Françoise Hardi, Joe Dassin, Tom Jones, The Shadows, Bee Gees, Roberto Carlos ... Bécaud, Aznavour ... e sonhava ...
Na minha casa, lia-se a "Crónica Feminina", a "Flama", os "Lavores Femininos", "O Cruzeiro", o "Sétimo Céu", e eu lia Caprichos sobre Caprichos ...
Treinavam-se com as mães, as "prendas domésticas", garantias de um casamento consolidado ( para que estávamos fadadas ), e para que soubéssemos, como se passava a ferro, como pelo menos se estrelava um ovo !
Lembro a trabalheira que a minha mãe teve, para que eu aprendesse a vincar calças de homem ... sendo que até hoje, o não sei fazer !!!
Aprendiam-se as regras de vivência, e de agrado ao marido.
Sim, porque era certo que teríamos um marido e filhos, como o "figurino" previa.
E ainda assim, eu já teria uma profissão ( porque estudava ), o que me proporcionaria certamente mais autonomia que a que a minha mãe alcançara, confinada ao reduto caseiro, e a todas as suas exigências apenas, de uma forma exemplar ... irrepreensível !
Afinal, a sua profissão era tão somente "doméstica" !... Tão somente ??!!....
Não era propriamente uma jovem informada ( não havia o hábito de se comprar jornal sequer ) ; a televisão surgiu, quando eu teria talvez, sei lá, uns dez anos, e ainda assim, ia-se ver um pouco à noite, de quando em quando, a casa de uma vizinha de rua, que mais abonada, tinha uma.
Em minha casa, nesses primórdios, isso era considerado um luxo, portanto, um bem "não essencial".
A vida era feita entre a casa, sempre muito só e silenciosa ( porque o meu pai estava fora a maior parte do tempo, a trabalho, e a minha mãe nos afazeres domésticos sempre intermináveis , ou não fosse ela alentejana de gema ), e a escola.
Por isso lia, sobretudo livros que a minha madrinha de baptismo, extremamente católica ( "beata" direi mesmo ), me comprava.
Leitura castradora, redutora, tendenciosa, limitadora da obtenção de uma autonomia intelectual, e consequentemente, crítica , consciente, lutadora, perseguidora de objectivos, talvez "dissidentes" ( o que não seria conveniente, óbvio).
Tinha uma amiga ( que se tornara "irmã", confidente, cúmplice ... tudo, afinal ), com quem partilhava as dúvidas, preocupações, anseios, alegrias e mágoas, sonhos ... naquela conivência adolescente, sempre totalmente incondicional. E tinha depois, colegas, meras colegas de vida académica.
Pouco ou nada saía. Os fins de semana eram iguais às semanas ; estudava, ouvia música no rádio, e claro ... inevitavelmente escrevia ... inevitavelmente comecei a escrever, desde sempre.
A escrever coisas nunca mostradas a ninguém, como é óbvio.
Ao cinema quase nunca ia.
Com a minha madrinha, vi a "Música no Coração" ( ícone de uma geração, a minha ! ). Vi filmes com o Joselito ... "E tudo o vento levou" ... "O conde de Monte Cristo" ..... Mais tarde, bem mais tarde, o " Dr, Jivago " ( quatro vezes vi a película, e quatro vezes chorei com ela !! )
Ouvia-se "La novia" ... ( "blanca e radiante lá vai la novia" ... muitos lembrarão ), "Os amores de estudante" ... "Quand vient la fin de 'été " ... "Tous les garçons ".... e imaginava-se que aqueles melodramas cor-de-rosa, também poderiam ser vividos por nós, não se sonhando que o que se viveria na verdade, eram dramas ... claro que nunca cor-de-rosa !!!
E não muito mais ... Foi assim !...
Casei no dia de hoje, há 42 anos atrás, com a cabeça cheia das tais ilusões, dos tais sonhos, devaneios, acreditares, ânsia de libertação de algo que claramente me sufocava, mas que se calhar, à época, não conseguia verdadeiramennte consciencializar.
Casei com uma vontade louca, de me independentizar de todas as peias e amarras que me haviam tolhido, com uma vontade louca de "crescer", de abrir a janela e respirar um ar de que eu fosse dona, e pudesse aceitar ou rejeitar, pela minha cabeça e pelo meu coração ...
Casei, acreditando em utopias, em céus azuis, em vida mansa, em sol, muito sol a inundá-la ...
Casei com a ingenuidade, a fé e a inocência, da criança que afinal eu era ...
Num destes dias, um conceituado político afirmava : "Atingiu-se o limite da razoabilidade ; não é possível mais ! " ( a propósito das sucessivas e inclementes exigências a que o Governo, mais e mais, submete o povo português )
Na Física, diz-se que os materiais têm coeficientes de elasticidade, de alongamento, de dilatação ... limites inultrapassáveis.
O açúcar, tem os "pontos" ( de pérola, de cabelo, de estrada ... ) . Se ultrapassados ... desanda tudo !
O ser humano tem o limite de resiliência, a sua capacidade ( que se deseja grande ), para suportar as dores da Vida, as contrariedades, as adversidades diárias.
Quem melhor estiver artilhado com ela, terá uma sabedoria facilitadora da existência, e da subsistência.
Há rupturas de ligações afectivas que surgem aparentemente do nada. Apenas, porque foi ultrapassado seguramente algum limite, muitas vezes não percepcionável ...
Deixa de se ver alguém, no justo momento em que dobrou uma esquina ...
A página do livro fica indisponível aos nossos olhos, quando a viramos ...
O copo de água entorna-se, com uma simples gota a mais ...
Enfim ... limites, limites, limites !...
De repente, nas nossas vidas percebemos que atingimos um, e que dali em diante, nada poderá continuar como estava. É obrigatório mudar alguma coisa !
Terá de operar-se uma qualquer revolução em nós, como afinal as revoluções na História dos povos, quando também foi atingido algum pico inultrapassável.
O "pico", o "ponto", o "coeficiente", são limites, são balizas, que, atingidas, já independem da vontade humana, até mesmo dos desígnios do seu coração.
São efectivamente pontos potenciais de ruptura, contra os quais, pouco ou nada se pode já fazer...
O Homem, por acomodação, por opção, por capacidade de resistência, ou falta dela, por interesse, por estupidez ou por inteligência, por amor ou até por ódio, por tédio ou por indiferença, sempre tende a deixar arrastar muitas vezes, o que vai apodrecendo no caule, como fruta bichada.
Até ao dia ...
Ainda na Física ( e todos sabemos, ou temos consciência mais ou menos clara disso ), se ensina, que vencer a inércia, ou seja, ultrapassar o limite do repouso ou do movimento, exige dispêndio acrescido de energia.
Por isso, o ser humano se "defende", tendendo a manter o seu "estado", caótico ou não, o quanto pode, para protelar o pagamento da "factura".
Mas de repente ( como o copo cheio de água que ainda não transbordara ), há um clique, que precipita tudo, à revelia de tudo também, e pronto, atingiu-se uma situação irreversível.
Não há volta a dar !...
Houve uma "saturação" do sistema, momento em que a quantidade de açúcar dissolvido, passou a precipitar, por incapacidade, de naquelas mesmas condições, se continuar a dissolver.
Atingido esse limite, o "stato quo" alterou-se completamente ; na "pintura" harmoniosamente elaborada, caíu um borrão final de tinta, que a inutilizou ...
A pintura inutilizou-se, e o pintor terá ficado marcado com isso, também sem remédio.
Afinal, provavelmente, investira emocional e afectivamente naquele quadro, esforçara-se o mais que pôde e soube, sonhou-o dias e noites seguidos, foi feliz fazendo-o, em cada traço, em cada cor, em cada matiz que acrescentava.
Aquela obra de arte, era ele levado à tela, era uma realização sua, era vida sua, era sangue seu ...
Fora uma aposta em que acreditara e que falira, um insucesso com que era obrigado a conviver ...
Repentinamente, atingiu-se uma situação limite inesperada, não calculada, uma linha proibida ultrapassada, que desencadeou em consequência, inevitavelmente, a ruptura do instituído, sem volta atrás !!!
Há quem pense, não se deixar atormentar com limites.
Há quem tenha a veleidade de pensar, que sempre os ultrapassa incólume, como quem dança nos intervalos da chuva !
Há quem suponha ser invulnerável a barreiras, a muros, a proibições de sentido ... porque terá capacidade de prosseguir ...
Engano seu ! Engano meu !...
Como qualquer mortal ( desafiando embora tudo o que já está na cota máxima, achando que ainda o domino e controlo ), também eu sinto os efeitos do sopro da ventania, também eu me vergo ao sabor da tempestade, como os canaviais das falésias, também eu sou arremessada contra os rochedos, na época das marés vivas, sem que possa fazer nada !
E claramente me pressinto, folha de romance acabada de virar, me sei a dobrar a estrada, perdendo para trás o trilho percorrido, me transbordo em enchente ou enxurrada de comportas rasgadas, por um só pingo de chuva a mais, que tocou o meu coração !!!...
Alterei a hora esta noite.
Mudei-a em todos os relógios, meus e não só.
Procurei, já ontem, actualizar a minha mãe, lembrando-lhe à saída : " Não esqueça que a hora muda " !...
Afinal, a hora não mudou .
Estou adiantada uma hora. Os meus relógios vão ganhar uma hora, ao longo de todos os dias de toda uma semana.
Contudo, comecei este domingo atrasada, atrasada em relação à vida real ... a horas, em relação à vida que inventei !
"Perdi" a amiga com quem convivo ao pequeno-almoço, porque ao chegar ao café, ela ( que cansara de me esperar ), partira para o seu domingo normal.
No café, tudo às avessas. A frequência habitual já fora embora, óbvio, porque as pessoas são de facto, escravas do Tempo.
Hoje eu tive a evidência, de como este papão assustador, o é afinal, muito mais.
Todos andamos a reboque dele, sem dúvida !
O meu domingo começou num ritmo absolutamente estranho. A sensação de ter deixado fugir tempo ( a mim, a quem sobra tempo dos dias ), é terrífica.
Engoli o pequeno-almoço, literalmente !
Agora, engoli-o porquê, se não haveria pressa para nada ??!! Se nada me espera, com horário a cumprir, se a casa continua vazia, e tudo continuará imperturbável nos mesmos sítios ??!!
Sei lá !...
Engoli, porque se me instalou a urgência, que sente alguém que perdeu "aquele" combóio, e que terá que esperar pelo próximo.
Engoli, porque estou com pressa de apanhar o tempo ... Eu, que me concedera gratuitamente, mais uma hora neste meu dia !!!...
Tenho uma sensação esquisita em mim ; a sensação de que o planeta começou a rodar ao contrário, e que tudo está caótico ; eu, estou caótica ...
A diferença que faz uma hora, na Vida ... no espartilho que é a Vida do Homem !!!...
Hoje brinquei "à máquina do tempo", sem querer.
Mas estranhamente percebi, que tenho demasiadas amarras a prenderem-me ao convencionado, ao determinado, ao figurino ...
Logo eu, que sempre pensei não andar a reboque de nada disto !
Logo eu, que anarquizo horários de refeições, subverto horários de sono ... conflituo horários de vida !
Hoje, estou em contra-ciclo, e não me sinto cómoda. Parece uma incoerência em relação ao que defendo, sinal de que não estou tão liberta praticamente, como mentalmente o estou !
E se eu pudesse atrasar os relógios, não uma hora ... mas uma vida, meia vida, um quarto de vida ??!!
Como seria chegar aqui, olhar tudo à minha volta e senti-lo desconexo, incompreensível, estranho ??
Não conhecer o mundo encontrado, sentir-me analfabeta do real ?
Sentiria seguramente, o espanto do soldado, que na parada, olha os outros a marcharem em formatura oposta ao seu sentido de marcha ...
Lembrei o filme relativamente recente, "O estranho caso de Benjamin Button", que nasceu velho, e caminhou da velhice para a juventude, para a infância, para o nascimento ...
Regrediu, fez o percurso às avessas ...
Lembrei, e percebi.
Hoje eu tive uma percepção aproximada do que é brincar com o "Gigante" ... o TEMPO, e querer manipulá-lo !!!
Vamos supor que eu atrasava a minha existência, de meia existência.
As minhas filhas iriam ter uma mãe mais nova que elas ;
Iria cruzar pessoas que já cruzei ... Agora, seriam elas a olhar-me como jovem.
Quem amei, estaria a envelhecer, enquanto eu manteria a juventude ... Quem amei, talvez quisesse voltar a amar-me !...
A regressão do meu relógio, ia deixar-me perdida num mundo que não entenderia, que não me faria sentido.
Um mundo, para o qual não estava programada, um mundo, cujos ritmos e contornos me alucinariam, porque os não acompanhara ...
Um mundo de seres que não reconheceria ... de sonhos e anseios que não identificaria, de luz, cores e sons diversos, onde provavelmente eu não encaixaria ...
Tenho a certeza, que a pessoa que eu fui, na época para a qual cronometrei o meu relógio inventado, deveria sentir-se um zombie, no relógio real.
As realidades de então, far-me-iam sentir a anos-luz das actuais, apesar de eu só ter regredido meia existência, não esqueçam !
Haveria fantasmas imensos, que desarticulariam o meu mundo de então.
Haveria sustos, medos, dores abissais que não experienciara, logo, não compreenderia.
Tentava vestir-me, com um "fato" que não era o meu número ...
E a juventude que alcançara ( mesmo sem tomar o tão almejado elixir dos alquimistas ), não me faria mais feliz, tenho a certeza !
Transmitir-me-ia o desamparo estranho, de criança abandonada em cidade grande.
Transmitir-me-ia a insegurança e o desconforto, que se traduz naquela velha frase que o ser humano emprega muitas vezes, no seu discurso : "Quem me dera ser mais nova ... mas saber o que sei hoje " !!!...
Por favor, acertem os relógios !
A hora só muda na madrugada do próximo sábado !!!
3,50 h da manhã pela hora antiga, 2,50 h pela hora nova ...
Aquela em que nos
obrigam a fechar os olhos mais cedo, baixar os estores mais cedo, apagar
a lua no céu mais cedo....
Uma noite longa, de bruxas à solta por aqui, horas de memórias, de filmes rocambolescos a desfilar em écrans,
esses...que não conseguimos apagar !
O tempo, em que o dia se faz noite, só porque o sol cansou, e quer partir antes da hora ...
Vai lá para as terras onde as pessoas sorriem mais, dançam mais ... porque sonham menos ... querem menos ... pedem menos !
Noite demasiado comprida esta, para que consiga suster dentro de mim, o que vai extravasando de mim.
Tempo em que a alma hiberna, as cores se esbatem, e tudo fica nos cambiantes quentes e adocicados, que deveriam ser xailes que nos cobrissem, mas que são gélidos, porque a solidão é gélida, e essa agiganta-se no firmamento, ao fechar.
O silêncio galopa, como um cavalo à solta. Os sons que não são sons, crescem, e esvaziam-nos os corações, mas lotam-nos a mente.
O sono não chega nunca mais, e há noite e mais noite para dormir ...
Nós e os outros, como nós, que têm histórias mas não contam, porque já não vale a pena contar, e além disso, já não há ouvidos que as escutem !
Restam quartos vazios, embrulhados em quatro paredes, que sempre os vão sufocando aos poucos e poucos, devagar e de mansinho, para não sufocarem também quem os habita.
Restam cigarros que não se extinguem nunca, porque há cigarros depois de cigarros ... sempre !
As madrugadas, daqui p'ra frente serão rainhas.
E as madrugadas nunca são boas companhias, porque elas são povoadas pelos diabinhos à solta, que nos atormentam.
Eles são meus amigos. Coabitam comigo dia e noite, mas só saem p'ra danças de roda, quando os ponteiros dos relógios deitaram as crianças e as pessoas normais, e aquelas que pousam as cabeças nas almofadas e descansam com os anjos ... não com os diabos !
Lá fora, só o céu é imutável.
Ele continua escurecido, pontilhado pelas estrelas que as nuvens permitem. A paz parece reinar.
Mas eu estou farta de saber, que é uma paz a fingir, só para os que não sabem, o que são noites de tempos longos demais !
Muito em breve farei anos ...
Muita estrada para trás, pouca para a
frente, a percorrer.
Planos longos que não se cumpriram, sonhos curtos que também não
se irão cumprir ...
Muita saudade perdida, pelas noites perdidas também.
Noites irrecuperáveis, porque o hoje é só hoje, e amanhã, já foi !
Muitas saudades do que sei, e do que nunca soube e só adivinhei ...
Ou talvez já não haja espaço para elas ... e eu nem sequer saiba do que tenho saudades ...
Se calhar, só de
mim !...
Já não sabes ler os meus silêncios, não conheces mais o som dos meus olhos nos regressos a casa, porque as macieiras também já não têm mais, frutos maduros.
Sabes ... porque aqui, é Inverno não tarda, e o escuro já começou a descer !
O "braille" do meu coração também o esqueceste, mas a verdade é que os jardins também já não têm flores, nem são mais alamedas de passeios.
Sempre gostei mais das caminhadas nas matas, que não têm alamedas, mas têm caminhos sinuosos, com folhas que ninguém semeou, árvores que ninguém plantou, e que são generosas, como todas as árvores, porque nos protegem do calor dos dias estivais, e nos abrigam sob as ramagens, para que a chuva não gele os nossos corpos nus.
Há muito que a minha mãe não me embala.
Não me lembro, mas por certo ela me pôs no seu cólo e me protegeu ... Mas isso foi há tanto tempo, que eu não sei sequer se existia.
Depois, os abraços foram esquecidos.
Deixamos de pegar as pessoas no cólo. Aquelas a quem mais queremos ; mesmo essas, nós esquecemos !
O ser humano tem a memória tão curta !...
Desaprendemos a falar de amor ... desaprendemos até o amor !...
Desaprendemos as palavras, o gosto dos beijos, o calor dos abraços...
Desaprendemos o sabor e os caminhos dos corpos ; desaprendemos a acreditar, a confiar, a saber o milagre que é, um sorriso no rosto que nos olha e nos aquece ...
"Imagine" ... lança John Lennon, naquele imaginário de esperança, que brotava do seu coração !...
" O que nos leva a escrever é o desejo de ser amados " , disse António Pina ...
Ele sabia das coisas. Ele sabia de muitas coisas, aliás !...
Eu escrevo, porque preciso gritar .
Mas se gritar, assusto os pássaros e as borboletas ; e a lua esconde-se atrás das nuvens . E não pode ser ! Eu preciso que ela acenda o céu, porque nessas horas, a noite já me pegou, e me embrulhou naquela capa escura, que tem a mania de deitar sobre tudo ...
E a noite até costuma ser minha aliada, mas às vezes não quer saber, e deixa-me só.
Só, também não estou enquanto a música soar, as recordações pularem, e os sonhos souberem voar no meu "eu" ...
À minha frente, os olhos daquele menino que julga que vive mas não vive.
Aquele menino que não anda, que baba, que revira os olhos, que faz um esgar de sorriso ... só um esgar, para o vazio, para ninguém ...
Olha, mas não vê, inerte, no carrinho em que o movem. Ele que terá oito ou nove anos ...
Qual será o Mundo dele ??
Em que Universo ele viverá ??!!
É um vegetal, é uma criança, respira ... Eu diria que apenas respira, e é sensível ao afecto, isso, ele é ...
É quando o tal esgar de sorriso, lhe ilumina um rosto morto, indiferente e inerte. É quando solta um grito sem significado ...
Aquele menino que julga que vive mas não vive, sente o amor !...
Estranhos mecanismos dos seres humanos !...
O amor, o tal que os poetas juram que move montanhas, deve mover mesmo !
Por instantes, torna vivo aquele "menino-morto" ... por instantes opera um imenso milagre ...
Aqui ... mesmo à minha frente ...
E eu não posso fazer nada ! Ninguém pode ... Nem sequer entrar no Mundo dele, nem sequer abrir a porta do seu Universo ... para espreitar !...
Lembrei-te ...
Lembrei o que dirias, se estivesses aqui comigo, e os teus olhos batessem nele.
Ias olhar-me e dizer : "Mais uma, dos milhões de marionetas, com que Alguém se entretém a brincar ... Mais um, dos ensaios falhados, que somos todos nós "!!!
E irias ver as lágrimas correrem-me .
Aqui, neste café onde estou só, no meio de muitos que nem sei, nem me sabem ... as lágrimas desobedeceram-me ...
Hoje, as lágrimas romperam o arnês forte com que as prendo, com que sempre as prendo ...
Arrombaram as portas das masmorras onde as detenho, e de onde as não deixo sair ... há muito, muito tempo ...
Já não sabes ler os meus silêncios, nem o som dos meus olhos, nem conheces mais o sabor dos meus lábios ... porque a Eternidade é absoluta, e cai penumbrenta, como este Inverno que não tarda !
Por isso, as macieiras não têm mais frutos maduros, e eu ... simplesmente deixei de sentir !!!....
Uma das minhas filhas é licenciada em Enfermagem.
Licenciou-se tardiamente, porque procurou a profissão que ansiava - sem saber bem que ansiava - por caminhos tortuosos, visto ter frequentado e completado, anos lectivos de três cursos diferentes e díspares : Veterinária, Medicina e Matemática Aplicada.
Foi um daqueles jovens com muito bom aproveitamento em termos escolares, com uma indefinição de rumo tremenda ( os jovens escolhem cedo a orientação profissional, frente a uma panóplia de oferta, que nem nos passa pela cabeça ! ).
Finalmente, portanto, decidiu-se pela Enfermagem, e como se diz : "Tardou, mas arrecadou ! "
Creio que está na profissão certa, é reconhecida profissionalmente, e também penso que vive intensamente o que faz.
Hoje, reconheço eu própria, que enfermagem é efectivamente "a cara dela".
Terminou tarde, mas com as mesmas ilusões, esperanças e utopias com que acabamos todos, a carreira universitária.
Iniciaremos a profissional, e o futuro começa a desenhar-se à nossa frente.
É uma miúda inquieta, faz de tudo um pouco, e além da profissão, que lhe permite ganhar, mal, a vida, sempre procura valorizar-se, fazendo pequenos cursos intermédios, que lhe têm permitido um enriquecimento profissional. Neste momento está a tirar a especialidade, no seu ramo : obstetrícia e ginecologia.
O objectivo é ser, não enfermeira generalista, mas especializada, e o objectivo é ... ir para o estrangeiro, tentar singrar na vida.
Trabalha por acumulação em duas clínicas, num jogo de horários que é um verdadeiro puzzle, porque ainda assim não poderá queixar-se muito da sorte ( comparativamente aos seus colegas de curso, licenciados no mesmo ano ), dado ter conseguido colocar-se, praticamente logo terminou a vida académica.
Obviamente, que depois de ter feito um périplo de loucos, no envio de currículos, procura intensa de oportunidades por aqui e por ali ... Mas trabalha !...
Trabalha de dia, trabalha de noite, trabalha aos sábados, trabalha aos domingos ... Não sei se terá horas para dormir !!!...
Olho para ela e vejo na jovem dos vinte anos, bonita, atraente, elegante, feliz ... um adulto demasiado gasto, demasiado consumido, demasiado envelhecido, para a idade que tem ;
só com trinta e quatro anos, vejo um adulto amargo, apreensivo, com semblante carregado, demasiado desiludido e desencantado, demasiado desesperado, porque não tem mais horas para trabalhar e o dinheiro é curto, é curtíssimo, para honrar as responsabilidades assumidas.
E como quase todos os cidadãos deste país, também ela encurtou os sonhos, as espectativas, a esperança e também a fé, de conseguir chegar a algum lado, por aqui ...
E tal como por quase todos os cidadãos deste país, ainda em idade produtiva ( arriscaria dizer, lhes terá passado pela cabeça ir embora, procurar lá fora exactamente algum futuro decente ), também ela diz que parte, mal acabe a especialidade.
Ontem, o telejornal passava a reportagem que o vídeo que postei, documenta.
Eu, estava na altura com a minha mãe ( essa sim, de lágrima fácil, como já vos tenho contado ), e dei por mim, a querer falar, e a não conseguir desembrulhar o nó que se me instalara na garganta.
Creio mesmo, que uma que outra lágrima, me traíu ...
E como este jovem enfermeiro Pedro, "expulso" do seu país, também eu me senti no direito de gritar....
porque senti uma raiva crescente a subir-me no peito, uma impotência e um desespero a amarinharem-me, uma indignação abissal, uma sensação de profunda injustiça, como cidadã portuguesa, como mulher e como mãe ...
Também eu me senti no direito e no dever, de publicamente deixar algumas palavras solidárias, no veículo de maior divulgação e mobilização, na comunicação social da actualidade ... o Facebook.
De alguma forma, a minha voz é só mais uma a juntar a tantos coros e manifestações de protesto, de todas as áreas sociais, culturais, políticas, de todas as faixas etárias, que nas ruas se fazem ouvir ... É só mais uma voz, igual às vozes dos indigentes, dos sem-abrigo, dos idosos que esmolam desumanamente pelas calçadas, ou dos que, por vergonha, passam fome e não dizem ...
É uma voz igual à dos desempregados, e dos que perdem o ganha-pão todos os dias ... igual ao repicar dos sinos nas nossas aldeias ( a rebate, em sinal de desgraça ... ), igual ao choro da criança de cinco anos, a quem não se matou a fome, por incumprimento económico dos pais, na escola que frequenta !...
Apenas uma voz mais, a juntar à de todos os "exilados", que Portugal deixa sangrar por esse Mundo fora, numa "expulsão" mais doída ainda, que a sofrida pela emigração em massa, na geração dos nossos pais e avós, nos remotos anos sessenta !
O MEU DESABAFO NO FACEBOOK ... uma mera reflexão, de solidariedade com todos os "Pedros-enfermeiros" deste país :
Estou a pensar como é triste ser português no dia de hoje .... Estou a pensar como tenho vergonha do meu país no dia de hoje...
Estou a pensar que destino é este que se abateu sobre nós, que "exporta pessoas", que "mata" desempregados sem pão
p'ra pôr na mesa, que desampara os velhos, que tira a esperança, que
mata a fé ... que leva os nossos jovens para longe do nosso sol, do
nosso mar, do nosso céu azul, dos nossos cheiros, dos nossos afectos ...
do nosso chão ... em busca de alguma "vida" possível, noutros mundos lá
fora !
Hoje, Pedro, um dos 24 enfermeiros recém-licenciados
que rumaram a outro futuro, embarcava de avião para o Reino Unido.
Despedia-de do pai com quem vivia e que ficará só, levava um cachecol de
Portugal ao pescoço.... e despediu-se de outro Pedro, neste caso,
Passos Coelho, deixando-lhe um recado e um pedido : "Sr. Primeiro
Ministro, não taxe por favor, as lágrimas, e menos ainda a saudade às
gentes deste país !!! "
Um jovem, que felizmente ainda tem
força, ânimo , coragem, idade, para ir à luta, para guardar no coração a
saudade, e a nostalgia, e nos olhos as lágrimas ... e tentar VIVER!!!!
Espera voltar um dia .... sem mágoa, diz, ao seu país que o expulsou,
que o deixou de acolher, que o impediu de trabalhar, que lhe matou o
sonho e a ilusão ...
E que será dos outros?? Dos que ficam, dos que estão, dos que já têm pouca estrada para andar e pouco horizonte para alcançar??
Que será deles, Dr. Passos Coelho, Ministro Gaspar .... que será deles
Sra. Merkel, fria, distante, austera, nazi, reencarnação de Hitler no
século XXI....e que não sabe nem sonha, o que é ser PORTUGUÊS !!!
"REQUIEM" por este país, por esta Europa, por este Mundo, por este planeta que deixa mais e mais, esmaecer o seu azul !!!!
NOTA : QUERO FAZER UMA CORRECÇÃO AO COMENTÁRIO SUPRA-CITADO ... A CARTA DE PEDRO, FOI DIRIGIDA A CAVACO
SILVA E NÃO A PASSOS COELHO .... MAS ERA CABÍVEL A QUALQUER
MEMBRO DO GOVERNO ... PENSO !
No meu post de ontem, coloquei uma frase, um pensamento, que de alguma forma foi "mentor" de tudo o que escrevi.
Foi ela, uma espécie de pontapé de saída para a reflexão que constituíu o que postei : "A VIDA é MUITO, para ser insignificante "...
Na altura não referi o autor dessa frase.
Ela foi retirada de um poema seu, que do meu ponto de vista tem tanto de lúcido e comovente, como de absolutamente realista, talvez duro e um pouco cru ...
Mas a Vida é tudo isso, não ??!!...
Trata-se de Augusto Branco, personalidade que não me dizia nada, mas que indaguei na Net.
Augusto Branco nasceu em Porto Velho, capital do estado brasileiro de Rondônia,
filho de Rosa e Raymundo, dois ribeirinhos que foram morar na cidade.
Escreveu seus primeiros versos ainda na infância entre os 7 e 8 anos,
pouco antes de começar a trabalhar na loja de ferragens de seu pai.
O poeta é Técnico em Contabilidade e cursou Administração na
Faculdade São Lucas, até que aos seus 23 anos resolveu buscar outros
horizontes em sua vida profissional.
Freqüentou os cursos de Administração e Pedagogia na Universidade Federal de Rondônia, mas não completou, no entanto nenhuma faculdade. Colaborou, como colunista, no periódico Diário da Amazônia, e publicou várias obras na Internet, meio que encontrou para divulgar sua obra enquanto não conseguia assinar com uma editora.
Publicou seus primeiros livros de forma independente, pelo Clube de Autores, e suas publicações virtuais tiveram um êxito considerável, especialmente o poema VIDA: Já perdoei erros quase imperdoáveis - atribuído a diversos autores pela Internet, mas finalmente registado em seu nome pela Biblioteca Nacional. Chamou atenção pela sua popularidade na internet, a nível mundial, ao longo de muitas redes sociais, e até em rede nacional pela Rede Globo.
"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem
se atreve, e a VIDA é MUITO para ser insignificante."
Sem demais "acrescentos", portanto, que seriam grosseiros, ousados e excessivos da minha parte, deixo-vos apenas ... "A VIDA " ...
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).