domingo, 29 de setembro de 2013

" DEMASIADO TARDE "



É tarde ...

Cada vez é mais tarde.  O Outono já chegou, e não tarda que o tempo de partir, nos visite.
Os dias azuis já foram.  O sol vem a correr, com pressa, e nem o pássaro já canta, no castanheiro junto à nossa janela

Sabes, custo a lembrar como era o tempo do riso ... o tempo em que eu colhia esperança nas ramadas das madressilvas, pelas veredas

Até  a voz do mar, que deixava algodão doce no areal agora deserto, ficou severa e tenebrosa.
Açoita-me a alma, em vez de me acariciar o corpo

E tu, perdeste o caminho de casa, esqueceste as minhas estradas, os montes e os vales ... não bebes mais nas minhas fontes
A minha nudez oferecida pelas madrugadas, vive solteira na margem deste rio ... e queima ... ainda queima !

Mas fica cada vez mais tarde ...

Um destes dias, quando acordarmos, um de nós foi indo ... ao cantar do galo, no dealbar do novo dia ...

Ter-nos-emos perdido, meu amor !

Anamar

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