quarta-feira, 4 de maio de 2011

"ESTA NOITE TIVE UM SONHO...."



Esta noite tive um sonho.

Não foi um sonho qualquer;  a sua intensidade foi na proporção da insónia que o havia antecedido, e "retratou" tudo aquilo em que matutei durante o tempo de vigília, em que rebolei na cama, com posição, sem posição, com frio, com calor...sei lá!! 
Era um sonho tão vívido, mas tão vívido, daqueles que nos passam com total fidelidade tudo o que se calhar não queríamos que fosse apenas sonho. as imagens, as sensações, os sons, os desejos, a paz...

Desses sonhos, o pior é acordar e constatar isso mesmo: que embora os lembremos em pormenor ( o que normalmente na maioria das vezes não acontece, porque mal abrimos a pestana o sonho já foi, e já não estamos lá para lhe juntar os retalhos...), eles foram, de facto, só isso...uma miragem que nos povoou a alma, um afago que nos "massajou" o coração e uma raiva daquelas, por termos sido indecentemente "ludibriados" por uma história bem contada demais!!!

Foi exactamente o que pensei ao acordar, já depois de ter saído do torpor ou do embalo desse sonho : "Era bom demais para ser verdade!!!..."

E senti-me usada e devassada abusivamente pelo reino de Morfeu!!!

Ontem pensava eu também : os defeitos da visão desfocam e adulteram essa visão...todos sabemos. Quando a vista começa a ficar desfocada para lermos o jornal da manhã, tentamos compensá-la afastando o jornal, "encompridando" o braço...e depois, até isso, já não chega!

Para nos vermos no espelho, exactamente igual; a nossa imagem nítida de outros tempos, fica "providencialmente" (digo eu), mais e mais indefinida.
Se pudéssemos sair do espelho e vermo-nos cá de fora era mais fácil, teríamos maior rigor e acuidade de análise.
Como se pudéssemos abandonar a "moldura", e de fora observássemos acutilantemente o "boneco". A objectividade trazida pela distância, seria por certo, maior.

Por vezes vem-me à cabeça uma teoria defendida por quem acredita na reencarnação, e portanto na multiplicidade das vidas após as vidas....e em que se diz que cada ser, ao morrer, liberta a sua "essência", alma, energia, o que quiserem, a qual, abandonando o corpo que "habitava", "assiste" ao seu próprio enterramento.
Paira e observa...

Não me pronuncio sobre isso, não tenho opinião, ideia formada a propósito.
Penso no entanto que gostaria de me poder observar também, com distanciamento, porque ele trar-me-ia maior isenção e análise, estou certa.
Assusta-me muito a miscigenação ou "promiscuidade" de mim comigo mesma, porque me tira capacidade de saber onde "começo" e onde "acabo"...
Assusta-me muito a perda da noção de fronteiras, de realidades, de conveniências até!

É como se as dioptrias se fossem estendendo dos olhos à cabeça, toldassem irremediavelmente a razoabilidade, os princípios e até valores...
E a droga é que para o coração ainda não inventaram óculos adequados...e o meu, está cada vez mais cego!!!...

Olhem, isto hoje está demasiado hermético???  Não sei...só pode ter sido porque esta noite tive um sonho...

Anamar

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