sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"A TEIA DE ARANHA ..."



O céu anoiteceu lavrado em laranja...

Ao fundo uma tonalidade pálida ainda azulada, povoava-se dos "carneirinhos" incendiados nas cores da fogueira de fim de tarde.
É a tal hora indefinida,  absurdamente parada, suspensa entre um dia que acaba e uma noite que não começou ainda. É a hora dos silêncios instalados... uma hora que sempre me convida a ficar mergulhada nesta penumbra de sombras amontoadas.

Um amigo dizia-me um destes dias, quando eu tentava que percebesse esta espécie de "desespero" incontido que sempre me assalta ... que para contornar este "buraco" de existência que custo a entender e talvez explicar, liga o televisor e vê as notícias...
Atitude sábia, pragmática, pelo menos prática... até porque, amanhã volta a haver sol, tudo se reacende e os "carneirinhos" vão embora...

Revi ontem o "Closer", que vi no cinema nos velhos tempos de cinema semanal, e que em Junho de 2010,  foi também passado na TV.

"Closer" como o nome indica, é um filme de colisões de vidas, um filme de histórias entrecruzadas... que me sugerem os rastos dos aviões, no céu de Londres,  a descolarem como já vos contei, de segundo a segundo.
A história está particularmente bem urdida, e na verdade veio comprovar-me que as grandes obras nunca se "digerem" à primeira... Antes, exigem reflexão, maturação, interiorização.

Uma teia iniciada na Net, com tentáculos e consequências extensíveis e passíveis de atropelar insensivelmente quem nela cai...
Bem mais real do que o que se supõe, bem mais verídico do que a imaginação pensa estar só a conceber!

Vidas destruídas, vidas vividas virtualmente apenas, solidão.... muita solidão por detrás de apostas feitas, sonhos idealizados...

Um filme de muita mentira, muito desejo... um filme sem barreiras, na base do "vale tudo", trucidando quem por ele se "passeia".
Um jogo de gato e rato, como a maior parte das relações inconsistentes, de imediatismo e sofrimento, iniciadas na Net....para os ingénuos nesses quadros humanos.

O tema do filme é também incontornável..... Damien Rice e o seu "The blower's daughter" associado a uma Júlia Roberts, Nathalie Portman, Jude Law e Clive Owen no seu melhor....tornam a película uma vez mais inesquecível!..

Anamar

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