sexta-feira, 12 de julho de 2013

" ÁFRICA"



Iniciei alguns, dos poucos apontamentos escritos durante a minha estadia no arquipélago de Zanzibar, com o texto que constitui o meu post anterior, que colhe e encerra a emoção dos meus primeiros momentos em África.

África ... um continente que não mais voltei a pisar, desde os meus vinte anos, e que por isso faz parte do meu imaginário de juventude.
Contudo, reencontrei a "velha" África, com o misticismo, a magia, o carisma, que não se descrevem. Apenas se sentem !

São  irrepetíveis  em qualquer outro lugar do mundo, todas as sensações, toda a emoção, todo o despertar de alma, que só ali se vivenciam ...
Não há outro local, onde os cheiros sejam aqueles, onde a terra que pisamos tenha o vermelho daquela, como o das flores das acácias, onde as cores tenham a intensidade que ali nos exibem, desde as da natureza selvagem e virgem, às dos panos, com que as mulheres se envolvem, da cabeça aos pés ...
Não há outro canto do planeta, onde a vida corra mansa, amodorrada na sombra dos coqueiros, dos embondeiros, dos baobás, das palmeiras, das acácias, das miríades de árvores, centenárias e generosas no aconchego ...

Lá, onde as areias são brancas e finas, como farinha nas nossas mãos, o mar tem todos os tons de turquesa, azul, esmeralda, verde, prateado,  que a mente humana nem concebe, e que nenhum pintor reproduz.
As águas são absolutamente transparentes e cristalinas.
Os fundos adivinham-se, e esses jardins submersos, encerram uma multiplicidade de cores, de formas e de vida, que nos extasiam !
Se a maré está baixa e os leva até lá longe, os pescadores, munidos de arpões, "catam", junto ao recife de coral, o sustento diário ...
Ou embarcam nos "dohws" ou nas "ngarawas", embarcações rudimentares e artesanais, com que, a poder da força dos braços, impulsionadas por um pau, ou com a tradicional vela triangular de Zanzibar, navegam à bolina.


As populações são paupérrimas, as condições de vida, coisa de verdadeira sobrevivência.
Vive-se da terra que tudo dá, vive-se do mar que tudo dá, vive-se com a alegria do sol quente, estampada nos rostos, sem ansiedades, ou inseguranças, com a postura de quem sabe, que a simplicidade e a sapiência da vida, se resume a vivê-la ... diariamente !...

A língua nacional é o dialecto "swahili", e a religião, vivida com o fundamentalismo que lhe conhecemos, é, obviamente, a muçulmana.
Ela condiciona a vida, os hábitos, os trajes.
A burka, a abaya, o khimar, o hijab, são permanentes na vivência feminina, desde a infância, e escondem rostos lindos de todas as idades

A cultura é polígâmica.
Cada homem tem relações maritais com várias mulheres, e de todas elas, tem todos os filhos que vierem.
A mulher é socialmente subalternizada.  O islamismo confina-a  a um lugar muito específico.
Ela é objecto de procriação, e garante da manutenção da  família.  Ela desempenha todos os trabalhos domésticos, familiares, e desce aos campos para os amanhar.
Também avança pelo mar adentro, na recolha de algas, para secar e vender, se as águas as oferecerem.

Zanzibar é a "ilha das especiarias".
O seu aroma picante e adocicado, impregna o ar, tempera os alimentos, magistralmente confeccionados,  conforta o espírito e desperta os sentidos.
Por ela os portugueses passaram e deixaram marca, na demanda da Índia, nos idos anos do século XVI.

E é numa praia deserta, olhando para o azul turquesa do oceano, que Zanzibar mostra todo o seu charme.
para nos apaixonarmos por esta ilha, cheia de mistérios, não é preciso mais do que isto !!!...


              "Karibu,  Zanzibar" !....  "Djambo !...



Anamar

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