terça-feira, 16 de julho de 2013

" MONDADEIRAS DO MAR "



Quando a maré desce,  os pescadores descem às rochas.
Indistintamente, homens e mulheres catam no que o mar deixou à vista, o sustento para o dia, o peixe que arpoam e vendem, e as algas que secam e vendem para a Índia.

É assim Zanzibar ... é assim, África ...

Debruçam-se sobre o mar rasteiro, como as mondadeiras no meu Alentejo se debruçam sobre os regos das sementeiras, na altura das mondas.

Também aqui por cima, o sol é abrasador.
Também aqui, as mulheres se embiocam nos panos típicos dos seus trajes, em explosão de cor .
Também aqui protegem o rosto, como lá, nos campos de solidão.
Aqui, também os areais estão sós, e o mar não é um mar, é um lago de águas sonolentas, de todos os turquesas, azuis, verdes e prateados ... que dorme, como a dolência desta gente, que vive acocorada nas soleiras das portas, sob as copas das árvores, na beira das estradas ... onde haja uma nesga de sombra ... a qualquer hora !...

Dir-se-ia que África não vive, "modorra" ensonada, não esperando nada ... simplesmente !...



Anamar

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