quarta-feira, 10 de junho de 2015

" NEVER ENDING STORY "






Adiado ... está tudo adiado !
Neste momento, a minha vida, toda ela, tem o estranho adiamento de alimento em banho-maria.   De carne em fogo brando, que não torra e não coze ... mas também não fica crua.
Fica aquela coisa insalubre que não fede nem cheira ...

A minha vida neste momento é um túnel tão escuro, que por o ser, nem se lhe divisa o tamanho.
Nada é, nem deixa de ser.
Tudo está coberto pelas famigeradas "nieblas" de que já tanto falei, que me assustam, que me fecham o horizonte, me tolhem a visão, me embrulham o coração  a ponto de sufocá-lo, e me bloqueiam a mente.

Penso que circulo em roda livre.  Penso que circulo em piloto automático.
Penso que circulo aos encontrões , como robô mal comandado.
Penso que verdadeiramente, não circulo ... arrasto-me adorminhada, naquele estado entorpecente e atordoado de quem se levantou de noite mal dormida, acordado de supetão, sem saber onde está ou para onde vai !

Contudo, a sensação que me invade, e que pertence ao domínio do que se sente e não do que se consciencializa ( porque isso eu já não sou capaz de fazer ), é de pesadelo interminável, é de uma história em círculo, é de um jogo viciado que tem que continuar a ser jogado, é de chuva de Verão, que não dessedenta,  nem sequer refresca ou alivia ...
É como olhar pela janela do carro, com a chuva torrencial a cair impiedosa, e sem que o limpa pára-brisas dê vazão à limpeza ...

Estou acordada, mas em vigília permanente.
E nada mais desgastante para o ser humano, do que não visualizar  na sua vida, três palmos adiante.
Nada mais desgastante do que não conseguir estabelecer planos.  Não perceber o que se vai passar. Não ter mais metas a atingir.
Não poder definir objectivos, prioridades, caminhos ...
Não ter mais direito a sonhar !...

Porque o Homem move-se por objectivos, trabalha por objectivos ... e também vive por objectivos ...
Sem os ter, o Homem entra numa desistência comatosa, em que se desconstrói globalmente ...
E sem sonhos, o Homem deixa simplesmente de viver ... Morre lentamente ...
Mas primeiro apodrece ... vai apodrecendo !...

A incerteza, a dúvida, a angústia,  amarguram e esgotam ... depois revoltam, e depois ainda, anestesiam !
Mas anestesiam mortalmente, como o ansiolítico ou o anti-depressivo que se toma para se "ir levando", para "fazer de conta", para nos permitir olhar à nossa volta  com lentes especiais ... ou ainda como o "doping" milagroso,  que faz o atleta acreditar ter tido a admirável pujança que o projectou merecidamente ao pódium ...
Só que ... tudo de "mentirinha", de panaceia ... de penso rápido ... qual oxigénio que nos permite um último fôlego !...

E  então,  já estamos irreversivelmente a encolher os ombros ... porque já tudo é indiferente.
Não há mais força ... Não há mais vontade ... mais ânimo ... mais fé !
Não vale mais a pena !...

Anamar

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