segunda-feira, 7 de maio de 2018

" O PRIVILÉGIO SUPREMO "




Mais um primeiro domingo de Maio ...
Para as gerações actuais, mais um Dia da Mãe.  Para mim e para os da minha geração, acredito que um dia atípico, ao qual nunca aderi.  Desde os bancos da escola, o dia que homenageava as mães, sempre foi o 8 de Dezembro, feriado religioso que venera Nossa Senhora da Conceição, dita a Padroeira de Portugal, mãe de todos nós ...

Bem pequenita, já rabiscava uns desenhos numa folha de papel, que a minha professora dobrava cuidadosamente, engendrando um cartãozinho de felicitações para orgulhosamente lhe oferecer.
Curiosamente, ainda há pouco, ao mexer nos guardados da minha mãe, na casa que estou a desfazer, me encontrei com muitos destes postaizinhos, arquivados religiosamente por ela ... como se de verdadeiros tesouros se tratasse ...
E tantos anos já passaram !...

Por isso  ontem, por defesa pessoal minha, três semanas decorridas sobre a partida da minha mãe, procurei,  por maioria de razão, esquecer o dia que actualmente se comemorava ...

Mãe não tem dia, nem mês ... Mãe é todos os dias, desde que lançámos ao mundo uma criaturinha nascida e formada dentro de nós... com todo o amor com que a concebemos .
E desde então, sê-lo, é uma tarefa "non stop", para o bem e para o mal, em jornada permanente.
Sê-lo, é o maior privilégio de que um ser humano pode usufruir.  E esse privilégio é a bênção que só uma mulher pode experimentar !

A minha mãe foi, de facto, um ser ímpar.  Talvez todos digamos exactamente isto, àcerca da sua própria mãe. Admito-o.
Mas, comparo muitas vezes a pessoa que ela era, e a pessoa imperfeita e incompleta que eu sou.
Nunca conheci ninguém tão generoso, abnegado, disponível, com um espírito de sacrifício total em prol de  todos da pequena família que nós somos, fosse eu, sua única filha, fossem as netas, fossem os bisnetos ...
Nunca conheci ninguém que nos devotasse um amor tão imenso e incondicional, esquecendo-se de si própria e vivendo sempre para todos nós.
Nunca conheci ninguém  tão de bem com a vida, como ela, sem exigências, sempre aceitando o que aquela  lhe destinava.
Sempre viveu a felicidade e as alegrias, as realizações e os sucessos de todos.  Sempre se envolveu e esteve presente, nos momentos mais difíceis na vida de cada um.
Foi a pessoa que sempre, mesmo nos últimos tempos, quando a cabeça já não era clara a discernir o que a rodeava, mais se preocupava comigo ... com a minha saúde e as minhas inquietações ... E sempre me dizia : " a mim não escondes nada. Conheço-te desde pequenina"...
Eu sorria e completava : "desde que nasci, não é, mãe ?"...

E assim viveu  feliz, toda a sua longa vida, sentindo-se sempre um ser abençoado !

Ainda que não estando já fisicamente perto de nós, o desígnio imenso que o destino lhe imputou, jamais terminará.  Onde quer que esteja, continuará a sorrir e certamente velará por todos os que amou e ainda por cá continuam ...

Mãe, é  isto mesmo !!!...

Anamar

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