sexta-feira, 1 de junho de 2018

" DISSERTAÇÃO "



Escrever é um vício.
Escrever é uma terapia.
Escrever é transportar o sonho além do universo, num voo de ave sem limites.
Escrever é respirar, é saltar a fronteira, é rumar ao infinito.
É falar só comigo ou falar com os outros, e é acrescentar-lhes sonhos, aos sonhos que já detêm.
É chorar para dentro, sem barulho ou esgar.  É rir sem gargalhar, num silêncio por onde as palavras se passeiam.
Escrever traz-nos a alma ao peito e o coração aos lábios. Escrever dá-nos a leveza da borboleta saída do casulo.  Prende-nos às asas das gaivotas que não perguntam rumo. E deixa-nos ir com elas ...
Põe-nos nas mãos o pincel de Van Gogh e nos olhos a acutilância de Gageiro.
Escrever senta-nos ao piano com Beethoven.  Dança-nos com Strauss.
Traz-nos os cheiros incontáveis da fruta madura, dos musgos e das marés ...
Solta-nos o olhar, como o olhar  dos amantes na hora do clímax, quando a fusão os submerge no que não se descreve ... só se sente ...
Escrever é driblar a saudade e ao escrevê-la, exorcisá-la.
É trazer o que já foi ao que agora é, olhando o que será ...
Escrever é lembrar.  É arrancar os mortos ao silêncio do esquecimento, e torná-los vivos, num passe de mágica.
É trazer-me menina a mulher madura, beirando o Inverno da vida ...
É recriar-me.  Reinventar-me.  Tantas vezes quantas eu quiser.
E é dizer-me, só para os que me entendem ... baralhando e voltando a dar  o naipe das cartas, no jogo da vida !
Escrever é dar-me, na maneira mais pura que sei ...

Anamar

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