quarta-feira, 12 de maio de 2010

"A SUPER AVOZINHA..."




Não tenho por hábito, por muitas e variadas razões e convicções, expor na NET, aqui e noutros locais, fotos familiares ou pessoais.
Normalmente procuro aquilo que quero, em tantas hipóteses que a NET nos oferece, e sem que o objectivo seja plagiar (de forma nenhuma), completo ou ilustro o trabalho que quero fazer...
Também, refiro-me de alguma forma aos meus familiares mais chegados, porque fazem parte do meu quotidiano, quando, por esta ou outra razão , são motivo de referência.
Como sabem, este blogue é intimista, e como tal, ao escrevê-lo, sempre abstraio de tudo o que me rodeia;
Não é propriamente uma espécie de egocentrismo gratuito....até porque ninguém tem que "levar comigo"...é porque aqui, é mesmo o tal buraco do deserto, que se calhar todos precisaríamos ter, para gritar, rir, chorar....nós, e ele, o buraco....e ninguém a existir à nossa volta....

Bom, mas desta vez, eu trouxe aqui, pelo inusitado da coisa, uma foto pessoal mesmo, da minha mãe, a tal velhinha que contabiliza os tais 89 anos... (eu , não faço parte da história, apenas não tinha nenhuma foto onde ela estivesse só).
Já deixei ao longo deste blogue, aqui e ali, salpicos, do que é a personalidade da mulher com quem ainda hoje tenho a felicidade de repartir a minha vida, mas vou só acrescentar aqui e ali alguns pormenores, que mesmo conhecendo-a como conheço, me deixam o queixo cair...e levam a minha filha mais velha (o elemento que ela mais respeita na família....rsrsrs), a epitetá-la de "a super avozinha".... Senão, vejamos....

Eu casei muito novinha, dezanove anos (coisas das épocas), e o meu ex-marido, que na altura, já licenciado e a trabalhar, devido às vissicitudes da vida sempre viveu um pouco afastado dos próprios pais, foi, por assim dizer, "adoptado" por ela  (ainda éramos solteiros na altura), como o patinho feio, pretinho, no meio da ninhada amarelinha....

Foi, portanto ele, um filho,  e não o "tradicional" genro, (ele, aliás, trata-a ainda hoje,e apesar dos pesares, por "mãe"...),

Foram passando os anos, muitos, muitos anos...e o nosso divórcio aconteceu....

Tínhamos na altura uma vivenda, tradicionalmente de fins de semana, embora com todas as comodidades....
Implantada num jardim de mais de mil metros quadrados, vive rodeada de trepadeiras, relva, árvores e arbustos que florescem numa explosão de cores, espantosa. Tem uma piscina muito grande e tem sempre, como aqui já tenho dito a brincar....5x5 cm de terra onde a minha mãe, claro....tem que colocar uma sardinheira.

Eu acho que ela conversa com elas, enternece-se por cada botão, do borboto à flor aberta....enfim....

Isto para vos contar o quê?
Que, após a minha, felizmente já pacífica separação neste momento, com quem vos parece que a minha mãe decidiu ficar, para o melhor e para o pior, nesta vida?....
Pois é!  Deixou a sua casa fechada, onde muito pouco vem, "deixou" uma vida que seria certamente mais perto de mim, por ser na mesma localidade, e ficou com o "outro" filho, com as buganvíleas e as glicínias, com os noveleiros e as azáleas.......e claro.....com as suas sardinheiras!!!

Eu fico feliz por ela, pelo sol que ela apanha, pela alegria de se sentir útil e protectora (não esqueçam que ela é da época em que os filhos-homens eram imbecilizados pelas mães, no que toca aos trabalhos domésticos...), por cada ninho, cada melro, cada cuco que ela pode ouvir....e fico louca da vida quando me conta, pujante de energia : "Antes das seis e meia da manhã já estou na piscina" (onde molha as pernas até às coxas), fazendo aquilo a que ela chama de  hidro-ginástica para ajudar as articulações dos dois joelhos, que numa queda fracturou, já com oitenta e dois anos.
"Depois faço meia-hora de ginástica, aos ombros, aos braços, ao pescoço, e passo os rolamentos em madeira pelas costas, obrigando a coluna a ficar o mais direito que consegue, e os braços a irem para trás o que puderem...." Tomo então o meu duchinho quente, visto-me, e começo "a minha vida"!!!....Sim, porque eu quero cá estar com vocês ainda muito tempo!!!!....

Sempre conheci a minha mãe assim...."depressões"?...."papa-as" ao pequeno almoço....as suas rendinhas, os bordados quando ainda via bem, e o seu Sporting de que até a um treino assistiu e de cujos jogadores (no tempo do Augusto Inácio) tem autógrafos e dedicatórias carinhosas, e que agora grandes "dores de cabeça" lhe dá.....chegam-lhe para viver....

Agora digam-me: Com uma progenitora assim, com uma força destas, com uns genes que já não se fabricam....como é possível ter saído uma "pamonha" que nem eu???!!...

Anamar
                                 
                                

2 comentários:

Cláudia disse...

E é tudo verdade! A minha querida Super-Avózinha que , um dia, muita falta me vai fazer!!! E nenhuma de nós herdou umzinho daqueles super-genes...

Anónimo disse...

Lindas, sim senhor!

beij

Maria Romã