terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"CINZENTO IGUAL AO DIA..."

Nada há pior para mim, que precisar escrever, e como um limão seco, espremer, espremer e não sair nada, ou melhor, não me ocorrer nenhum assunto, nenhum tema que me fervilhe na mente, e no entanto...precisar escrever!

Outro dia ouvi da Susana e da Marina, que eu considero verdadeiras artistas plásticas, em matéria de pintura, a óleo, aguarelas, mas também gravura e não só (aliás a Marina tem trabalho reconhecido a nível do público em geral), que não se pinta quando se quer, mas sim quando a vontade e a inspiração brotam cá de dentro...

Eu sempre disse o mesmo, e não é que com isso eu tenha a pretensão de sequer pensar que o que escrevo tem algum valor. Só que, de facto, apesar de me ser uma necessidade vital, seria incapaz de o fazer por "encomenda", porque acho que não se escreve "a metro"...

Portanto, em dias como os de hoje, em que me sinto truncada dessa imaginação, começo a não respirar até ao fundo, como se me estivessem a sufocar e a retirar o tal "oxigénio" de que careço para viver.

Aliás o dia hoje começou mal.
Acordei à hora que deveria para ir para as actividades que iniciei. Iria ter Psicologia e Tai-Shi.
Levantei-me, de facto. Estava cinzento e chovia. Ouvia-se o vento a fustigar a janela do quarto.
Levantei-me e voltei a deitar-me, com aquele amargo de "dever" não cumprido, de ser "relapsa", ou melhor, começar demasiado cedo a ser "relapsa".

Argumentei para mim própria que o repouso seria útil para os meus rins, que de facto, andam a fazer-se "notar demais"...Embora talvez com alguma veracidade, é um pouco esfarrapada esta argumentação.
E dormi até ao meio dia quase, ou seja, eu igual a mim própria...no meu melhor!!!
Mas não quero culpabilizar-me excessivamente por isto...aliás, não devo...embora eu lide muito mal com o incumprimento do que quer que seja, habituada que fui a ver a vida sempre a sério...

Sentia-me um pouco "doída" do dia de ontem...como quem ressaca de algo que nos fez mal, deixando-me uma sensação de desconforto.
Quando me sinto assim, a minha tendência normal é recolher "à concha", espaço protector e isolado. Aqui, na concha, parece que até os "miolos" entram em hibernação e não pensam; não há lugar a emoções que doam, não há lugar ao desenterrar de sensações arquivadas.
Parece que tudo fica naquele silêncio e paz dormentes, que se experimentam, quando se entra numa igreja antiga e só, em que os passos ecoam no empedrado do chão, em que a luz é coada pelas rosáceas ou vitrais das paredes e em que nos encontramos connosco mesmos, se resolvermos sentar-nos por momentos, nos bancos corridos de madeira, cá atrás, olhando no vácuo todo aquele espaço imenso, aquelas abóbadas projectadas ao céu, aquelas colunas grandiosas...e em que ficamos até que o frio que normalmente ali se sente, comece a penetrar-nos excessivamente...

É como costumo chamar-lhe, uma paz quase uterina!

Como vêem, isto está pior ainda do que o tal limão seco de que vos falava no início; isto foi mesmo escrever ao correr da pena...Hoje, apenas tentei aliviar um pouco este barril de pólvora dentro de mim...Relevem! Os doidos têm destas coisas!!!!....

Fiquem bem!

Anamar

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