domingo, 13 de fevereiro de 2011

"RECOMEÇO"

Estou toda baralhada!

Tenho defendido acerrimamente que tudo quanto são recordações de pedaços de momentos da nossa vida, será o espólio que nos acompanhará e enriquecerá os nossos dias futuros.

Tenho defendido e eu própria sou uma "recolectora" de tudo o que pareça prolongar uma vivência, levar adiante um momento, "fixar" uma emoção, gravar um estado de alma.
Já vos disse que sou uma coleccionadora inveterada de fotos, bilhetes de cinema, pedrinhas da praia, ramos de arbustos, flores secas....guardanapos de papel...doentiamente coleccionadora, sempre na esperança de que cada um daqueles apontamentos, me traga os sons, os cheiros, as cores, as sensações a que esteve ligado.

É sempre um revisitar de anos que já foram e não são mais, de pessoas que já foram e não são mais....da pessoa que eu já fui e não sou mais...daquilo em que acreditei e constituíu um "bluff", das esperanças que tive e foram goradas...dos sonhos que sonhei e se esfumaram!...

E é um facto que o mexer e o remexer nessa amálgama, normalmente não me deixa feliz, nem confortável, nem sonhadora....porque de onírico, esse repositório pouco tem!

Ontem à noite, para queimar o resto das horas de mais um dia da contagem decrescente, e para evitar que o dormir excessivamente cedo me levasse a insónia certa e segura pelo meio da noite (quando já dormimos aparentemente o suficiente e estaríamos prontos a levantarmo-nos, não fossem horas normais de gente normal dormir...), estive a ver um filme na televisão.
Já nem guardo o nome da película, pois não teve interesse por demais.

Apenas o filme terminava com a seguinte frase, dita pelo actor principal (Jude Law), que foi a causa da minha reflexão/baralhação : "As memórias são a razão da infelicidade do homem! Se não houvesse memórias cada dia seria sempre um recomeço!..."

E agora? - pensei...em que é que ficamos?

Efectivamente, sabe Deus a perseguição que me é movida pelas memórias!!!....
Sabe Deus como tantas e tantas vezes fujo delas a sete pés!!!....
E sabe Deus, como por vezes daria jeito que de facto, cada dia pudesse ser um recomeço!!!....

Anamar

3 comentários:

Anónimo disse...

Não guardo muitos objectos que me possam lembrar coisas. Para mim as memórias só valem enquanto me estão na cabeça e no coração, depois disso não me servem. Excepção: fotografias, se bem que não olhe muito para elas, mas teria pena se um dia quisesse recordar, sobretudo, estádios na vida das pessoas de quem gosto e de nenhum modo o pudesse fazer.
Beijinhos

anamar disse...

Olá
Eu sempre guardei "tudo", numa afobação de medo da traição do esquecimento e da perda de referências.
Mas também concordo com a frase que referi, e me fez pensar; teria tudo mais simplificado na minha vida, se em cada dia encerrasse uma página do "livro", e no dia seguinte fosse em branco a página que me surgisse, por forma a poder continuar a escrever sem ter que "recapitular a matéria dada"!...
Um beijinho e obrigada por comentar
Anamar

Jonas disse...

Memorias.
Quantas vezes não somos traidos por elas?
Sim concordo consigo, todos os dias é uma pagina nova, folha em branco.
mas....
é preciso uma ferrea vontade, para ser diferente do passado, seja ele que tipo for. Por isso, penso que como tudo na vida se deve ser natural e reagir sem grandes pensamentos sobre o que é melhor, agir nesta questão por impulso, penso que sim