terça-feira, 11 de outubro de 2011

"PROCURANDO OS MEUS TRILHOS..."


Constato que o sol anda mais baixo...

A esta hora, aqui na minha mesa do PC, bem frente à minha janela, como já sobejamente vos contei....não me bate nos olhos, nem me inunda, como há tempos atrás.
A minha janela é cúmplice com este casario, sem expressão nem graça, de uma terra atípica, triste, despersonalizada....sem alma!
Isto porque, são tantas as almas que aqui vêm só dormir e lhe voltam costas diariamente rumo a Lisboa, que sobram apenas os utentes desocupados, das pracetas da vida!

Não há espaços verdes, não há pormenores que alindem, não há raízes que prendam as pessoas.
Esta terra, é cada vez mais, uma terra de passagem!

A minha gaivota às vezes vinha....desafiar-me por aqui.
Agora, nem rasto. Acho que anda equivocada, pelas falésias de mares ainda serenos, a pensar que a época balnear está instalada.
Este pseudo-verão, ensandwichado no Outono, é o que faz!

Nós próprios levamos uns dias estranhos, como se vestíssemos uma fatiota que não é bem a nossa medida!

Eu estou numa de contar os dias.
Breve vou viajar, mulher que sou sem terra ou mundo. Vou outra vez tirar a respiração bem até ao fundo, vou outra vez lavar os olhos e a alma.
Ao contrário de Earl Grant no seu "The end" (que postei anteriormente), para mim, o fim duma viagem é já o começo de outra, como as ondas na praia que desenrolam noutras que se aproximam...
Diz ele que no fim dum caminho não há mais para onde ir.
Os meus caminhos, como leque ou concertina, vão abrindo, abrindo, abrindo.....e sempre surge uma vereda que me transporta mais além.

Seguramente não vou repetir o que vi, pela simples razão, que tudo é mutável a cada instante, e o que se viveu não é mais o que vai viver-se...
Mas a riqueza a armazenar na alma e no coração é por certo exponencial  ao entusiasmo que já me domina.

E conto os dias, neste tempo que parece ter abrandado a marcha, na recta final que me vai levar para os lados do sol nascente, que eu amo de paixão!

Aquilo lá, "fala" muito a minha língua...
Aquele desprendimento pelo material, pelo supérfluo, pelo  que nos é tão "imprescindível" por aqui, toca bem cá dentro, tange-nos no mais profundo de nós mesmos...faz-nos parar, faz-nos meditar, faz-nos reflectir!
A beleza que transpira pelo céu, pelo mar, pelo sol que nasce e  se põe em cerimónia fulgurante, os verdes e a cor dispersa  das flores, pelos cantos... a música que só perpassa nos nossos ouvidos, em tímbalos dolentes e harmoniosos, são vitamina para a mente, bênção para o espírito

Vem-se forçosamente um ser melhor, mais completo, mais purificado, das terras do oriente!

Anamar

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