quarta-feira, 13 de agosto de 2014

" DOIS EM UM ..."



Há 41 anos experimentei pela primeira vez o privilégio da maternidade.  Há 13 anos, essa menina que então nasceu, teve também a mesma experiência.  O que significa que a Cláudia e o António Maria aniversariam hoje, 13 de Agosto.

Ela abriu o olho ao mundo pelas três horas de uma segunda feira cheia de sol ...  Ele, pela noite, não lembro qual o dia da semana.
Olhei para ela pela primeira vez nos meus braços, entrava o sol pela janela do quarto.
Era uma menina branquinha, loura ... frágil ... de porcelana ...
Era uma menina que irradiava a luz dessa tarde ensolarada.
E logo ali lhe chamei Cláudia, porque até hoje, ao soletrar o seu nome, ele me transmite sempre uma qualquer inexplicável sensação de luz e claridade ... de sol, que perdura.
Vá-se lá saber porquê !...

Dois leõezinhos de signo.  De coração clubístico também.  A isso, ele já estava predestinado.
Na tarde desse então 13 de Agosto, ainda na barriga da mãe, deve ter esboçado um sorriso malandro, ao "ver" que à sua chegada, tinha de plantão no berço, um leãozinho de peluche e um "mini-cachecol"do seu Sporting, comprados pela tia e madrinha, a Catarina, e colocados estrategicamente à sua cabeceira.
Não havia como fugir, portanto ...

E não fugiu.
O António é um fervoroso adepto do seu clube, e um judoca aplicado, tendo já praticado por lá, outras modalidades.
Transitou para o 8ºano e é um aluno de sucesso.  A Física e a Química já lhe caíram no currículo, e obviamente, mais por descargo de consciência, em vésperas de provas, lá vem o António para uma sabatina da matéria, que domina sem nenhum esforço.
As "ciências" estão-lhe no destino, seguramente, e sem erro.
É  um menino calmo, ou pelo menos tanto quanto o pode ser o mais velho de uma "equipa" de três, "em escadinha" ... 10 e 7 anos.
A viver uma pré-adolescência, com todas as dificuldades que a bendita "idade do armário" encerra, vai pisando dia após dia, um futuro que torço lhe seja feliz.

Desde muito tenra idade "vive" em trânsito entre Portugal e Genève, onde reside o pai.
Entregue às tripulações, começou cedo a "frequentar" o cockpit dos aviões e a maravilhar-se com os seus comandos.  Como seria de esperar, acalenta o sonho e a vontade de ser piloto um dia mais tarde.
É o ídolo da irmã, a menina que lhe vem a seguir, e a única rapariga.  E é o compincha de brincadeiras do Quico, o benjamim da família, outro leão, a aniversariar daqui a uma semana.

Arredada que estou dessas "lides", como protagonista que já fui enquanto mãe, agora nos bastidores, na linha mais atrás, tenho o distanciamento necessário e a isenção para observar o percurso do António, calmamente e sem as ansiedades que a posição de pais sempre acarreta.
E claro, tenho uma bonomia diferente da que tive com a mãe, uma tolerância e uma contemporização ... talvez mesmo uma compreensão mais alargada, para com as suas ainda infantilidades, desacertos e traquinices.  Porque obviamente os tem.

É então que me vejo a sorrir com enlevo e ternura, quando olho as primeiras fotografias ainda "naïves" mas já malandrecas das amiguinhas e colegas, quando percebo as primeiras turbulências emocionais que já o rondam, quando ausculto aquela típica vergonha que faz corar reveladoramente o seu rosto de criança ainda, se a irmã, por pirraça, diz que o António já tem uma namorada ...

É então que percebo como o tempo passou, como o tempo está a passar rápido ... como atrás de tempo, tempo vem.
E que agora é a sua vez, é o seu tempo ...  Eles que estão aí, a iniciar o trilho, a escalar as primeiras encostas íngremes, a ultrapassar os primeiros obstáculos que lhes cabe vencerem, e que nós, os da sua rectaguarda, apesar de muito os amarmos e protegermos, não podemos e não devemos suprimir-lhes.

É a vida !
A vida é esta calha rolante, que vai,  e que vai, e que vai ...
Os  protagonistas  vão  sendo  outros,  porque  os  lugares  vazios  sempre  serão  ocupados  pelos  que vêm  atrás ...



Anamar

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