sexta-feira, 13 de setembro de 2019

" AO SABOR DO SONHO ..."

     


Os dias já fazem diferença.  São agora sete e meia de uma tarde ensolarada de sol a pino e calor infernal, e o lusco-fusco já se anuncia.
Lá longe, o horizonte totalmente vermelho de fogo, prometendo a continuação de uma canícula fora de prazo, já escondeu o sol ... há algum tempo.
É bem verdade que daqui a dez dias o Outono está aí.  Mais um, de mais um ano que caminha em passo estugado para o seu fim.
Não tarda é Outubro, não tarda é Dezembro ... não tarda é Natal !  Bolas ... e foi-o ainda ontem !...

As aulas já começaram, as escolas já estão na azáfama habitual, dos miúdos, dos professores e claro, dos pais da criançada que inevitavelmente anda a reboque.
As férias, mesmo para os que as gozaram tardiamente, não têm já muito tempo útil para serem usufruídas.  De um momento para o outro, o tempo atmosférico vira inesperadamente.  Nunca se sabe quando nem porquê.
Em Portugal estamos com temperaturas bem acima dos 30º C, tradicionalmente impróprias para um Setembro a beirar o equinócio de Outono, e na vizinha Espanha, a zona de Valência foi surpreendida por chuvas torrenciais que já provocaram inclusive, perda de vidas humanas ...
Isto não se entende, cada vez mais somos surpreendidos com uma meteorologia louca, com manifestações inesperadas e assustadoras por incontroláveis, obviamente.
E o "outro" garante que alterações climáticas, são sonhos de mentes atontadas ... quando, atontado, alucinado, cretino e criminoso é o próprio !...

Os gelos derretem, as águas sobem, os furacões varrem os continentes, com intensidades inimagináveis, as espécies naturais entram em ruptura e posterior falência, por alteração dos seus habitats.  Há já muitas que se extinguiram do planeta que era a sua casa.
Há países de cota ao nível do mar que desaparecerão, bem antes do previsto, não há tanto tempo assim ...
O Homem maltrata e maltrata-se ...

E eu ... bom, eu  quero ir  ver as auroras boreais no Ártico ... Antes que se acabem ... nunca o sabemos ! Quero ir rever a vida dos samis, na sua terra.  Quero ir olhar, sentir, cheirar e nunca mais esquecer, o branco da Lapónia, o frio dos gelos que um dia, a breve prazo tudo leva a crer, deixarão de ser perpétuos.
Quero viajar puxada pelos huskies nos trenós, encosta abaixo, quero cheirar as coníferas, dos pinheiros aos abetos, os líquenes e os musgos, e ver as renas ruminantes à espera do Pai Natal !...
Quero por um cesto no braço e apanhar as bagas na floresta ... os mirtilos, os arandos, os morangos e as framboesas silvestres, os lingonberries e os cogumelos ...
E quero imaginar que para trás do que o horizonte me deixa, e onde a floresta se adensa e cerra, no negrume da noite e no silêncio absoluto, o uivo do lobo se fará ouvir ...
Quero mergulhar as mãos no gelo e senti-lo com o respeito que se tem por uma Natureza genuinamente simples e selvagem ...
Quero olhar o céu estrelado, escurecido de lua nova e extasiar-me com as "luzes do norte", que tenho esperança, se acendam para mim, inesquecivelmente !...

Se tiver saúde, vontade, e continuar a ser capaz de sonhar ... breve, breve, lá estarei !
Há sonhos, na vida, que devem mesmo ser realizados !  Afinal ... só temos uma ... não é ?...




Anamar

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