sábado, 20 de fevereiro de 2021

" ASSIM VAI O MUNDO ... E NÓS, TAMBÉM !"

 



Isto é um desatino total !

Saí da cama já ia para o meio-dia .  Também, esperava-me lá fora um dia de tempestade, e a chuva torrencial que caía, fazia-se ouvir claramente, mesmo no interior do meu quarto.
Aliás, fui "simpaticamente" alertada por sms da protecção civil, logo às nove da manhã !
Modernices !   Antigamente - enfim, não precisa ser muito antigamente - chovia no Inverno com toda a normalidade do mundo !  Aliás, o "anormal" seria não chover no Inverno.
Desde que inventaram a "patacoada" de dar nomes às depressões, chuvas mais intensas, ventos mais fortes ... enfim, às borrascas normais das estações que deveriam, contra tudo e contra todos, cumprirem o calendário ... dá nisto !  
O tempo e as "depressões",  que quase sempre, do lado do Atlântico nos ameaçam "à ganância" !....  😞😞
Simpatias e solidariedades com os humanos ( eu acho !... )😁😁  nós, que andamos todos esfrangalhados por aí, oscilando entre os Xanax, os Diazepans, os Valiuns, Lexotans ou quejandos ... ou, simplesmente, uma valerianazinha de um Valdispert, que como o Melhoral, não faz bem nem faz mal !!!...
Também há quem fique pelo chazinho de tília, que já a minha mãe me impingia em época de exames, porque relaxava e induzia o sono, ou seja, era tranquilizante.
Bom, isso era o que ela dizia .... 😏😏

Mas isto está tudo desarticulado, de facto !
Continuamos no regime apertado duma quarentena feroz, pelo menos para quem a cumpre.  
Os dias são iguais às noites e de novo iguais aos dias.  Já não há pachorra para aqueles "fait divers" da primeira quarentena, nos idos de Março de 2020, em que tudo era novidade, o medo imperava e a resistência humanamente possível, estava no seu auge.
Foi o tempo das trocas de cumprimentos, manhã, tarde e noite, o tempo dos vídeos p'ra rir, p'ra distrair, para aprender, para espairecer ... o tempo dos "passeios virtuais" a todos os lugares inimagináveis do mundo ... o tempo dos concertos online, dos espectáculos de toda a ordem, sempre e apenas com a telinha de permeio ...
Agora, o cansaço a todos os níveis, físico e psicológico, deixou-nos "nas lonas" e a apatia, a indiferença, o desinteresse e uma tendência talvez natural de deixar correr e de já estarmos por tudo, como "soi dizer-se", angustia-me bastante.
Com este confinamento, como seria de esperar, os números trágicos da pandemia, desceram para patamares mais aceitáveis.  O SNS pôde finalmente dar uma respirada, ainda ténue, contudo.
No entanto, com a saturação que nos domina, será espectável, será previsível ( ainda por cima conhecendo o povo português ), que quando o país reabra, embora com medidas de segurança determinadas, rapidamente se volte a cair no laxismo, no facilitismo e no disparate como aconteceu no Natal, de que pagamos a factura, até hoje !

Existe, de facto, uma depressão generalizada e quase já nem dela nos queixamos, o que de alguma forma, me preocupa mais.
A minha filha dizia-me há pouco : " sintoniza o canal das viagens ... sempre te distrais "
Apeteceu-me bater-lhe ... 😁😁  Só pode estar a brincar comigo !  Então eu que me sinto vilipendiada, extorquida, "assaltada à mão armada" mesmo, porque não posso pôr o pezinho num avião, porque não posso sequer quase ir até à esquina ... eu, em que metade de mim é sonho e a outra metade é invenção ... vou ser masoquista ao ponto de ver ao vivo e a cores os lugares onde quereria ir, os lugares para onde, sei lá se ainda vou poder ir ... os lugares para onde, sei lá se ainda vou ter tempo útil para ir ... saúde, vontade e dinheiro para o fazer ???!!!!  
E ficar muito feliz com isso ???!!!  Ora valha-me a santa !!!
P'ra me deprimir ainda mais ?!  P'ra me sentir mais  injustiçada pelo destino, porque nesta roleta russa que é a Vida, veio caír na minha geração, mais este "bilhete premiado" ??...
É dose !!!

Entretanto, quem me ler vai já dizer, ou já está mesmo a dizer ( como já mo disseram, a pensar que me animavam e era uma medida correctamente pedagógica de me atacar a nostalgia ... ) :  "Injustiça é estar numa cama de hospital ... injustiça é estar ligado a um ventilador ... injustiça é ter morrido com a peste que nos dizima !  Isso sim, é injustiça !"
E eu fico outra vez com vontade de bater em alguém ... Claro que tudo isso são motivos válidos e não pueris, do sentimento de injustiça e desgraça.  Tudo isso, será o que realmente importa !  
Mas bolas, tudo é relativo neste mundo ! É melhor ter casa do que ser um sem abrigo !  É melhor ter comida p'ra por na mesa e não precisar de recorrer aos bancos alimentares !  É melhor ter uns trocos no bolso, do que ir mendigar na porta de um supermercado ! 
Tudo isso é verdade, mas também tudo isso é demagógico !  Eu sei lá  o que o destino ainda me reserva ?!  Eu sei lá o que me espera no dia de amanhã, se neste momento conheço apenas o dia de hoje, e mal ?!  E também, porque não estou à espera de nenhum paraíso "post mortem" ( já que não sou católica ), o que me faz sentido é o que vivo, o que sinto, o que me alegra ou me entristece, aqui, enquanto vou acordando todos os dias ...
E também, porque sou humana e em consequência, saudavelmente imperfeita !!!
Será egoísmo ?  Egocentrismo ? Ou simplesmente idiotice ??  ( isto sou eu a pensar sozinha ... 😁😁)
Neste momento, também não me interessa rigorosamente nada !  Estou assim, e pronto ... cabotina, talvez !!!

Ando a reler tudo o que escrevi no ano tão particular que foi 2020.  
Com os meus textos, desde que iniciei este blogue em 2008, tenho feito livros, para que o registo fique em suporte de papel, para as minhas filhas, primeiro ... para os meus netos à posteriori.
Lendo-os, pode de facto, "ler-se" muita coisa sobre mim e sobre os tempos que atravessei.  Vou no vigésimo volume.
O encadernador que sempre mos tem feito, dizia-me este ano : "Vê-se bem que a senhora esteve confinada!"
Ao que lhe respondi : "Pela espessura do livro ... certo ?"
Na verdade, e voltando a desfiar a crónica quase diária que mantive, onde ia dando conta do que ocorria no país, na sociedade, no mundo ... sobretudo em mim ... fiquei agradada por tê-lo feito, pois à distância, e depois de tantos altos e baixos, com o distanciamento mais desapaixonado sobre as vivências, pode ver-se desenhada com alguma clareza e fiabilidade, a crónica duma época, que vivíamos, que vivemos e que continuamos a atravessar, com tudo o que ela enferma de dificuldades e toda a panóplia de sentimentos que, num mix meio louco, nos tomou e nos foi destruindo aos poucos !

Neste momento, já quase tudo se disse, já quase tudo se escalpelizou, se narrou, se explorou e se analisou, sobre tudo mesmo , de todos os ângulos e pontos de vista.
Neste momento nada já é inovador, eu diria que já só algumas / poucas coisas, serão notícia.

Penso que os dois grandes tópicos actuais,  que angustiam e / ou assombram as sociedades mundiais, serão, por um lado o angustiante surgimento de estirpes mutantes do vírus da Sars Cov2 ( que têm furado as redes sanitárias protectoras dos povos, que têm driblado os estudos, e obrigado os cientistas de todas áreas e convicções, a acelerarem ainda mais, face aos estudos e aos conhecimentos obtidos até agora ... numa real corrida contra a prejuízo ) 
e por outro, a morosidade acontecida, também contra o previsível, por incumprimento irresponsável dos compromissos das farmacêuticas, na distribuição atempada e pré-determinada das vacinas, e bem assim, algum atabalhoamento com avanços e recuos, nas estratégias prioritárias inicialmente definidas para as campanhas de vacinação.
Existem várias vacinas a circularem pelos diversos países, consoante também, as suas capacidades económicas, como era inevitável que acontecesse.  
Na União Europeia, a cota determinada para cada estado membro, parece ter sido robustecida em alguns casos, por compras directas irregulares, de quem tem dinheiro no bolso.
O Homem, sempre no seu melhor !!!
Depois, tem havido alguma confusão, geradora de maiores inseguranças.  
Assim, se a vacina surgiu como a "salvadora" do mundo, a "luz ao fundo do túnel" para o cidadão comum, eu diria que os dados sobre as mesmas não são geradores de tanta tranquilidade.
Primeiro, a informação sobre os graus de protecção desta e daquela e a sua capacidade de imunização, parecem ir oscilando ao longo do tempo.  
Depois, as determinações sobre as faixas etárias a beneficiar com a inoculação das mesmas, também têm sido passíveis de controvérsia. Por exemplo, a informação sobre a vacina de Oxford da AstraZeneca, que inicialmente fora desaconselhada para pessoas acima dos 65 anos, parece agora não ter fundamento, e neste momento até ser mesmo indicada para esta faixa etária.
Também, o conhecimento da capacidade neutralizante da eficácia das vacinas pelas novas estirpes do vírus que estão a surgir em velocidade de cruzeiro, está igualmente a implicar alguma apreensão e a exigir reformulações quer da respectiva concepção, quer nas dosagens adequadas a serem ministradas, potenciando de novo, mais insegurança nas populações.
Israel, o país com maior imunidade de grupo alcançada até este momento, mercê da eficácia da campanha de vacinação, acena agora com a criação de uma medicação no combate à Covid19, que parece surgir como eficaz.  
A concretizar-se esta informação, a cura da pandemia e sua eventual erradicação no mundo, poderia passar por uma terapêutica adequada, combatendo estes lobbies económicos das farmacêuticas, produtoras e competidoras das vacinas, que se digladiam nos milhões que estão escandalosamente a arrecadar em todo o planeta !

Teremos que aguardar ainda muito, certamente, até que haja clarificações seguras de todas estas questões !

Bom, não alongo mais esta já longa crónica, com a qual procurei fazer um balanço actualizado do estado das coisas, e claro, no meio delas, do meu estado de espírito, precário, débil, tíbio ...

Veremos se pelo menos amanhã, a Natureza nos favorece, para não termos que amanhecer repetindo : "Estou tão farta disto tudo !"...


Anamar

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