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domingo, 3 de julho de 2011

CONTINUANDO.....

DIA 2



Estou aqui num complexo de culpa desgraçado, porque o privilégio de que desfruto neste momento, me bafejou a mim, eu, que tão mal agradecida sou frequentemente, com a vida!

É já grande o rol de locais de paraíso na Terra, por onde passei, e este seguramente é um deles.
A natureza efectivamente organizou-se de tal forma, que não há um reparo a pôr, uma "reclamação" a fazer.
O céu e o mar misturam-se, apenas este mais intenso de cor...o verde dos coqueiros e das palmeiras despenteadas pelo vento que corre, as flores de matizado variado, os aromas particulares destas paragens, a simpatia das gentes calorosas no trato, e duma amabilidade extrema...

Acho que muitos dos serviços prestados em Portugal, na área da restauração, infelizmente, teriam muito a aprender com a discrição, a humildade, a solicitude, o jeito caloroso com que esta gente se excede para nos prestar tudo o que pagámos, sem dúvida....mas muito para lá do que o dinheiro compra...o podermos, numa terra estranha e tão longe de casa, sentir-nos "tão gente" como se no nosso próprio lar estivéssemos!

Nestas minhas fugas, a introspecção sempre se potencia, porque a paz é muita, o silêncio também, o facto de estar só e não ter com quem conversar e a ausência de telemóveis, sempre nos fazem sentir que afinal fechámos mesmo uma porta, pusemos o comutador no "off". E isso é realmente gratificante, isso motiva-nos para nos travestirmos de um outro "eu", mais solto, mais liberto, mais disponível a beber tudo o que nos cerca!


Neste meu "dia 2", até agora tudo perfeito!

Aliás, um único senão; uma "nuvenzinha" que paira na minha cabeça e no meu coração, motivada pelo estado de saúde da minha mãe, que não deixei bem, e que de longe me acresce em preocupação!
Esperemos que seja somente "passageira" e que com "o tempo se vá"!!...

Anamar     

CRÓNICAS DE "OUTRO MUNDO"

Regressei....bem vos disse que nada é mais volátil que o tempo!

Regressei e já me desabou o "mundo" em cima, feito um tractor, um ciclone ou uma onda gigante. Depois vos conto.
Para já, vou colocar aqui os "meus escritos" que pretendem traduzir-vos tudo quanto por lá senti, vivi, experimentei. Coloco-os obviamente pela ordem em que foram escritos.

DIA UM 


Um aeroporto é uma cidade dentro da cidade.

O aeroporto de Londres, talvez um dos maiores do Mundo, é um espectáculo indescritível!
A mistura de gentes, de rostos, de raças...as posturas dos que esperam, dos que passam e dos que correm, interessantíssimas.
Semblantes "negligés" de horas pela frente a queimar...semblantes stressados de horários a esgotarem-se e a porta que se busca ainda não encontrada...semblantes cansados de quem compõe o sono que falta, de horas de viagem já feitas e tantas pela frente a cumprir.

O ritmo alucinante é cá dentro, mas é igualmente nas pistas. Os aviões levantam e aterram ao ritmo do minuto. Fazem fila na pista de descolagem, aguardando vez.
Depois , depois é vê-los, na "rampa de lançamento", desafiadores dos céus!


Não cansa, nunca cansa olhá-los apenas. É como olhar o mar...parece igual, mas não o é!

Sentei-me junto às paredes totalmente envidraçadas da sala de embarque, perdida no tempo e no espaço.
Alheei-me do "brouhaha" que se sentia, recuei algum tempo na minha vida, em que também em Londres, assistira ao mesmo espectáculo, numa tarde de Agosto.
Perto, bem perto do aeroporto, lá estava também como nessa meteórica passagem, o Park Inn, hotel de uma noite, "debruçado" sobre as pistas.

Sempre estou  fadada a confrontar-me com pegadas na areia...sempre estou condenada a nunca conseguir ter memórias selectivas...sempre sou perseguida pelas marcas do caminho!...
Nesse Agosto era Sta. Lucia que me esperava...e um sonho afinal inacabado!!...

Anamar

domingo, 19 de junho de 2011

UM JARDIM DE "ATÉ BREVE"......

A horas de vos deixar...extremamente cansada hoje...não queria fechar a porta, sem que antes deixasse as minhas flores bem regadas.

O calor está aí a apertar...e elas afinal são o meu jardim de todos os dias!...


Por isso, a proteia do amor, o amor-perfeito da saudade, o ouro-sol do narciso, ou simplesmente a margarida singela da simplicidade...vão ficar com vocês como os meus beijos de afecto e  agradecimento por mais seis meses, os primeiros de 2011, passados espreitando-me, auscultando-me, comentando-me às vezes...
Mas seguramente sempre fazendo-me sentir, que aí desse lado há gente, há corações...há olhos que olham...mas sobretudo que vêem!....







Para vocês, um abraço. Fiquem bem!

Anamar   

quarta-feira, 15 de junho de 2011

"UM CASTELO DE PEDRAS..."

"Pedras no caminho?                                                 
Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…".    

                                      Fernando Pessoa

E estou no ir...

Dentro de dias, muito poucos,  vou apanhar mais umas "pedras do meu caminho".
Não estritamente no sentido de Pessoa, em que "pedras" poderão até ser obstáculos, dificuldades...turbulência...
Aqui, espero que o não sejam, mas sim novas e espectaculares vivências, novos céus e novos mares, outro vento que me despenteie o cabelo, sempre o cheiro dos trópicos a trespassar-me (amante que o sou), sempre o sol e o calor da água a aconchegarem-me, novos sorrisos, nova "luz" de rostos diferentes, mas que deixarão de o ser por passarem a ser meus...

 Repito-me...eu sei. Mas ainda assim é todo este "frisson" que já me perturba, e me faz as tais cócegas gostosas na barriga, me torna docemente ansiosa, curiosa, solta, mais menina!

Sendo doces e saborosas, espero, são contudo "pedras"....
Também as há adocicadas...
Afinal, aquela pedra onde  repousamos na beira da estrada, numa sombra abençoada, não tem que ser agreste...
Aquela pedra que a criança inventa de bola de futebol e com a qual estraga os sapatos da escola...é uma pedra "feliz"...
Aquela pedra atrás da qual nos escondemos no alto da serra para trocarmos aquele beijo de amor interminável que nos fará história, porque nos fez vida...é uma pedra de sonho e de esperança...
Aqueles penedos da Estrela, de Monsanto, do Gerês, de Marvão, de Monsaraz, de Óbidos...são pedras de existência...a nossa existência deixada por lá, para a eternidade...
A pedra onde, adolescentes, a ponta de canivete, talhámos aqueles dois corações entrelaçados com a seta do Cupido a juntá-los ainda mais, é pedra de esperança e de fé, porque então acreditamos que isso vai ser sempre assim...como poder ser de outra maneira???!!!...

Reparo que ando a escrever pouco.
Não sei se ainda aqui virei antes de partir. Na verdade ando um pouco "dispersa", um pouco "fora de mim", e fora de mim não ausculto o meu "dentro de mim", onde estão os tais "jardins proibidos"...nem para lhes abrir as cancelas e lhes capinar as ervas...nem para regar as trepadeiras...

Bom, prometo na volta contar-vos...contar-vos como foi...contar-vos como "fui"...contar-vos das expectativas que se cumpriram ou não...
Também vou trazer uma "pedrinha", mais uma...na bagagem.
Não deve ser a areia de Punta Cana, nem da Tailândia, nem das Maldivas...nem desse "meu" mundo... para o armário das memórias. Desta feita não há tantas "razões especiais" assim....
A vida surpreende-nos, contudo...

Pedras, pedrinhas...areia...com todas elas, como o MESTRE (um dos meus, senão o meu poeta preferido como homem...o homem que mais entendia de mulheres...)... seguramente farei o meu "castelo" !!...

Fiquem bem!

Anamar

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

""PURA VIDA..."

                                                                                                                 E cheguei.... 



















Se eu quisesse descrever a Costa Rica, faria um borrão verde num papel, pintava azul de um lado e outro e uma doçura nos rostos, que só conheci nestes países atravessados pelos trópicos.

Os homens, então, são particularmente amáveis e doces, de uma doçura e sensualidade quase irresistíveis!
A alegria, a leveza de vida, a inconsequência que paira é igual aos ritmos musicais que os acompanham quase vinte e quatro horas por dia. Começam o dia cantando e terminam-no cantando também...é realmente "pura vida"....o lema perfeito desta terra, saudação permanente entre as pessoas...os TICOS, assim chamados por ancestralmente, na sua linguagem, usarem os diminutivos sempre terminados em "tico".

Os cheiros adocicados, eu já os conheço, são os de sempre, os tropicais, inigualáveis em qualquer lugar do mundo, as cores, de todos os câmbios e tonalidades, os gritos, trinados, assobios, chilreios de todos os pássaros, começam mal o dia começa também, e este, começa muito cedo.
Antes das cinco da manhã já o dia se inicia, com sol ou com chuva.
Este ano tenho os gritos dos "monos" (macacos), bem perto do hotel, que pelas quatro da manhã já urram a anunciar um novo dia. Hoje, estavam particularmente barulhentos...dizem que anunciam a chuva que chega, e que de facto tem sido torrencial....

Não há "stress", não há afobação, não há esgotamento; as pessoas têm o que a terra dá e o mar carrega, não vivem em função dos bens de consumo, não se preocupam com

os bens materiais...têm  uma natureza pródiga à sua volta, e água, muita água por todo o lado; Caribe de um lado, Pacífico do outro, e muita, muita fauna e flora, inestimáveis (5% da biodiversidade mundial).
Este país, tão pequeno no mapa é um verdadeiro "pulmão" do Mundo, e penso que, felizmente, ainda não está muito divulgado....
É um país sem exército constituído, é um país cuja prioridade dos seus habitantes, todos eles, com ou sem formação, é o desenvolvimento, numa aposta de preservação total da generosidade do pedaço do planeta que habitam.
Há uma consciencialização comovente, de todas as pessoas, desde o motorista da "pick-up" que te transporta, ao biólogo que se mudou definitivamente para lá para estudar "in loco" a flora e a fauna existentes, pois todos têm uma noção muito clara, dos atropelos irreversíveis que estão sendo feitos ao planeta!

A Costa Rica não tem máquina fotográfica ou câmara de filmar que a enquadre...ela apenas pode ser transportada nos nossos corações e nas nossas mentes, para o resto da Vida!!....

Anamar

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"ECHOES IN THE GLEN"




"ECHOES IN THE GLEN" é um CD relaxante, de árias e baladas celtas.
É um tipo de música que a qualquer hora, mas em especial pela noite que se avizinha e em que se ouve apenas o teclado do computador, é particularmente grata.

"ECHOES IN THE GLEN" também não ficaria pleno, sem as imagens, tiradas da NET (infelizmente, na altura eu ainda não possuía máquina digital), do Pueblo espanhol onde em boa hora, adquiri o CD.
Sabem aquelas lojinhas dirigidas particularmente aos turistas, e onde se encontra sempre algo, grande ou pequeno, que se prenda com a região, com o meio, com a nossa visita, com os nossos acompanhantes?? "Echoes in the Glen" era música de fundo na loja...e "chamou-me"...

Pois é! Cada viagem é de "per si" um "momento" irrepetível, singular, inesquecível, único na vida das pessoas...Eu, pelo menos, sinto e penso assim.
Há "flashes", há palavras ditas, há risos e gargalhadas que nem a eternidade apaga...

Puebla é isso...é a eternidade gravada naquelas pedras, naquela calçada, naqueles balcões floridos, no ar que se respira em igrejas que vêm desde o Séc. XI.
Puebla é um convite à evasão, ao "deletar" do tempo, ao deixá-lo correr manso, sorvido, sugado...para que se entranhe debaixo da pele...porque uma vez entranhado, não há quem tire...

Estou a falar-vos de Puebla de Sanabria,(2005), bem pertinho de Portugal, a um passinho curto de Bragança, ali mesmo onde os Picos da Europa se espreguiçam e banham no maior lago de água doce do Mundo. O branco perene dos contornos dos picos (misturado com os verdes da erva tenra que apascenta o gado que por ali corta o silêncio com a música dos chocalhos, ou o balido descarado da cabra montez), leva-nos a esquecer que há mais mundo lá fora...

Hoje deu-me p'ro saudosismo, porque eu tenho a certeza que se morre sempre um bocadinho, por cada reprise que os circuitos cerebrais apaguem na nossa mente, já que a esclerose nunca a deixamos entrar no coração...

O CD que oiço agora, foi quase um momento mítico, vivido numa praça junto á Catedral de Santiago de Compostela, em que um quarteto de rua, fez parar, emocionou, "suspendeu" os passantes, ao tocar magistralmente, num silêncio que se gerou como se não pudesse profanar-se o momento, temas como "Aranjuez", "Ave Maria" de Schubert, "Adagio"... ou mesmo "Tears in heaven"...

E muito, muito mais haveria a lembrar, porque de facto há momentos mágicos na Vida, e são esses, que eu acredito, alimentarão um dia o que restar de nós...quando as ilusões, o crer, o sonho, já injustamente nos tiverem violentamente sido roubados!...

Anamar

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

"AOS PÉS DE UM GIGANTE"



Meia noite dada...jantar findo.

Por aqui, a brisa abençoada desce sobre o coqueiral, apaziguando os corpos ainda quentes de um sol tropical abrasador, em mais um dia terminado.

Os cheiros são agora mais intensos.
O "doce" exalado da flora local, penetra-nos.
Gotas de chuva caem esparsas de quando em quando. É uma chuva envergonhada desta vez.
Ela vem para refrescar e para manter esta humidade natural impregnada na vegetação.

A noite é de breu. O céu absolutamente escuro em fundo de estrelas coalhadas, como raramente se vê.
Dou por mim em busca da estrela polar, da ursa maior, da ursa menor...como nos meus tempos de menina.
Formulo um desejo por cada estrela cadente que rabisca o céu...

As sombras projectam-se por todo o lado. Os arruamentos do resort, despovoados, são mais adivinhados do que enxergados.
Vou caminhando, solta, sorvendo a fresca, deixando os cabelos em desalinho, o rosto a ser aspergido pelos borrifos lá do alto, a mente leve e rebelde, como um cavalo no prado...
Os ouvidos retêm os sons da noite...uma melopeia intensa e indefinida, numa orquestra consonante de todos os insectos e aves nocturnas, por certo aos milhares, que desde que o sol adormece, se anunciam.

O mar quebra manso nas rochas ou na areia da praia, agora silenciosa e escura, onde os perfis dos coqueiros e dos chapéus desgrenhados, de palma-cana, se recortam, quais esfinges sonolentas.

E sobre toda esta paz e esta calma idílica, a pique, vigilante, adormecida até que o sol nascente a desperte, a sombra do "gigante"... imponente e grandiosa, a "Petit Piton" (o gigante de dois mil e quatrocentos metros), estática, atravessa imemorialmente os tempos, imperturbável e majestosa!...

Anamar

sábado, 22 de agosto de 2009

"ENTRE O MICRO E O MACRO..."





Uma das magias que as Caraíbas têm, é a capacidade de num piscar de olhos, nos oferecerem um sol que impiedosamente nos fustiga até à alma, seguido de uma chuva tropical abençoada e envolvente.

Foi assim hoje.

Um céu com nuvens encasteladas, o calor do sol a atravessá-las forte, as cores das Pitons de um verde menos contrastante por isso mesmo, abraçados os seus cumes pelo "algodão" que plana mais abaixo...até o vermelho das acácias, provocador, não tão flamejante como antes...e repentinamente, como em surpresa, as bagas grossas de chuva tropical, aquela chuva que não deixa dúvidas de que o é, "despencam" fortes e ininterruptas, de um céu que se tornou uniformemente plúmbeo.

A praia, subitamente deserta...

Por que será que as pessoas sempre fogem da chuva?
Aqui, não consigo entender. Dou por mim a pensar que danos me fará esta água purificada, solta do céu, sem obstáculos que a detenham a não ser as ramagens dos coqueiros ou os chapéus de sol, sabiamente "tecidos" em palma-cana seca para o efeito??!!...

Deixei-me ficar, encarando o céu, bem de baixo, olhando uma Piton, que vista assim, se agiganta mais e mais, ouvindo a voz dos pássaros na mata, inquietos com o ribombar profundo e estrondoso de um trovão de quando em vez, nesta baía desenhada, escutando o silêncio que se instalou nas gentes, oferecendo cada centímetro da minha pele, provocadoramente desnuda, a esta chuva generosa e quente, pedindo que ela pudesse inundar-me de paz até à alma...

É mágica mesmo, quase mística, inalcançável como num santuário, a espécie de vida "suspensa" que por aqui se definiu...momentos de evasão, de interioridade, de simbiose com a Natureza, em que nos sentimos apenas e só, mais um insignificante grão da areia desta praia...

Anamar

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"O PARAÍSO AFINAL EXISTE !..."

 
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Vale das Pitons...

Um vale perdido entre dois imponentes rochedos, de dois mil e seiscentos e dois mil e quatrocentos metros, "plantados" no Mar das Caraíbas...

Estou a falar de Sta.Lucia...Vale das Pitons...lá, onde o paraíso marcou encontro com a Terra.
Não tem descrição este lugar.
Aliás, não haveria palavras no dicionário dos Homens, que descrevessem as cores, os sons, os cheiros, as sensações que aqui se experimentam.

Só me ocorre dizer, que Deus realmente aqui "entornou a sua caixa das tintas"...
 
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A generosidade da natureza exuberante, prodigaliza um contexto de paz, de intimismo, de sonho, absolutamente indescritível!
A cor esmeralda de uma água rasteira, a morrer docemente na areia, a transparência que nos deixa mergulhar em si os olhos até ao fundo, a chuva apaziguadora que alterna sabiamente com um sol abrasador...
o adocicado dos cheiros tropicais da floresta luxuriante, em mistura com o pipilar, os trinados, o grasnar das mais variadas aves que convivem bem de perto com os humanos...
o sol, feito um borrão aceso de luz meio difusa, a pôr-se...
fazem-me crer que sou uma privilegiada, porque não morrerei, sem ter visto este "milagre"!!...

Anamar
 
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segunda-feira, 6 de julho de 2009

"DESCULPEM QUALQUER COISINHA"!...



Não ando com pedalada p'ra estas coisas...

Não ando nem com inspiração para escrever nada, porque, dá-me ideia, olho mas não vejo, ou seja, a bem dizer, ando um pouco "robotizada" no meio da multidão.
Não sei se é cansaço, desmotivação, descrer ou a remota sensação dentro de mim, que caracol, "eremita" ou avestruz, me serviriam na perfeição ser, para ficar "out" neste mundo de não valer a pena...

Talvez seja só cansaço mesmo, na recta final de mais um ano de trabalho a "esbaldar-se" em trabalhos em catadupa, cerca de um mês que me falta para as almejadas férias.

E por férias mesmo, me ocorreu escrever estas insípidas linhas que aqui deixo.
Podia chamar-lhes "as férias dos portugueses", "o sonho possível" ou "o pesadelo vivido"...qualquer coisa que há muito já não constatava ocorrer e que lembra o meu tempo de mocinha, nas primeiras idas à praia em autonomia paterna, inserida no grupo de amigos.

Ora bem...De que falo mesmo??

Neste sábado, ao regressar do pequeno almoço no Escudeiro, e porque a minha praceta é zona de interface de autocarros para os mais diversos destinos, deparei-me com um cenário que me é de facto familiar, mas de que já não dava conta há muitos anos.
Filas e filas de famílias inteiras, roupas reduzidas, chapéus ou bonés nas cabeças, sobretudo dos putos logo de manhã já ligados a "pilhas", chapéus de sol debaixo dos braços ou ao ombro do "chefe da orquestra", e geleiras nas mãos, certamente bem aviadas. Pelo menos, o ar derreado com que aqueles que as transportavam exibiam, assim o fazia supor...

Para além disso, o semblante afobado, a correria, a agitação e a "algarviada" que por ali se ouvia, deixavam adivinhar a ansiedade da chegada às areias, a pressa de mergulhar o pé na água fria ou o desespero da perda de mais uns raios de sol, até que os areais da Caparica, da Torre ou de Algés, fossem alcançados.

Os portugueses a fazerem as "férias da crise"...
Os portugueses a fazerem de conta que as Caraíbas, os Brasis ou as Maldivas estavam por ali, à mão de semear, no desenho que a imaginação lhes emprestava...
Os portugueses, sem "cheta" nos bolsos, depois de um ano de trabalho, a fazerem de conta que estão felizes com as férias de que os acharam merecedores...

Que importa que seja p'ra lá de tempo o itinerário de ida, e p'ra lá de tempo o itinerário de vinda (mais penoso ainda pelo esfalfanço, pelos escaldões na ânsia do "bronze", pelas criancinhas que já não regressam pelo seu pé e são jogadas nos ombros...)?!...
Que importa que o "bandulho" tenha sido cheio de sandwiches e mais sandwiches, croquetes, sumóis e trinaranjus, "bjecas" e uns iogurtezinhos...porque qualquer vitualha numa esplanada está p'las horas da morte?!...
Que importa que amanhã a odisseia recomece e que os dias se esvaiam rápido, anunciando o fim das "férias"...Que ao chegar a casa ainda se vá fazer a janta, mesmo que o corpo suplique cama?!...
...se este é o sonho que nos é permitido sonhar, se este é o luxo que nos é permitido usufruir, ou se este é o "pesadelo" que nos foi destinado, porque somos pobres, porque somos este povo acomodado e paciente, porque nascemos neste bairro económico, somos filhos desta turba que não sabe o que são remunerações milionárias, cúmulo de pensões chorudas, "offshores" ou coisas no género!!...

Menos mau que temos este sol, este céu azul, este marzão e esta costa pródiga...e deles ainda não nos cobram impostos!!...

Anamar

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"THE LAST PARADISE"

GALERIA DE FOTOS





































Optei por oferecer-vos algo que fala por si só...a visualização destas imagens, que dispensaria demais comentários.
Chamei-lhe ou chamam-lhe, "the last paradise", porque efectivamente de um paraíso se trata, um dos últimos a existirem ainda, precariamente, neste nosso planeta.

As Maldivas, pois das Maldivas se trata, é um fim de mundo, como se sabe, lá pelo Oceano Índico, mar de águas quentes, zona tropical, abençoada por uma natureza exuberante de cheiros, cores, sons...a dia e meio de aviões, escalas, transferes, aeroportos... e muito cansaço a fustigar-nos...
Mas de facto, não há cansaço que perdure quando se chega, quando se fecha a porta a este mundo que por cá deixámos e quando se abre "às escâncaras", aquela janela sem horizonte que a limite, e o mar, o céu, o sol, a cor mescla dos verdes com os ouros, com os azuis, com os violetas, com os laranjas de fogo ou a prata espelhada nas águas generosas, nos inundam, nos extasiam, nos tolhem em palavras e gestos, que não sejam de contemplação, de êxtase, de paz...

Lá, Deus, ou o "arquitecto", como lhe chamo, gastou todas as nuances, todos os tons, todas as tintas da palete, e pintou, desenhou e bordou até ao infinito, o alcançável pelos nossos incrédulos olhos.
Lá, eu vi os mais extraordinários quanto indescritíveis, nasceres e pôres de sol...
Lá, eu tive de um lado o sol a espreguiçar-se p'ra dormir...e do outro, uma lua imponente de cheia, a subir no rosa-arroxeado de mais um fim de dia...
Lá, eu vi os céus jorrarem torrentes de água generosamente abençoada, a mitigar as temperaturas da fogueira solar...
E vi depois, em minutos posteriores, tudo regressar ao braseiro inicial...com os cheiros mais apurados, mais adocicados, mais intensos ainda...

E sob as águas de turqueza translúcido, vi o multicolor que não se traduz, de corais, de peixes que nadam connosco, de tubarões bébés ou raias que roçam os nossos pés. Vi o colorido das anémonas, dos roxos aos vermelhos, vi as grutas talhadas pelas marés nos recifes, guarida de espécies pertencentes a um outro mundo de paz e silêncios, de sol coado que penetra, porque as águas são baixas...
Um mundo enigmático, fascinante, misterioso, que nos deixa horas esquecidas por ali mesmo... E nessas horas, o real desaparece milagrosamente e não há mais nada...somos só nós, outros filhos da natureza, procurando miscigenar-nos com aquele milagre...

As Maldivas têm uma "presunção de vida" apenas de cerca de cinquenta anos.
Os ecologistas, os cientistas, todos os homens de ciência sabem, que confluem factores aceleradamente, potenciadores do desaparecimento das ilhas.
O aquecimento global no planeta, a fusão dos gelos das calotes polares, trará uma subida do nível das águas que submergirá este paraíso.

(O crime ecológico não tem de facto, parança. Recordemos a propósito, o último drama ocorrido há escassos dias, com os alpinistas do Mont Blanc (Alpes Franceses) apanhados numa violentíssima inesperada derrocada...)

Aliás, a este propósito, está celebrado já um acordo tácito com o governo do Sri Lanka, para a deslocação e realojamento das populações.
Os maldivianos sabem do seu destino, e como se de um determinismo de vida se tratasse, aceitam a ideia com alguma naturalidade, como uma inevitabilidade já em curso e impossível de estancar...
Um povo, que o foi e muito, massacrado pelo tsunami de que todos guardamos triste memória, tem agora pela frente o agonizar do seu próprio destino, sem revolta, sem desespero, com aquela mornidão de águas calmas e vida mansa, sem exigências, sem raivas, como se não percebesse que é o próprio Mundo de que faz parte, que está dia após dia a ler-lhe a sua terrífica, injusta e desumana sentença...

Anamar