Será um blogue escrito com a aleatoriedade da aleatoriedade das emoções de cada momento... É de mim, para todos, mas também para ninguém... É feito de amor, com o amor que nutro pela escrita...
domingo, 7 de março de 2021
" E NÃO MAIS ... "
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
" INQUIETUDE "
Estou sentada frente à janela, com o casario desinteressante e monótono estendido até ao horizonte, com um céu uniforme, cinzento e fechado em abóboda desconfortável por cima, e as árvores divisadas aqui e ali, totalmente despidas da folhagem.
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
" IN MEMORIAM "
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
" CANSAÇO "
Lido cada vez pior com a perda ... perda de pessoas, perda de afectos, de rotinas ... de Vida !
Sinto em mim, o medo que eu imagino deva sentir o antílope solitário, na savana africana. A luta desigual contra um inimigo que por vezes não vê, apenas pressente, mas sabe estar lá ... por ali, de tocaia, à espera do momento de "dar o bote"...
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
" O MELHOR PRESENTE DE NATAL "
Estamos a dois dias do Natal.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
" ILUSÕES ... "
Não sei porquê, ou talvez o pressinta ...
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
"COMO PREITO DE GRATIDÃO"
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
" DESTINO ... "
E o Pedro partiu ...
O Pedro, a quem dediquei este escrito em Março de 2017, era, como na dedicatória lhe disse, "amigão de tertúlias vadias" !
Era Março do ano em que, menos de dois meses depois, eu publicaria o meu único livro ... de poesia. Comigo, desde a primeira hora, estiveram o Pedro e a Lena, num trio apostado na entreajuda, na dialéctica, na partilha de ideias, no incentivo, no entusiasmo e na aposta, e que foi vital para o não esmorecimento ou desistência que, de quando em vez me assaltavam ...
A sua alegria era a minha alegria, a sua confiança era a minha confiança !
Conversámos muito, rimos muito, cumpliciámos também, entre meio a algumas confidencialidades trocadas.
O " Leão da Gago Coutinho" ( a rua onde nascera e vivera desde sempre, aqui na cidade da Amadora ) torcia pelo seu Sporting até debaixo de água !
Era um desportista nato. Foi um praticante de várias modalidades, e um orientador de camadas jovens. Foi seguramente um apaixonado pela vida, que viveu intensamente, numa espiral de emoções e de experiências, nas múltiplas histórias que "escreveu" ...
Agora, o Pedro cansou. Cansou desta vida que na verdade não era mais vida. Cansou de uma realidade da qual já se excluíra faz tempo. Cansou do cinzentismo de dias que o jogaram entre quatro paredes, na solidão mais absoluta e no silêncio mais devastador. A sua realidade nada já tinha que ver com a realidade que o confrontava no mundo cá fora !
A sua mente apagou-se. O seu caminho tornou-se num túnel sem saída e sem luz... a sua estrada, numa estrada sem rumo ou escapatória. O destino traçado, demasiado duro e pedregoso !
O Pedro não quis mais !
E foi embora, de mansinho, sorrateiramente, sem avisos ou sinais ...
Ou não lhos souberam ler ... não sei !
Estará noutra dimensão, olhando de lá a pequenez do ser humano que lhe negou um espaço de vida e de afecto, um espaço de amor, de conforto e de carinho ! Um espaço na família que o ignorou e não teve capacidade para o acolher, sobretudo quando a demência que o tomou, lhe retirou todas as capacidades de autonomia e defesa.
O Pedro morreu só e anónimo, como sós e anónimos foram os últimos tempos da sua conturbada existência !
Que possa agora ter paz !!!
Anamar
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
" PORQUE É DIA DE FESTEJAR ... "
domingo, 16 de agosto de 2020
" SENSAÇÕES, EMOÇÕES E REFLEXÕES ... "
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
" HOJE É DIA "...
NÃO PODIA DEIXAR DE VOS DIZER ...
Já escrevi um livro, já plantei uma árvore ... já fiz um filho !...
Posso então morrer - diz a frase sábia !
Há 47 anos, num 13 de Agosto ensolarado e quente, pus uma filha no mundo.
28 anos depois, num 13 de Agosto igualmente ensolarado e quente, ela pôs um filho no mundo. Ou seja, há 19 anos, eu tornei-me mãe duas vezes !
Quando alguém nasce de nós, fica-nos assim no peito, um misto de sentimentos e emoções, que não entendemos direito, que não sabemos direito, que nem imaginamos sequer ...
Quando uma extensão de nós desponta, é um deslumbramento ímpar que nos adoça a alma, como um milagre a operar-se nos nossos braços ... É um enlevo que nem acreditamos merecido. Mas é também um susto e uma ânsia, porque sabemos que nunca as nossas asas serão suficientemente grandes, para lhe dar a protecção, o amparo e o ninho, que a vida tantas vezes experimentará roubar-lhe ...
Quando alguém nos procede, é a reinvenção de nós mesmos, que a existência nos deita no cólo. É o garante de estrada continuada. E sempre esperamos que ela seja mais luminosa, generosa e feliz, que a nossa própria ... São os nossos valores, as nossas convicções, aquilo em que acreditamos e por que lutámos, que caminham ... que queremos passar adiante !...Mas são também os nossos sonhos, as nossas esperanças e as nossas apostas, reeditados nesse filho ...
Por isso hoje, noutro 13 de Agosto ainda ensolarado e quente, eu deixo aqui o meu beijo do tamanho do mundo, à Cláudia e ao António, grata que sou, por eles serem quem são, na minha vida !...
PARABÉNS Cláudia !!! PARABÉNS António !!!
As mais recentes que consegui ! ( cerca de um ano atrás )
Anamar
domingo, 9 de agosto de 2020
" QUANDO O SONO NÃO NOS ACOLHE ..."
Pouco passa das 6 horas de mais uma madrugada de domingo, de um Agosto quente e pardacento.
Desde as quatro que rebolo na cama, desde as quatro que vagueio pelo Google em busca de informação. Talvez compreenda melhor agora, quem, perante uma situação concreta, uma dúvida ou muitas dúvidas importantes, angústias instaladas, busca de respostas para miríades de perguntas que nos assaltam, tenta, com os meios de que felizmente dispomos, obter explicações, informações ... orientações objectivas que possam trazer tranquilidade ao espírito, algum sossego ao coração.
Lá fora começa a clarear. Não é bem azul, não é bem laranja, não é bem neblina, a faixa que se desenha lá ao fundo, para os lados de Sintra ... para os lados do mar ... tão longe daqui ! O sol ainda não acordou !...
Sempre condenei quem procura caminhos ou soluções nos artigos avulsos, descontextualizados, que proliferam naquele poço sem fundo que é a internet. Sempre me insurgi e entendi ser absurdo, disparatado e asnático fazê-lo. E é-o de facto, primordialmente se se buscam esclarecimentos, caminhos, respostas, soluções para problemas relacionados com a nossa saúde, leigos que somos no que a ela concerne. E ainda que não sejamos iletrados ou totalmente desconhecedores até mesmo de alguma linguagem e terminologia científica ... não queira "o sapateiro tocar rabecão!"...
A paz não nos chega por ali. O coração não se aquieta por lá. A cabeça não pára, nem o sufoco nos afoga menos depois disso !
A pequenez humana, a desprotecção, a vulnerabilidade em que nos sentimos largados ( quando objectivamente consciencializamos que a única coisa que realmente importa é a saúde, nossa e dos nossos ), tornam-se claras, e reduzem a poeira insignificante todos os tormentos existenciais, todos os "imensos" problemas de ordem prática "insuperáveis", "insanáveis" e "inultrapassáveis" que nos massacravam, todas as dúvidas sem cujas respostas não sabíamos aparentemente viver, todos os medos e fantasmas imaginários que nos assaltavam e todas as insatisfações "dramáticas" que nos consumiam ... Tudo isso fica, de facto, incrivelmente ridículo !
E tudo isso parece ficar infinitamente pequeno, face ao infinitamente grande que é o ter que enfrentar o balanço de maré batida repentino nas nossas vidas, que vogavam em águas conhecidas, que se faziam entre parâmetros expectáveis, com variáveis controladas ... e ter que encarar de repente, inesperadamente, do nada e na tocaia da emboscada, a dúvida, a angústia do desconhecido que espreita e ameaça, a ansiedade que a escuridão da noite avoluma em travesseiros que não se tornam os melhores conselheiros ... o medo do que virá, do que nos espera na próxima esquina ... o medo real ... muito além de nós. Pelos nossos !
De facto, quando o chão nos foge debaixo dos pés, quando não depende do nosso querer, do nosso empenho ou esforço a resolução das questões que oscilam entre a saúde e a doença, entre a vida e a morte ... quando de gigantes nos tornamos pigmeus na aleatoriedade da existência, é que percebemos como não passamos de meros peões neste jogo de xadrês que é a Vida !
Faz-me tanta falta aqui a força da minha mãe, a coragem face à adversidade, aquela sensação de asa protectora que aninhava, que cobria, que defendia ... aquela sabedoria de mulher simples, mas velha, experiente e doce !...
E depois há o silêncio ... a força torturante do silêncio ...
Há quantos meses eu vivo em silêncio ? Há quantos dias eu falo comigo mesma, olho os gatos que, esses sim, apreciam pairar quase só ... e não desmancho de nenhuma forma o nó sufocante que me aperta por dentro ?!
E depois o silêncio que gera silêncios, no desábito de falarmos ... na habituação à ausência de sons e de sinais de vida entre estas quatro paredes ... Solidão ...
Estou totalmente desestruturada, desmantelada emocionalmente. Estou sem armas, sem resistências, sem nós e sem âncoras ... e isso assusta-me, isso inquieta-me, isso tira-me o equilíbrio que me importa para continuar à tona ... isso, apavora-me ... Esse auto-controle que me escapou por entre os dedos, gera-me exactamente esse sentimento inquietante ... pavor !
Cansaço ... um cansaço atroz que já só desperta lágrimas desobedientes e inoportunas, por tudo e por nada. Um sentimento assumido de nada valer a pena. Uma inércia que me tolhe, me paralisa e não me deixa dar um passo ... nem que seja em busca de ajuda ... nem que seja em busca de palavras ... nem que seja em busca de gente ...
Não sei. Não sei mais nada ! Só sei que estou morta por dentro ... isso sim !
Anamar
terça-feira, 28 de julho de 2020
" MEMÓRIAS IDAS ... "
Aquela casa não é aquela casa ...
E ainda bem que "esta" casa não é a casa que era !
Respirei fundo, cumpri o horário e atrevi-me. Não fazia ideia de como me saíria de uma visita inesperada, ilógica e desajustada no tempo.
O tempo ... de Covid19, é um tempo impensável p'ra visitas em casa de quem quer que seja, menos ainda em casa de pessoas que não nos são propriamente familiares ou de relações próximas. Visitas, configuram mesmo um certo abuso ... eu acho .
Mas passo a explicar:
A casa dos meus pais, nos últimos quase trinta anos a casa "da minha mãe" apenas ... era um rés-do-chão alto, como se dizia, que estreámos, acabadinho de fazer, quando, recém-chegados do meu Alentejo, de Évora, meu berço de coração, rumámos à capital por razões profissionais do meu pai.
Corria então o ano de 1963.
E lá se fez toda a minha história.
De lá saí p'ra casar, de lá parti para Luanda onde vivi dois anos, cumprindo também eu a "comissão militar" do meu marido, alferes miliciano ali destacado.
P'ra lá entrei com a minha filha mais velha nos braços, chegada da clínica, com horas de vida.
De lá vi o meu pai rumar ao hospital, sem retorno ... no que foi o meu primeiro grande desgosto na vida.
De lá saí para a casa definitiva onde ainda vivo até hoje, embora o cordão umbilical nunca tivesse sido cortado.
Aquela casa foi pois, a casa de família ... o berço, o ninho, o aconchego.
Todos os dias transpunha a soleira daquela porta. Todos os dias desejava as boas noites à minha mãe, quando pelas sete horas, debruçada na janela, com o Gaspar ao lado, se despedia de mim, antes das minhas aulas, já que o liceu nos ficava em caminho.
Todos os dias, quando dobrava a esquina, a ouvia descer a persiana, porque a noite se avizinhava e para ela eram quase horas de recolhimento.
Aquela casa assistiu ao crescimento das minhas filhas. Ficando logisticamente no triângulo entre o meu liceu, a escola preparatória da mais velha e a primária da mais nova, era estrategicamente o pólo de apoio a nós três, na hora do almoço.
Vínhamos chegando, contando as novidades, conversando, rindo e claro ... acelerando a minha mãe, mercê da fome que já se fazia sentir.
" Avó ... cheira bem ! O que é hoje ? " " Meninas, mãos lavadas e mesa ... parem da corrimaça ! " " Cláudia ... chega ! Catarina, pára ... olhem que ainda partem alguma coisa ! "...
" Como foi a escola ? "... " Recebeste algum teste, Cláudia? "...
E era assim !... E foi assim ... muitos anos. Todos os possíveis !!!...
Depois, a vida desmanchou-se. Como se desmancham as vidas das pessoas.
Pelas mais variadas razões, aquela casa foi-se despovoando ... Até o Gaspar ( a quem só faltava falar, dizia a dona ... ), partiu um dia.
As persianas desceram definitivamente, as plantas foram definhando, pois já não era mais a dona que as cuidava ... os estendais ficaram inúteis, o silêncio e as sombras foram-se instalando ... a ausência de vida passou a morar por ali ...
Até ao dia em que inevitavelmente me coube a mim franquear de novo a porta da rua, agora no sentido do exterior ... definitivamente, jurara eu.
Mas a vida tem ironias, tem "arapucas" difíceis de entender. Tem desafios que talvez seja útil encarar de frente. Tem feridas que por vezes criam crostas apenas superficiais, e que removendo-as de vez, abrem hipóteses para uma cicatrização objectiva e plena.
A actual inquilina daquele espaço é uma antiga aluna minha, uma miúda que vi crescer ali, no segundo andar do mesmo prédio.
A casa foi para obras de fundo tanto quanto me apercebi, como careceria um andar que pouca manutenção tivera desde a construção. A senhoria verbalizara-mo, quando lhe devolvi em definitivo as chaves.
Passei uma vez junto às janelas ... abertas, por via das obras. Olhei longamente o que conseguia divisar. Um operário perguntou-me se queria entrar para ver. Declinei, enquanto as lágrimas me escorriam. "Foi a casa de toda a minha vida ... Não quero entrar, não !"
O tempo passou. A minha mãe já partiu há mais de dois anos.
Ontem, a Sandra disse-me "professora, faço gosto em que veja a minha casa e como ela ficou depois de toda uma vida ser a vossa casa ..."
Não pude recusar. Eu queria e não queria. Buscava ( como se ali estivesse ) toda a história que ali vivi. Parecia que naquelas paredes estava indelevelmente tactuada a presença dos meus pais, o som das suas vozes, o ruído dos seus passos. Tinha a certeza ( e isso enchia-me o coração de uma esperança vã ... quase de uma alegria mitigadora), que olhar aquele espaço seria uma regeneração de um passado que se tornaria presente outra vez ... Como se isso pudesse acontecer !... Como se milagres existissem ...
Não fazia ideia de como me saíria de uma visita inesperada, ilógica e desajustada no tempo.
Mas ... respirei fundo, cumpri o horário e atrevi-me ...
Aquela casa não é aquela casa ...
E ainda bem que "esta" casa não é a casa que era !...
Anamar
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
" ESTA, SOU EU !... "
A tarde fechou cor de fogo, iluminando, como se de luz acesa se tratasse, todo o firmamento. Promete-se continuação deste tempo bem favorável, depois de dias fortemente gravosos para muita gente, com inundações e cheias desgovernadas e ventos ciclónicos destruidores.
Mas hoje, a amenidade do dia e a doçura da claridade envolvente, tornou-o absolutamente fantástico ! Um dia "brutalmente" belo, vocábulo indistintamente aplicado, nos modismos da linguagem actual ...
Invenções que as pessoas usam ... expressões sobre cuja acuidade nos interrogamos ...
Mas nada disto é importante. O que verdadeiramente me importou, foi poder saborear da minha caminhada em paz, num deleite absoluto, usufruindo-me no silêncio da mata.
É espantoso como lá, tanta coisa eu me falo, eu me interrogo, eu analiso, eu esclareço ... eu decido. Isto, no silêncio total, apenas bordejado pelo trinado dos pássaros, que de galho em galho se mostram felizes e quase primaveris.
É de facto um tempo e um espaço de privilégio, indevassável por gente, por ruídos, pelas coisas maçantes do dia a dia, que sempre ficam portões afora, da Quinta Nova de Queluz ...
As ideias aclaram-se-me, as dúvidas parecem dissipar-se, as soluções surgem-me com a logicidade de questões desembrulhadas subitamente de véus, que pareciam demasiado espessos ...
E eu por ali vou, conversando a meia voz e aconchegando-me com toda a maravilha que a Natureza nos disponibiliza.
As azedas atapetam e florescem tão cerradamente as encostas ao sol, que parecem musgos fofos no presépio do Natal. As árvores de folha caduca, espreguiçam os ramos despidos em direcção ao céu, e têm uma beleza esfíngica sonolenta e mágica ...
Tenho um amigo, com quem aliás farei a passagem de 19 para 20, cuja vida está presa por fios ténues e quase invisíveis. Padece há alguns anos de uma doença terminal muitíssimo grave.
Alentejano que é, com a força, a tenacidade e o querer que quase sempre nos povoa a alma e o corpo, nunca se entregou à sentença que lhe foi lida, rejubilando, quando a brincar dizia já ter ultrapassado há muito, o "prazo de validade" ...
Nos últimos tempos, a sua já muito acentuada debilidade agravou-se muito significativamente, e hoje, há poucos dias, foi totalmente desenganado, clinicamente falando, sendo que se mantém, apenas à custa de transfusões de sangue, face à comprovada ineficácia de toda a terapêutica desesperadamente tentada.
Dessa forma, procuram garantir-lhe paliativamente ainda, o mínimo de resistência e sobrevivência.
Pelas veredas da mata, no meio de toda a exuberância de uma Natureza generosa e em visível renovação, não consegui alhear-me da situação do Vicente.
Químico como eu, um pouco mais velho, colega da velhinha Faculdade de Ciências da Politécnica, é uma pessoa pragmática, positiva, lutadora, bem disposta apesar de a vida não lhe ter sido muito favorável ...
Parece aceitar com alguma paz e conciliação, o que o futuro curto ou longo, lhe poderá oferecer ...
Pediu que a passagem do ano fosse em sua casa, rodeando-se de alguns, poucos amigos ... os amigos de toda a vida ... os amigos certos ...
Desconheço se o entende como uma espécie de despedida ...
Não sei o que vai dentro da sua cabeça e do seu coração. O Vicente chegou à minha vida há muito pouco tempo, não mais que três anos ... através de outros companheiros comuns.
Não o conheço, portanto, em profundidade. Tento apenas meter-me na sua pele. E pergunto-me : se fosse comigo, será que eu aceitaria com a bonomia que ele exibe, tudo aquilo que se perspectiva para o resto dos dias que lhe forem concedidos ?
Será que eu ia ter a placidez da aceitação e do desapego, com a paz e a tranquilidade possíveis ?
Será que eu não sucumbiria ao desespero, à raiva, à injustiça, à dor e à mágoa, por me tirarem daqui à força, com a insensibilidade imposta da partida, com a indiferença de coisa decidida, sem que eu pudesse opinar nada em meu benefício, face à prepotência da morte ?
Será que eu aceitaria que a Natureza esmagadoramente bela, continuasse igualmente pujante e generosa, a enfeitar-se, a sorrir, a acender dias luminosos e doces , convidativos ao sonho, à esperança, à VIDA ... indiferente ao grão de poeira que de facto somos ?
É um acinte, um descaso, uma provocação, um absurdo ... termos que partir com tanto sol, tanto verde, tanta perfeição lá fora, à nossa volta !...
Entretanto as últimas horas de 2019 estão a esgotar-se. E essa ampulheta que esvazia, angustia-me, ainda que eu queira fazer de conta que tudo não passa de um ardil criado pelos humanos para balizar, fatiar, segmentar esse monstro a que chamamos tempo ...
Como se não fosse tudo infinitamente mais simples se desconhecêssemos essa famigerada contagem !...
Não nos preocuparíamos se passou mais uma semana, um mês ... um ano ... Se estamos nesta ou naquela idade ... se se aproxima expectavelmente o fim da linha ou não ... se teremos ou não, teoricamente, ainda muita estrada por andar ...
Seríamos como os animais, como as plantas, que apenas aceitam e vivem ...
Recebem cada dia que desponta, percebem os Verões, os Invernos, os ciclos biológicos ... o desenrolar puro e simples dos destinos ... assim, simplesmente ...
Sobrevivem apenas, com a felicidade de existirem e de se continuarem ... não mais !...
Estou atontada, como percebem. Rir-se-ão por certo, de tanta inconsequência e patetice. Nos últimos tempos, desatei a ver a vida com uma carga que considero mais realista, contudo mais negativa, que me torna ansiosa, que me faz pensar, que me tirou a despreocupação defendida, do "carpe diem", correcto e assertivo, que as pessoas perseguem.
Devem estar certas, seguramente. Eu percebo claramente que estão certas, e que é estupidamente martirizante, ver as coisas de outra forma ... Para quê ?... Mas ...
FELIZ 2020 para os meus leitores, com ou sem rosto !
Sempre grata, prometo ir continuando por aqui, com todas as minhas inquietações, dúvidas, realizações, alegrias e tristezas !!! Afinal, ESTA sou eu !
Anamar
sábado, 10 de agosto de 2019
" E HOJE, FOI !..."
Passei há pouco nas traseiras da casa onde os meus pais viveram cinquenta e muitos anos, onde eu vivi uma parte significativa da minha vida.
Eu sabia que seria exactamente assim ... e hoje foi !
A minha mãe partiu há relativamente pouco tempo. A casa, que era alugada, foi inevitavelmente entregue à senhoria. Entretanto encerrou para obras, bem depois. Fecharam-se as persianas, as portas, e tudo adormeceu por lá ...
Eu sabia que nela voltaria a viver gente. Eu sabia que um dia os estores seriam subidos. Eu sabia que as vidraças se abririam e que nos estendais, outra roupa voaria na aragem ...
Eu sabia ...
Sempre pensei, quando pela tardinha, no acesso às aulas ela me esperava na janela, com o seu inseparável Gaspar ao lado, debruçado no parapeito, feito gente ... para me dar dois dedos de conversa com que o dia encerraria, e o adeus final até que eu me afastasse e dobrasse a esquina ... sempre pensei, dizia, que um dia, que nessa altura me parecia infinitamente distante ainda, nunca mais nada disso ocorreria, e que apenas na memória do meu coração, essas imagens desfilariam com absoluta nitidez .
E então eu pensava : O que sentirei nesse dia ? Como reagirei nesse dia ? Como será confrontar-me com uma evidência expectável, mas assustadora dentro de mim ?
E depois ... procurava rapidamente afastar esses pensamentos, como se, afastando-os, afastasse toda e qualquer hipótese da sua confirmação. E seguia para o liceu ...
Hoje, assim do nada, passando no carro e alongando como sempre o olhar para as janelas, levei como que um soco no estômago, e de imediato as lágrimas me turvaram o olhar ...
Lá estava outra roupa voejando na brisa da tarde ...
Tal qual eu imaginara. Tal qual eu o antecipara, sem o querer, no meu espírito ... anos atrás ...
Mas ela também estava lá, que eu vi. O cabelo branquinho, a capinha de malha azul nas costas, nos dias mais frios, o Gaspar de olhos perspicazes e vivaços, com os bigodes respeitáveis na branquidão do pêlo, abanando o rabo pela felicidade da festa que eu sempre lhe fazia ... estavam tão, mas tão nítidos, que passei a vê-los a eles ... e não àquela roupa que parecia querer meter-se onde não lhe era devido ...
E senti uma espécie de traição do destino. Uma espécie de usurpação e invasão do alheio. Uma espécie de coisa inaceitável ... intolerável, mesmo ...
Afinal, aquela casa, era aquela casa. Tinha as cores, os cheiros e as vozes que por lá ficaram. Nunca poderia ser de outrém ! Nunca poderá ser de outrém !
Eles é que não sabem ... mas na hora do sossego, quando parece haver silêncio naquele espaço, é tudo mentira ... Estão os meus pais sentados em torno da mesa, está a correria das minhas filhas recém-chegadas das escolas ... está o cheirinho dos joaquinzinhos bem fritos com o arroz de tomate convenientemente malandrinho ... estão as farófias fresquinhas no frigorífico, estão os sons das vozes, de todos, as gargalhadas e os ralhetes, numa miscelânea bem audível ... Os móveis estão arrumados, as plantas, na cozinha, viçosas de bem cuidadas, as molduras com as fotografias de eventos felizes espalhadas nas cómodas ...
Porque aquela casa, era aquela casa ... e são as pessoas e as histórias ... são as alegrias e os sofrimentos, é o tempo que desenha as vidas, que faz as casas ...
E aquela, era NOSSA !...
Anamar
quinta-feira, 11 de abril de 2019
" QUASE LOGO "
Foi assim naquela madrugada ...
Saíste de mansinho, sem ruído, nos bicos dos pés e um sorriso no rosto, tenho a certeza.
Não havia necessidade de acordar ninguém ... até porque já nos despedíramos vezes sem conta, na certeza do reencontro ... um dia ... quase logo ...
Porque tudo é efémero e o tempo dos Homens é o que menos importa ... Esvai-se num suspiro !
Estavas cansada da caminhada ... que eu também sei, e afinal acabava de cumprir-se o ciclo, naquela madrugada.
Nesse dia chegaras e nesse dia haverias de partir. Desígnios do insondável e do karma que carregamos. Está escrito. Desde sempre está escrito !
E agora, mãe, que já passou um ano, quero festejar contigo outra vez, o teu aniversário.
Quero ver-te de novo com o sorriso maroto com que apagavas as velas, com que fingias enfadar-te com mais uma foto, com a felicidade de teres os teus ... os nossos, à tua volta.
Agora que passeias pelos jardins dos nenúfares, das flores de lótus, dos pássaros nas ramagens ... solta como uma menina descalça que brinca de novo ... quero dar-te um outro beijo envolto no código de afecto e de saudade, que nós duas sempre conhecemos ...
A vida é isto, mãe !
Lá por onde andas, nas madrugadas iluminadas por sol de Primavera ... no espaço sidéreo de estrelas encantadas, aguarda-me em paz, pois um destes dias, voltaremos a ver-nos. É quase logo ...
Até lá, continuas dentro de mim, e serás eterna, porque sempre o são, todos aqueles que não esquecemos ...
E tenho saudades, mãe ... infinitas saudades !...
terça-feira, 30 de outubro de 2018
" EM MODO SOPA DE LETRAS ... "
Não escrevo há meio mês.
Estou naquela onda de penumbra de alma, de torpor de vontade, de cansaço sem tom nem jeito. Uma onda que me inunda e leva adiante toda a alegria de vida, que me deixa letárgica, melancólica, doce e silenciosamente sonhadora, como os gatos ao sol, nas soleiras.
E sol é o que não há. Mudaram-me a hora e escureceram-me os meus ocasos lá longe, neste horizonte que agora some bem cedo. Arrefeceram-me repentinamente os dias e as noites também, remetendo-me ao "ninho" donde custo a sair, cada vez mais. Estou a começar a ficar embiocada como as velhas se embiocam nos lenços negros, aos postigos, no meu Alentejo.
Encomprido o pensamento, remexo nas memórias, esquadrinho as vontades. E concluo que precisava de entrar dentro de um "shaker" qualquer, para que, em ritmo de lambada, os miolos se agitassem, se agilizassem e saíssem deste torpor atontado em que mergulho. Ou seja ... ficassem prestáveis.
Estou totalmente "outonada", entrando que estamos no famigerado mês de Novembro, mês carrasco e desanimador para mim. No calendário está quase a cumprir-se mais uma data da minha chegada a este mundo, este ano mais pobre e mais triste ... sem a minha mãe comigo.
Neste momento o meu estado de amorfismo não enfileira ideias, não organiza sequer frases ou assuntos de que quisesse falar.
A mente divaga cá e lá, o pensamento voeja inquieto, como borboleta de flor em flor no auge da Primavera.
Há um atropelo de sensações, um engarrafamento de emoções e uma confusão de barata tonta em hora de ponta.
Sufoco-me com o que me atravessa, e se o quisesse ordenar, seriar, ou se calhar entender ... daria uma sopa de letras ininteligível ... até para mim mesma, creio.
Tantas perguntas que se fazem, com tantas respostas que não se dão. Tantas dúvidas a serem clareadas, com uma manhã de nevoeiro teimosamente cerrado, em frente.
E o cansaço ... um cansaço desanimador remete-me a esta indiferença aparente, face à escorrência dos dias, face ao decurso das semanas, face ao desenrolar da vida ... que acontece, aqui mesmo, bem debaixo do meu nariz !
E experimento uma angústia existencial, p'ra variar, que quereria verdadeiramente entender.
Experimento um desassossego, que umas vezes é angústia, outras ansiedade, outras insatisfação ... desconforto. Mas que me nauseia e mareia, como barquinho solto no mar alto, em meio de onda agitada e vento sem norte.
E os dias passam e balanço, balanço sem rumo, para cá, para lá ... como um passageiro numa gare, sem ainda ter definido o itinerário a fazer, a composição a tomar. Desconfortavelmente indiferente, contudo.
Como se lhe fosse aleatório um destino, para norte ou para sul, pela simples razão de que em nenhuma das estações terminais existe quem o espere, ou um objectivo interessante a cumprir ...
Bom, este meu escrito de hoje, é de uma irrelevância atroz.
É imagem clara do meu estado de espírito, e uma tentativa de aliviar a pressão da válvula.
Argumento para mim mesma ter um passado recente, emocionalmente agressivo e excessivamente longo e desgastante, do qual talvez não tenha conseguido recuperar-me ainda.
A sua vivência pôs-me frente aos olhos, um sentido da existência, nu e cru, assustador. Porém real, objectivo. Desencantatório. Precário.
Quando os pais nos partem, avançamos inevitavelmente um passo. Sentimo-nos na "calha", ocupando o lugar que logicamente nos é destinável. E talvez por isso, se questione com muito maior acuidade, o sentido de tudo, o que foi e o que é. Talvez por isso, se valore com maior realismo e desassombração, o sentido que demos / damos, ao percurso que palmilhamos dia após dia, às lutas que travamos, ao peso do valer ou não a pena ... ao significado, afinal irrisório, de tanta coisa com que nos digladiámos ... com que nos exaurimos ...
E "invernamos" por dentro ... sei-o bem !
Anamar
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
" PORQUE HOJE É O DIA ... "
Hoje é "aquele dia" !...
O Kiko, o puto mais novo dos meus três primeiros netos, aniversaria. Como epílogo daquela odisseia que já referi vezes sem conta, de ter três nascidos neste famigerado mês de Agosto, abrangendo mãe e dois dos filhos, o Kiko fez-se à pista, há exactamente 11 anos.
Era um dia tão quente quanto hoje e vejo-me sentada na sala de espera do hospital, plena hora de almoço, à espera que o rapaz se resolvesse .
Resolveu-se para felicidade de todos, pois este menino é, de facto, uma bênção nas nossas vidas.
Já falei tanto dele que não é possível ter um pingo de originalidade naquilo que possa escrever ...
Se o quiséssemos definir, diríamos que já nasceu a sorrir, que já trazia no coração um saco repleto de doçura, que a boa disposição, a alegria e a meiguice, são a sua imagem de marca.
O Kiko vive rodeado de uma infinitude de amigos. De crianças a adultos, toda a gente adopta o Kiko ... simplesmente porque o Kiko adopta afinal toda a gente.
É um miúdo safo, extrovertido ... totalmente desenrascado ! Stress é palavra que não conhece, em nenhuma circunstância !...
É o que na escola resolve todas as questões que lhe surgem, sem perturbações. O que sem nenhuma ajuda em casa, enfrenta os desafios que se lhe apresentam, enfim ... a autonomia também faz parte da sua personalidade.
É disponível, generoso e solidário.
Aprendeu desde sempre, que a partilha, a divisão de tarefas, a entreajuda, são sinónimo de uma vida mais equilibrada, simples e feliz.
Fechou o pelotão dos três. Nasceu mais solto, desinibido, descarado e com um diabrete à solta dentro de si.
Longe fisicamente, telefonei-lhe há pouco, para o felicitar.
Não posso dar-lhe hoje, nem receber dele aquele abracinho doce com que me envolve quando nos vemos ...
Perguntei-lhe então, como se sentia com tanta idade ... Gargalhou ... simplesmente ...
Esse é o Kiko, o meu "menino light" !...
Por isso, Kiko, desejo-te um dia supimpa, ainda mais cheio de emoções fortes, peripécias giras e boa disposição, como são todos aqueles em que estás por perto !
Aqui de longe envio-te beijinhos com todo o meu amor ... e não esqueças de guardar uma fatia de bolo p'ra mim, que sou "aquela coisa" ... tu sabes ! 😄😄💕
Anamar
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
" NÃO PODERIA SER INDOLOR ... "
Tempos loucos estes, que o planeta atravessa, e com ele, nós todos, perguntando-nos porquê?
Por que estaremos todos, de uma forma absurda e irracional, a pagar uma factura desmedida do que não fizemos?
Por que razão continua esta Terra a ser regida por loucos e irresponsáveis, que colocam exclusivamente interesses materiais, pessoais e outros, escusos e inomináveis, em relação aos quais, o cidadão comum é total e irremediavelmente impotente ?!
É que atravessamos em Portugal, país de clima mediterrânico e temperado, generoso e abençoado por excelência, temperaturas que subiram em muitos lugares a valores da ordem dos 45ºC !...
O ar é irrespirável, a insalubridade deste estado de coisas restringe a capacidade de se levar a vida adiante com o mínimo de normalidade, já que nada disto é normal ...
Não nos mexemos. Arrastamo-nos.
O torpor sonolento que nos invade, reduz aos mínimos toda a actividade. Não temos parança em lugar nenhum, já que em todos se sufoca.
E por essa Europa fora, tudo se passa mais ou menos da mesma forma. Temperaturas igualmente absurdas em locais que não as experienciam nunca. Gelos em fusão nos pólos. Avalanches, cheias e furacões inesperados. Fogos devastadores e incontroláveis, semeando desgraça e dor ...
Em suma, um planeta a morrer às mãos dos seus próprios habitantes ... muito antes do que os estudos científicos vaticinavam ... Muito antes dos alucinados imbecis à solta, perceberem que nada disto é ficção científica, infelizmente ! ...
Não é de loucos ?!
Eu estou em "modo hibernação" ... a bem dizer.
Redução de toda a entropia aos mínimos, para poupança de energia.
Os miolos a funcionarem p'raí a cinquenta por cento, só. Uma "lanzeira" que só vista !...
Resolvi, ainda assim, levar a cabo tarefas de arrumação que urgiam ... Parece-me auto-flagelo ... será ?!
Com o encerramento da casa dos meus pais, com a dissolução do seu recheio para que a mesma possa ser entregue à proprietária, uma infinitude de coisas inalienáveis, "caíu" na minha, já de si cheia que nem um ovo.
Um verdadeiro drama, olhar para tudo aquilo e ser incapaz de definir prioridades. Uma angústia dos infernos, decidir o que ascende ainda assim a espaços nobres na minha casa, o que "ascende", na verdadeira acepção da palavra, à arrecadação no terraço do prédio ... ou o que descende directo ao contentor do lixo ...
Um drama, até conseguir consensos de alma !...
E num misto de angústia, irritação e impotência, culminadas por uma sanha de "para grandes males, grandes remédios" ... na busca desesperada de soluções de espaços ... resolvi tomar uma opção irrevogável que fora adiada anos e anos, na espera de melhores dias, paciência e complacência, que haveria um dia de chegar ... eu achava.
Assim, resolvi enfrentar com determinação e coragem, todo o espólio a que fizera largos anos " olhos de carneiro mal morto" ... os dossiers, as pastas com a preparação de aulas, os infinitos testes de avaliação varrendo todos os curricula, as micas para retroprojecção, as fichas de revisão de matérias dadas, esquemas e mais esquemas em acetato, na busca da simplificação e da clareza ... em suma ... toda a história da minha vida profissional, as centenas e centenas de páginas, manuscritas, impressas, fotocopiadas ... num ápice repousaram no "papelão" mais próximo de casa ...
Inapelavelmente ... numa tentativa de operação indolor ... num esforço de distanciamento e relativização das coisas ... despojando-as, como ando a treinar o meu coração e a mente há alguns meses, de emoções, de afectos, de nostalgias e mágoas ... despindo-as de todo um conteúdo imbuído de sentimentos e memórias ...
E assim, a frio ... apesar dos 42ºC lá fora ... consegui dar descanso eterno a toda uma "vida" ... a minha, que se estendeu a bem mais de trinta anos de história ...
Esvaziei o armário, arranjei espaço devoluto ... limpei o "lixo" adiado ... quilos e quilos de Química e de Física , metros e metros de informação e trabalho ... toneladas de esperança, sonho e aposta ... juventude, dedicação, entrega e esforço ...
E esvaziei-me por dentro ... também ...
Nunca supus que doesse tanto !...
Anamar